quarta-feira, 30 de março de 2011

A camioneta a encher e eu a partir

Hoje vai ser a despedida final.
A camioneta está a encher com os electrodomésticos, alguns móveis, computadores, plasmas, etc.
A querida Maria cá está para levar os objetos sensíveis e fazer o grande favor de levar o Fernando que tem que ir para Leiria ainda hoje. Se calhar terá que vir outra camioneta mais pequena porque os caixotes são perto de 300.
Adeus Parede, estou arrasada.

terça-feira, 29 de março de 2011

Amanhã vai a 3ª. camioneta e última para Lisboa. Ainda há tanta coisa para ir...

A casa de Lisboa está completamente feita num ovo. Hoje conseguimos arrumar os livros todos para desimpedir espaço e caixotes para amanhã irem os outros livros, quadros, loiça, roupa, etc.
Obrigada Maria pela tua generosidade, todos os dias a vir-me buscar para eu seguir a camioneta com o carro cheio de coisas que se podiam partir, obrigada Marta pela grande ajuda, trabalhaste tanto. Já temos o dístico da Emel para ter parqueamento gratuito e foste tu que o conseguiste. Obrigada Isabel por dares de jantar aos três durante quinze dias enquanto arrumamos a casa e pomos o chão novo da cozinha. Já temos gás e podemos tomar um banho quente no dia 30. Obrigada Sr. Manuel que tem dormido 4 a 5 horas por dia para nós termos a casa pronta das muitas obras que são necessárias fazer, obrigada D. Ana pela limpeza de um chão que estava negro e agora está limpo e bonito. Obrigada rapazes que fazem a mudança e que têm dado o máximo. Obrigada a todos, sem a partilha e a ajuda dos amigos nos momentos que são precisos, mesmo que o trabalho seja duro e cansativo é uma dádiva. Obrigada Maria porque eu não te pedi nada foste tu que apareceste sempre, és daquelas que não dizes só «eu gosto muito de ti», mas na prática demonstras. Obrigada a todos que me ajudaram neste ou naquele pormenor, como os meus cunhados que alugaram as camionetas (5) para Alpiarça. Esta mudança terá 8 camionetas, é obra e eu estou tão cansada pois quinta feira ainda tenho que partir para o Alentejo para a 7ª. semana de curso, o livro dos Bombeiros para acabar, o projeto do Norte e as aulas na faculdade, tenho de abrandar e juro que vou tratar de mim e fazer projetos de outro teor e procurar opções alternativas. Obrigada a todos. Obrigada à Bilocas que ajudou no que podia e sabia.
Dia 30 vou dormir a Lisboa, é amanhã o meu primeiro dia na nova casa e o primeiro dia do resto da minha vida. Volto ao berço Natal e a Windy vai conhecer uma outra forma de vida, mas vai ter muitos passeios, acompanhada das minhas netas e neto.
Agora posso dizer, adeus Parede, bom dia Lisboa. Não digo para sempre Lisboa, porque comigo nada é definitivo, mas neste momento estou muito feliz.

domingo, 27 de março de 2011

Esta mudança mudou muito a minha vida...


Esta mudança fez-me repensar toda a minha vida. Esta mudança posso dizer que foi uma catarse. Ao mexer nos papéis de todo um longo caminho, mexe-se igualmente na nossa própria existência. Tenho de rever muito os meus objetivos e lidar com o quotidiano de uma forma diferente. Tenho de colocar mais racionalidade aos meus gestos e atitudes. Tenho de pensar em mim, tratar de mim e se fizer algum sacrifício intenso terá que ser pelas minhas filhas, filhos, neto, netas e causas. Causas sociais que aliviem o sofrimento alheio.
Estou cansada, exausta, nesta reviravolta só se vão ver os frutos depois da casa arrumada em Lisboa e o prazer que vou ter em descobrir a minha cidade, em ter tempo para mim, para eu livremente sair de casa sem muitos transportes pelo meio e conhecer as potencialidades da capital em termos alternativos para eu própria arranjar atividades e pequenos negócios e trabalhos à minha escala.

Hoje mandaram-me esta e eu concordo...

Passos só de dança, Alegres só as crianças, Cavacos só os instrumentos musicais, Sócrates só o filósofo, Louçã só erro ortográfico e Jerónimos só o mosteiro. O que é que nos resta????????????? Ai é claro Portas só de fechar e abrir.

A aula foi nos museus......





























Desta vez a aulas foram nos núcleos museais, no de tecelagem com a D. Helena, que nos ensinou a cadeia operatória da preparação da lã e no museu islâmico, no próximo sábado iremos a outros núcleos. Temos de estar perante os objetos e compreender as estratégias a implementar junto de crianças mais pequenas. Temos de usar o corpo, pois a expressão dramática é fundamental nestas visitas com públicos dos 3 aos 5 anos, mas também temos de incutir nas crianças o valor e as dificuldades de cada atividade. É necessário experimentar para saber transmitir. É essencial considerar o trabalho como das mais nobres atividades humanas, seja ele qual for.
Enquanto esperava que a tecelagem abrisse ouvi a conversa entre dois pequenos pássaros, olhei para as portadas, para a pequena poesia árabe que está na porta da entrada e quando nos dirigimos para o museu islâmico descemos por aquelas ruas entre muralhas, com o casario branco e o Guadiana ali por perto e cumprimentámos o Sr. Artur. Muito bom.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A aula está viva e eu já encontrei outra prima

A aula está viva e eu hoje pelas mãos da D. Arsénia já encontrei outra prima e os contatos doutra em Lisboa. Estou a reconstituir a minha identidade.
Fiquei contente porque os alunos do curso anterior estão a por em ação as atividades que desenvolveram em formação e têm tido êxito com os professores e alunos.
Hoje a atividade com esta turma exige sensibilidade artística, projetos diferentes, imaginação, criatividade.
A D. Arsénia interrompeu-me a escrita e ofereceu-me um grande pote de mel, pois é produtora, talvez para me agradecer umas prendas que eu comprei no Sr. Artur para ela. O Sr. Artur tem uma loja de mercearia, venda de roupas, sapataria, drogaria, etc., loja à antiga. Nela comprei umas peças de vestuário todas negras, pois ela nunca aliviou o luto, comprei uma bata, dois pares de meias, uma camisola e dois lenços, um de seda e outro de algodão. Veio agora trazer-me o mel. Como eu gosto destas pessoas, como eu gosto da simplicidade destas pessoas.
Amanhã vamos trabalhar nos museus. depois mostrarei a reportagem fotográfica.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O dia está quente eu é que estou terrivelmente cansada

A aula está a correr morna porque eu estou muito cansada e ansiosa por estar a viver em Lisboa. Falta pouco mas o pouco parece muito. O nosso país está desanimado e tristonho e eu acho que vou voltar a votar esquerda pura e dura, porque com o Passos Leite vai ser mais do mesmo, daqui a uns meses conversamos, se calhar sem subsídio de férias e 13º mês. Sinto-me exausta. Quero organizar a minha vida de outra forma e vou. Tenho que dar uma reviravolta e fazer outros projetos que tragam sentido à minha vida e porque não algum dinheiro, tenho que colmatar aquele que o governo cortou nos nossos salários. Triste vida a nossa, 300 anos de inquisição, 48 de estado novo e agora depois do 25 de Abril tão saudado pelo povo oprimido, o país vai pelo desfiladeiro sem parar.

Adeus Parede, bom dia Alentejo

Compras no IKEA

Compras no IKEA. Gosto do conceito. É simples, prático e barato. Comprei novos armários para a cozinha. Faltam sete dias e parecem sete semanas. Ainda tenho tanta coisa para arrumar.
Ontem fui fazer o contrato do gás e aproveitei para ir comer a um japonês/coreano que eu gosto muito ali para o Arco Cego. A Mané ainda foi lá ter e levou-me umas fotos de quando eu tinha 19/20 anos. São tempos que não voltam nem eu queria que voltassem, ou então se voltassem faria muitas coisas diferentes e outras não. Não sou do tipo de pessoas que diz «eu não me arrependo de nada do que fiz», não, algumas decisões eu tomaria de outro modo, não é propriamente arrependimento, mas faria de outro modo. Quando vamos envelhecendo vamos tendo bem presente os caminhos que escolhemos e as poucas alternativas que havia na sociedade opressiva do estado novo, particularmente quando se nascia no seio de uma família conservadora e controladora dos movimentos e atos mas não dos pensamentos e dos sonhos e alguns foram-se concretizando com o tempo, com o esforço e luta.
Ainda quero aproveitar os anos que eu tenho pela frente para fazer muita coisa e principalmente tratar de mim própria para poder tratar dos outros, da minha família nuclear.
Fui muito criança até tarde, tornei-me adulta por mim própria com desilusões, sofrimento e dor, mas procurei sempre na estrada da minha vida momentos de alegria e felicidade e sempre os tive através dos meus filhos e filhas, netas e neto e também dos filhos e filhas museológicos que tenho espalhados(as) pelo país e dos amigos e amigas que vão ficando ou que vão aparecendo em circunstâncias várias e conforme nos vamos conhecendo vamos consolidando afetos.
Faltam 7 dias e vou marcá-los todos os dias no mapa.
A associação das viagens culturais tem marcada uma viagem para a Índia, era um sonho que eu há muito acalentava mas perante esta hipótese que me surgiu, não posso ir. A prioridade é a mudança de casa e são as obras na mesma, mas não morrerei sem lá ir.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mais um dia com greve e a minha empregada não veio....

A minha empregada não veio, hoje ficou em Alcântara à espera do comboio que não chegou. Amanhã vou para o Alentejo e são 3 dias perdidos. A mulher do Sr. Manuel que é tão exímia como ele vai-me ajudar na noite de sábado e no domingo. Ele continuará a fazer as obras. Os pertences vão entrar a partir de segunda feira-na outra casa e já lá estão alguns. É horrível quando uma mudança pesa em cima de uma pessoa com um livro para acabar de escrever e uma formação que só acaba na segunda semana de Abril.
Sinto-me como o Jorge Palma, mas substituindo a palavra noite por manhã, manhã que vai começar agora a todo o vapor com tanta coisa para fazer. A minha filha mais velha tem sido um anjo na ajuda, assim como a mais nova que faz o que pode tendo em conta que tem duas meninas tão pequenas, assim como algumas amigas com o apoio do carro para cá e para lá, como não tenho carro estes apoios generosos para Setúbal, Lisboa, Parede, Parede, Lisboa foram essenciais na mudança de objetos frágeis.
Obrigada amigas e já agora quero dizer-vos uma coisa eu com a idade tenho assumido alguns defeitos de forma a poder ainda transformar os meus pontos fracos em fortes e um deles é que espero muito das pessoas, o que é uma exigência sem nexo da minha parte. Tenho de ter tolerância e compreender as possibilidades dos outros e por eu dar o máximo que posso não tenho que ter forçosamente recompensa por igual, especialmente nas alturas em que necessito. Dar sem esperar nada em troca é a virtude mais sublime do ser humano, ainda não estou nesse grau tão elevado, mas hei-de lá chegar.
A minha querida Lisboa, meu berço natalício, vai-me ajudar muito pois vou encontrar locais que moldarão a minha formação pessoal e humana nos pontos que eu tenho mais críticos. Gosto de ser confrontada com a verdade de mim mesma, pura e dura. Desilusão é uma palavra que eu vou retirar do meu léxico.
(...)Frágil Esta manhã estou tão frágil Frágil Já nem consigo ser ágil (...)

terça-feira, 22 de março de 2011

Hoje foi dia de visitar as obras de Lisboa....

Hoje o dia começou com uma reunião de trabalho com alunos mestrandos, depois vieram buscar os documentos e imagens que dei para o museu da vinha e do vinho de Cascais. Em seguida fui visitar as obras de Lisboa, ainda falta um bocado, mas as paredes, rodapés, portas e janelas estão lindas estão quase prontas. A limpeza do meu escritório começou hoje. Os armários da cozinha foram arrancados e amanhã vamos comprar novos. A 1ª. mudança para Lisboa começa na segunda 28, ainda falta arrumar alguns livros meus e os slides têm que seguir 3ª. feira para a faculdade. A loiça fica arrumada até 6ª. feira, depois falta só o escritório do meu marido e tirar os quadros da parede, a Maria e a Marta têm que me ajudar a levar estes objetos mais sensíveis no carro, elas até parecem duas figuras bíblicas: Marta e Maria.
Amanhã contrato do gás, mudança de morada no cartão de identidade, cartão da Emel, alteração do cartão de eleitor. Enfim trabalho e mais trabalho, mas dia 30 com confusão ou sem confusão vou dizer: adeus Parede, olá Lisboa e já durmo lá, mas antes disso na próxima quinta vou dizer: adeus Parede, olá Alentejo da minha alma.

domingo, 20 de março de 2011

21 de Março dia de anos do António Maria.....




Levantei-me antes das 8h e cheguei a casa perto das nove da noite, vinda de Alpiarça, foi a 5ª. e última camioneta para Alpiarça, ficou lá tudo o que tinha de ficar e vamos doar à biblioteca de lá alguns livros, quando começarmos a arrumar a casa, as plantas do jardim e árvores ficaram todas plantadas em Alpiarça e Alenquer e quando voltei ainda fui dividir livros com a minha filha mais velha, para a Bilocas amanhã colocar em caixas. Agora tudo se desenrola em Lisboa. Faltam 8 dias para a 1ª. mudança para Lisboa e 10 para a 2ª. e última ida. Hoje já começaram as limpezas no meu escritório em Lisboa, as paredes já estão quase todas pintadas, com 1ª, 2ª e nalguns casos 3ª pinturas, rodapés estão quase, assim como portas e janelas. Faltam agora as casas de banho, cozinha, despensa e roupeiro.
Amanhã faz o meu querido Antoninho anos, mas primeiro vou almoçar com a minha sogra que também faz anos acompanhada dos meus cunhados, depois vou buscar o meu marido ao aeroporto e em seguida vou comprar a prenda para o meu neto, depois vou jantar com ele e a família nuclear.

PARABÉNS ANTÓNIO MARIA. PARABÉNS MEU AMOR. 2 ANINHOS LINDOS.

Acordar de manhã cedo para a mudança com Mercedes Sosa - Gracias a La Vida

sábado, 19 de março de 2011

Hoje foi um dia de meia folga

Hoje fui ao cabeleireiro cortar o cabelo e arranjar as unhas com a minha filha mais velha, depois não resistimos e fomos ao nosso restaurante chinês preferido em Lisboa, por fim fui saber onde andavam os meus netos, o meu filho mais novo e a minha nora não responderam deviam estar a dançar o «Romeu e Julieta». Fui-me encontrar então no jardim com as minhas princesas, estão lindas. Lá estive um bocado no parque infantil e depois vim para casa, vi um bocado da moda Lisboa na televisão e em seguida fui encher pacotes para amanhã irem para Alpiarça. Quando é que isto acaba, meu Deus? Na segunda antes de ir ter com a minha sogra que faz anos e o meu neto também vem uma carrinha de Cascais buscar coisas, livros, documentos, fotos sobre a vinha e o vinho de Carcavelos. Ainda faltam os slides que vão para a faculdade, etc., etc.
Tenho que rezar ao santo Expedito, o santo das causas urgentes e haverá causas mais urgentes que as obras que nunca mais acabam na casa de Lisboa e as mudanças que não têm fim na casa da Parede?

Dia de folga para aliviar o stress...

Objectivos a curto prazo:

· Vivendo e não sobrevivendo.

· Organizando seu tempo, fazendo dele um aliado.

· Diminuindo os compromissos

· Gostando da vida, valorizando-a.

· Não se desgastando em uma só tarefa.

· Trabalhando naquilo que lhe dá prazer.

· Sendo criativo, descobrindo suas potencialidades.

· Buscando o equilíbrio entre trabalho e lazer.

· Reservando tempo para si mesmo.

Segundo H. Chaushuri, “A meditação pode revelar os vastos recursos da personalidade humana e contribuir imensamente para o seu pleno desenvolvimento e expressão criadora.”

Essa é a outra importante técnica de relaxamento. As decisões são formadas de maneira consciente, podendo passar as ideias para o corpo, identificando os locais de tensão física que aparecem durante o dia. Esses exercícios ajudam a aumentar a consciência do corpo e, no trabalho poderão ser úteis, para em situações estressantes, o indivíduo recorrer aos pontos mais tensos da sua musculatura e enfrentar as dificuldades com mais tranqüilidade.

Obrigada Mané por esta mensagem. Estava mesmo a precisar dela...

A vida é muito curta para acordar com arrependimentos.
Ame as pessoas que te tratam bem.
Ame, também, àqueles que não, só porque você pode.
Acredite que tudo acontece por uma razão.
Se tiver uma segunda chance, agarre com as duas mãos.
Se isso mudar sua vida, deixe acontecer.
Beije devagar.
Perdoe rápido.
Nunca disse que a vida seria fácil.
Simplesmente vale a pena.



sexta-feira, 18 de março de 2011

Descanso e cabeleireiro amanhã. Vou tirar uma manhã de folga.
Ama o silêncio acima de todas as coisas; ele concede-te um fruto que à língua é impossível descrever... Dentro do nosso silêncio nasce alguma coisa que nos atrai ao silêncio...

José Tolentino de Mendonça

Estou-me eu a queixar de uma mudança que comparada com isto....

«O último balanço do sismo e tsunami que atingiram o nordeste do Japão a 11 de março fixou-se esta sexta-feira em mais de 16.800 mortos e desaparecidos.

De acordo com a polícia, 6.539 mortos foram confirmados enquanto o número de desaparecidos se situa atualmente em 10.354»

Pó, pó e mais pó. Se não fosse a ajuda da minha empregada não sei o que seria de mim.

Ainda estou bastante doente

Ainda estou com muita gripe e estou-me a resguardar para a mudança de domingo, a última para Alpiarça. Estou a escolher todos os objectos, livros, móveis e estantes que vão partir. Depois é só Lisboa. Estou tão cansada e tão deprimida amigos e amigas. Uma mudança destas é um empreendimento, é uma mudança pessoal com o lado positivo e claro com o lado negativo, mas o grande objectivo atingi; ficar em Lisboa só com aquilo que quero. Ontem uma carrinha de Mértola veio cá buscar dezasseis caixas de livros que eu doei. Ainda faltam ir os slides para Setúbal e muitos dos livros que estão em Alpiarça são para doar quando formos lá.
Sinto-me aliviada por aquilo que estou a desenvolver, pela decisão que tomei, mas o cansaço e a gripe tiram-me o prazer.

Hoje identifico-me com Cecília Meireles, amanhã certamente com outro poeta, em Lisboa verei mais sol.

«Aqui está minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.»

quinta-feira, 17 de março de 2011

Espirros, espirros, propolis com equinácea, nariz ferido...

O cansaço é tanto e o pó dos livros ainda mais que fiquei doente...

Estou um dia de cama com febre, cansaço e alergia que gerou em constipação e a constipação em gripe. Estou arrasada mas o trabalho vai para a frente. Finalmente a última e quinta camioneta vai no domingo para Alpiarça. Mudei de empresa de transportes para Lisboa, arranjei outra com melhores condições e preços mais convidativos. É necessário ter cuidado com os preços que negociamos e as condições que acordamos. A outra empresa já estava a meter os pés pelas mãos.
Vou fazer as duas mudanças para Lisboa a 28 e a 30. A 31 já estou em Lisboa cheia de livros e objectos por todo o lado. Mas vou com calma, com calma arrumar tudo.
Hoje acordei com este pequeno poema de Fernando Pessoa, era tão bom que tudo fosse assim.
O valor das coisas não está
no tempo que elas duram,
mas na intensidade com
que acontecem.
Por isso existem
momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis
e pessoas incomparáveis.

quarta-feira, 16 de março de 2011

terça-feira, 15 de março de 2011

Livros, livros, livros...................

Eu ainda não percebi....

Eu ainda não percebi porque é que as medidas de austeridade não contemplam de forma eficaz os empregados privados, os gestores públicos, os administradores de empresas, os banqueiros, com impostos suplementares, porquê somente os funcionários públicos, estamos a ver que não chega, o que é que virá mais por ai? Andámos a descontar anos e anos de trabalho árduo e agora os reformados vão ser atingidos? O que o 1º ministro nos vem dizer é incompreensível. O combate à corrupção, os julgamentos não terão que ser mais céleres, os sinais exteriores de riqueza excessiva não terão que sofrer uma investigação por decreto lei?. A despesa da gestão pública como é que está a processar-se se todos os dias lemos notícias parecidas com esta «O Ministério da Justiça decidiu pagar mais de 72 mil euros à procuradora-adjunta Maria da Conceição Correia Fernandes pelo facto de esta ter trabalhado em dois tribunais cíveis do Porto. A decisão nada teria de estranho se a magistrada não fosse mulher do ministro Alberto Martins e se a mesma não tivesse sido tomada contra os pareceres negativos do vice-procurador-geral da República e de outros membros do Ministério Público. Também o anterior secretário de Estado adjunto e da Justiça, Conde Rodrigues, tinha indeferido o pedido de pagamento de um suplemento remuneratório à magistrada por acumulação de funções.»
Se o PS é isto eu ainda não compreendi cabalmente as alternativas do PSD, privatizar a saúde, alterar a constituição, acabar com o sistema público de educação? O quê concretamente, como é que nós ficaríamos melhor? Amigas e amigos online perceberam as alternativas?
«O PSD quer que o Governo reconheça que falhou e não conseguiu cumprir as metas com que se comprometeu e que essa é a principal razão porque José Sócrates teve de apresentar em Bruxelas novas medidas de austeridade.» Jornal Público
Mas isto leva-nos a algum lado? O que é que eles fariam de diferente? Maior flexibilidade nos despedimentos? É isso? Digam-no claramente.
E o presidente Cavaco Silva que fez um discurso como se não tivesse sido presidente nestes cinco anos, durante estes cinco anos que governou é que devia ter feito um discurso destes. E devia ter feito o mesmo quando foi 1º. ministro de Portugal durante dez anos.
«Defendeu o Presidente Cavaco Silva que esta foi uma "década perdida". É verdade. Mas recordo que houve outra, quando o dinheiro chegava em grandes quantidades ao nosso país. E foi nessa década que grande parte do modelo de desenvolvimento que nos trouxe até aqui foi delineado. Era primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.»
«Defendeu o Presidente Cavaco Silva que há uma "concessão indiscriminada de crédito, em especial para fins não produtivos". Recordo que a compra de casa própria é um dos principais sorvedouros de crédito e que houve poucos governos que mais tenham promovido este tipo de investimento das famílias do que o do primeiro-ministro Cavaco Silva.»
«Defendeu o Presidente Cavaco Silva que os portugueses devem participar "mais ativamente na vida coletiva, afirmando os seus direitos e deveres de cidadania e fazendo chegar a sua voz aos decisores políticos". Recordo que não houve no Portugal democrático nenhum governante que mais vezes reprimisse qualquer tentativa popular de fazer chegar a voz dos cidadãos aos decisores políticos do que o primeiro-ministro Cavaco Silva.»
«E, cereja em cima do bolo, defendeu o Presidente Cavaco Silva que "em vários sectores da vida nacional, com destaque para o mundo das empresas, emergiram nos últimos anos sinais de uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos". Nos últimos anos? Pois ela é quase tão antiga como a nação e teve no tempo em que Cavaco Silva era primeiro-ministro um dos seus momentos mais vistosos. Teremos de recordar mais uma vez o nome de Dias Loureiro?

E defendeu ainda o Presidente Cavaco Silva que "deve ser clara a separação entre a esfera pública das decisões coletivas e a esfera privada dos interesses particulares". Que tal ser mais concreto? Na campanha houve quem o tentasse ser. Falando, por exemplo, do BPN. São excelentes estas generalidades. Mas se falamos da realidade somos a "infâmia" contra a "dignidade".O discurso do Presidente tem dois problemas. O primeiro: naquilo em que o diagnóstico do Presidente Cavaco Silva está certo, as asneiras começaram com o primeiro-ministro Cavaco Silva. O segundo: as soluções são pouco mais do que frases vazias. E é normal que o sejam. Não esquecendo todas as responsabilidades do atual Governo, nenhum diagnóstico que esquece a Europa e a crise internacional pode apontar para qualquer solução séria. Faltou a Cavaco Silva coerência com o seu passado, seriedade quanto ao presente e conteúdo quanto ao futuro.» Daniel Oliveira - Jornal expresso

segunda-feira, 14 de março de 2011

Miradouros de Lisboa





































Ontem foi um dia em cheio. A comunidade de leitores percorreu os miradouros de Lisboa: miradouro do Torel primeiro, em seguida descemos pela rua do elevador do Lavra que está desativado, atravessámos a avenida da Liberdade, subimos pelo elevador da Glória e fomos ao Miradouro de S. Pedro de Alcântara avistámos Lisboa do lado oeste enquanto no Torel estávamos no lado este. Atravessámos o Bairro Alto e fomos ter à rua Luísa Todi onde esta cantora nascida em Setúbal morreu e depois à Travessa André Valente onde Bocage faleceu pobre em casa de uma irmã. Nos miradouros, a Luísa encarregada de fazer a apresentação de Cesário Verde preparou muito bem a lição e nos diferentes miradouros fomos lendo poemas deste autor. Fomos ao lindo miradouro de Santa Catarina e em seguida tomámos o 28, parámos na Graça, subimos ao miradouro da Senhora do Monte e vimos uma vista com uma grande amplitude, é linda a vista de Lisboa deste lugar. Em seguida descemos fomos ao miradouro da Graça, onde foi inaugurado há pouco tempo um busto de Sofia de Mello Breyner, por fim vimos o lindo panorama sobre o Tejo, com as igrejas de Santa Luzia, Santo Estevão e S. Miguel por perto assim como a estátua do santo padroeiro de Lisboa, S. Vicente.
Descobrimos que a Néné declama de uma maneira fantástica com lindas entoações de voz.
Por fim almoçámos num restaurante ali perto da Fundação Ricardo Espírito Santo e o querido Carlinhos que me ajudou imenso com o seu saber nesta visita, trouxe-me a casa acompanhado da Zé, da Mina e da Celeste. Que dia bom.
Claro que estou numa maré de grande amizade e carinho por mim, hoje fui a Setúbal levada pela Maria, doei objectos da bisavó dos meus netos ao museu do Trabalho, almocei no Escondidinho com ela e com o Joseph um amigo setubalense e ainda fui à minha casa de Lisboa levar com a ajuda da Maria, grandes sacos com DVD'S de filmes e CD'S de música, para o dia ser ainda mais feliz veio trazer-me a casa. Que bom.
Acabei de receber um mail do Alentejo em que me informam que vêm buscar-me a casa na quinta-feira para levarem os livros que eu vou oferecer à Biblioteca de lá. Já levei as fotografias dos avós do meu marido para Alpiarça, ofereci também um chapéu e uma mala da minha mãe quando ela era muito nova ao museu e agora vamos lá ver a quem ofereço as fotos dos meus avós, que têm molduras lindas do tempo da República.

*Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,

que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos,

que nos levam sempre aos mesmos lugares.

É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,

teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.*

(Fernando Pessoa)