quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A todos os meus amigos e amigas desejo um Ano de 2009 cheio de esperança


E deixo-vos duas frases de S. Francisco de Assis que gosto particularmente.

"Senhor, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado, compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna."



"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível."

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

* Prefiro a paz mais injusta à mais justa das guerras. (Cícero)


Há longos anos que eu passo o fim de ano em casa. Cerca da meia-noite, subimos para um banco, com doze passas numa mão e uma nota na outra e formulamos desejos, Para 2009 só desejo saúde e paz para toda a minha família.
É tão dificil encontrar a paz total. No mundo e nas famílias.
O ano de 2009 chega e instala-se e eu não sei o que me espera, mas o que for eu esperarei com tranquilidade e toda a coragem do mundo.
Tenho os filhos criados e os netos a nascer. Já escrevi livros e plantei árvores, só não plantei em algum dos casos as flores inóquas de uma vida sem sobressaltos. Já pouco me resta do que viver e esperar, com uma alegria interior o que Deus ainda tem para mim.
Deus para mim representa para mim um acompanhamento diário, eu sinto a presença Dele em toda a parte e falo com Ele várias vezes, peço-Lhe coisas, bem estar para os meus filhos e netos, para os meus amigos e amigas conhecidos ou não, pelos que sofrem em todo o mundo. Vejo-O na natureza e na beleza que o homem cria. Nem sempre estou de acordo com a Instituição Igreja, mas também não a frequento em termos de grupos organizados para isto ou para aquilo, simplesmente vou à igreja quando me apetece e aceito com tolerância as opções religiosas dos outros. Até tenho uma grande simpatia pelo Budismo, mas eu tenho uma cultura cristã e é nela que me sinto confortável. Já cometi excessos de fanatismo político ou religioso em circunstâncias diferentes, por razões muito concretas e justificáveis, mas também recuperei a estabilidade de uma vida sem compromissos religiosos ou políticos. Eu nunca caminhei por um caminho certinho e sem pedras, cheio de relva e flores coloridas, caminhei algumas vezes por esses caminhos, sim caminhei, mas quase sempre aqueles que escolhi foram troços laterais cheios de penhascos, ravinas e precipícios, que eu consegui ultrapassar com arranhões, feridas e esforço desmedido.
E hoje aqui estou depois de 41 anos de trabalho esforçado, com horários, chatices, opções erradas, opções certas, dando o meu melhor. Hoje aposentada, aos 63 anos, ainda trabalho, mas sem horários, voluntariamente por vezes, outras vezes recebendo honorários, fornecendo aos outros a experiência profissional adquirida ao longo dos anos.
Isto tudo a propósito do novo ano que se aproxima.

Estamos todos doentes cá em casa



A gripe atacou com tosses e febres os da casa. O Inverno transporta-nos a este mundo da doença. Têm sido dias calmos a fazer malha e a ver filmes, a comer canja de galinha e a beber chá. As árvores já estão todas despidas de folhas e estas castanhas ou amarelecidas estão espalhadas pelo chão. Há humidade no ar e o céu está plúmbeo, está um dia daqueles que eu gosto. Estranho não é? Mas é verdade. Lembra-me uma poesia de Cesário Verde, que coloco aqui as duas primeiras quadras.
      AVE-MARIA



Nas nossas ruas, ao anoitecer,

Há tal soturnidade, há tal melancolia,

Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia

Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.





O céu parece baixo e de neblina,

O gás extravasado enjoa-me, perturba;

E os edifícios, com as chaminés, e a turba

Toldam-se duma cor monótona e londrina.(...)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Três filmes para o Natal


Fui ver no dia 26 o filme Austrália. Muitos intelectuais desdenharão deste filme, mas o realizador que fez no passado «Moulin Rouge», trouxe-nos desta vez, narrada pela voz de um pequeno mestiço, meio aborígene, meio branco, um épico deslumbrante, com uma lição de história que desvenda actos menos honrosos para a Austrália como as gerações roubadas, filhos mestiços que eram roubados às mães para serem criados, em missões religiosas protestantes (o lado lunar das instituições religiosas, sejam elas de que religião forem), para adquirirem a cultura oficial, neste caso a inglesa, e esquecerem as suas origens identitárias, aborígenes, que estão magistralmente representadas no filme, uma cultura de canções que se entrelaçam com "Over the Rainbow" que Judy Garland criou no "Feiticeiro de Oz" realizado em 1939, e é em 1939 que tudo se passa nesta história do filme Austrália.
O filme tem romance, tem pradarias, tem western, tem paisagens fabulosas, enfim é um filme a não perder.
Depois em casa revi o «mamma mia», dado por um filho meu e outro filme sobre a História de Itália, que dura seis horas, desde os anos sessenta aos nossos dias chamado Juventude que é quase uma continuação do 1900 de Bertolucci, um dvd dado por outro filho. Adoro overdoses de cinema. Não posso passar sem bons filmes.



sábado, 27 de dezembro de 2008

Recebi um voto de Boas Festas por e-mail de que eu gostei particularmente e gostaria de partilhar ...

Sei que as palavras podem não significar muito, mas achei uma mensagem interessante por ser com expressões típicas do Extremo Sul do Brasil… uma mistura gaúcha e uruguaia.

"Eis que surge lá no FUNDÃO da ESTÂNCIA, após se ENTREVERAR por várias COXILHAS mundo a fora, o LOCO DE BUENACHO, o ÍNDIO Noel, montadito em sua charrete cheia de presentes, que mais parece um mascate vindo do Uruguai, para novamente celebrar o nascimento do PIAZITO DO PEITO, uhh guri de respeito, GAUDÉRIO DOS PAMPAS, chamado JESUS, Filho da Dona Maria, prenda flor de rezadera, e do Seu José, um carpinteiro pra lá de especial. Este PIAZITO veio pra salvar toda a indiada que se perdeu pelas carreradas da vida.Que este Natal, juntamente com toda tropilha de amigos, o Índio Noel traga PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE a todos MARAGATOS, CHIMANGOS e VIVENTES DE TODAS AS VÁRZEAS E COXILHAS."
Um grande abraço e um baita quebra costelas bem chinchado e que 2009 SEJA UM ANO LOCO DE ESPECIAL!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A família reunida, as iguarias de Natal, os presentes e a graça de Deus, o que é que podemos desejar mais numa noite de Natal?





















A família reuniu-se este ano a 24 de Dezembro. Um ano é a 24 e outro ano é a 25, para todos poderem estar com as suas famílias, aplicando-se isto àqueles membros que integraram esta comunidade familiar pelos laços de casamento e pelas famílias paralelas.
A casa estava quente com a lareira acesa e a árvore de Natal para desespero da Francisquinha tinha muitos embrulhos. Ela já compreendeu e muito bem o que quer dizer a palavra presentes. Nós este ano fomos comedidos e demos prendas q.b., tal como tínhamos combinado, mas todos os que receberam ficaram muito contentes com as ofertas, até a Windy teve uma prenda.
A nossa família não é uma família tradicional, eu casei três vezes e tenho quatro filhos destes casamentos. Toda esta vida e estas opções foram fruto de uma educação autoritária e dura que eu tive na minha infância e de muita rebeldia que havia em mim. O caminho foi de sofrimento, de luta, de muitos erros, mas também de muita coragem.
Os filhos e filhas, a neta e os netos que estão para vir são a riqueza que eu possuo.
No domingo fui à missa de Natal, na igreja da Parede. Uma igreja dos anos sesssenta, típica da época dessas igrejas, como a de S. João de Deus ou S. João de Brito em Lisboa, mas eu gosto de assistir à missa em várias igrejas, gosto de ouvir diferentes homílias e diferentes coros, por isso no próximo domingo sou capaz de estar noutra. Estas práticas também na nossa família não têm nada de tradicional, estive num colégio de freiras e num liceu nacional e fui baptizada na Igreja de Santos-o-Velho, fiz todas as etapas religiosas, 1ª. comunhão, crisma, profissão de fé e depois na minha juventude tive uma crise de fé, senti a igreja fraca e parti para outros caminhos que me pareciam mais justos, mais consistentes e eficazes, acompanhada pelas leituras que fui encontrando, por isso e por uma questão de coerência não baptizei os meus filhos, nem casei pela igreja nos primeiros casamentos. Só o fiz mais tarde quando senti a graça da fé.
Tenho filhos praticantes e outros não praticantes, mas respeito perfeitamente as suas opções, pois eu sempre acreditei nas minhas no momento em que as concretizei. Um dia um padre que eu respeito muito e que hoje tem oitenta anos e que me tem apoiado nos caminhos da minha vida, disse-me «a nossa consciência é que decide o que está bem ou mal para nós e ela é diferente de cada uma dos outros, o que pode ser mal para si , pode não ser para outra pessoa qualquer e vice-versa, por isso devemos seguir a nossa consciência». E é isso que eu faço, sigo a minha consciência e a minha intuição. Nos últimos anos tenho tentado também debelar a revolta, a raiva ou outros sentimentos negativos e tenho desejado intensamente viver em paz, procurando colmatar os erros cometidos ou o sofrimento causado a outras pessoas. Não sou de maneira nenhuma uma católica exemplar, praticante até às últimas consequências. Nem sempre vou à missa, nem sempre agradeço o que tenho, nem sempre faço o bem que deveria fazer. Sou humana em toda a excepção da palavra com desejos de uma maior espiritualidade. Esta é a que eu sou e aceito todos aqueles que não pensam como eu. Hoje só quero caminhar em frente e coisas simples.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Um bom Natal para vós amigos e amigas on-line


NATAL CHIQUE
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal.
Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.

Vitorino Nemésio

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A visita











A visita foi muito animada, afinal fomos a Sarilhos Grandes e Atalaia e fomos visitar na igreja da Atalaia o Museu dos Ex-votos. Nesta pequena parte do Museu aparecem imagens de ex-votos convencionais, mais antigos, pinturas de agradecimento e noutro local painéis com fotografias sem fim, dos anos sessenta, particularmente de soldados que foram para as ex-colónias, noutra ainda imagens de cera de todas as partes do corpo humano, vestidos de noiva etc. Já vi uma coisa parecida no Alentejo. Esta é a religiosidade do nosso povo e certamente irei encontrar em várias partes do mundo, manifestações idênticas. São memórias, são momentos.
O almoço correu bem e com muitas brincadeiras, este grupo de viagens, quase todo formado por bancários, médicas, enfermeiras, professoras, militares e outras profissões são muito civilizados e divertidos, estão habituados a viajar há longo tempo e ajudam-se mutuamente.
Foi um dia divertido para compensar os dias de tempestade.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Hoje faltei à chamada


Tinham-me dado um bilhete para ir ver o Cabaret, no Maria Matos. Perguntei ao meu filho jornalista que vai a tudo o que pode, que tal era? Respondeu-me que não era «estrondoso», eu confio na sua opinião e não arrisquei sair nesta noite chuvosa e agreste para a rua, já que amanhã tenho o almoço de Natal do grupo das viagens. São duas da manhã e tenho de me levantar amanhã cedo, estou a tornar-me noctívaga. Deito-me por vezes até mais tarde e de manhã funciono bem depois de almoço e razoavelmente a partir das 11h. Esta é uma das liberdades de aposentada. Levei anos e anos a levantar-me de madrugada. Tenho direito à desforra. Veremos como vai correr o almoço, antes vou espreitar a igreja de Alhos Vedros, porque é nesta localidade que vai ser o repasto. Todos os anos mudamos, vamos ver como corre.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Esta semana foi muito agitada








Na passada segunda-feira, dia feriado fui ter com uma das minhas filhas e com a minha neta. Fizemos algumas compras de Natal, numa rua sossegada que é a Guerra Junqueiro, em Lisboa, em vez de me enfiar em qualquer centro comercial, que nesta época é uma verdadeira tortura. Constatei que as lojas estavam vazias demais para a ocasião, o que quer dizer que as pessoas estão mais comedidas e realmente tem de ser. Hoje não tem lógica nenhuma encher a casa dos nossos familiares e amigos com bibelots sem interesse nenhum, eu tenho de confessar aqui que em relação a estes objectos quando mos ofereciam, ou eram demasiados sabonetes, leites de corpo, garrafas e lenços de fantasia ou livros repetidos eu adaptei sempre a célebre frase de Lavoisier «Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", para uma frase da Anad «Na minha casa tudo se cria, nada se perde, tudo circula», estão a perceber, não é? Há muitas prendinhas que neste momento estão nas gavetas ou prateleiras de outras pessoas a quem tinha de retribuir ao mesmo nível, mas eu escolhi famílias que não conhecessem as ofertantes senão dava mau resultado. Nós devemos dar às pessoas aquilo que realmente elas gostam, temos de as surpreender senão não vale a pena.
Continuando, depois de beber um chá na velha Mexicana e a minha querida neta comer um pãozinho de leite com queijo, despedi-me e fui com o meu marido ver o filme Amália no Londres, e foi uma decepção para mim. Não é que o filme esteja a denegrir a figura mítica da fadista, mas a actriz principal não tem experiência como actriz, nem um corpo como a Amália tinha, esta é magra demais e além disso está agarrada aos trejeitos que eram da cantora o que lhe corta os movimentos e torna o papel artificial. E como diz o Manuel Halpern na sua crítica sobre o filme, que eu assinaria por baixo «cinema é outra coisa», imaginei logo o que seria o Visconti a fazer este filme.
Depois a semana correu agitada, tive de ir a médicos e vacinas porque a minha filha mais velha vai viajar e na quinta-feira fui fazer uma acção de formação sobre serviços educativos de museus, no Museu da Presidência da República, convidada pela minha querida amiga Helena e o meu amigo P.P. fez-me um lindo power-point, pois tinha várias imagens em suportes diversos. Quando vi a obra final, verfiquei sem sombra de dúvida que estava ali uma parte significativa da minha vida profissional e correu bem, as pessoas estiveram agarrradas ao ecrã e eu falei, falei com um entusiasmo que vinha de dentro.
Ontem vieram cá jantar o meu filho e a minha nora que estão para ser pais, dei-lhes a minha produção doméstica para o bébé que eles gostaram e a minha filha mais velha também adorou. Foi giro, fomos à garagem buscar o carro de bébé que serviu para a Francisca e já tinha sido alcova de outros bébés da família, mas como é de excelente qualidade aguenta-se muito bem, e há camas que entram e saiem para serem limpas e pintadas, roupas que passam de umas casas para outras, enfim esta é a verdadeira economia familiar e a aplicação da lei do velho Lavoisier com adaptações da Anad. O jantar foi uma bolonhesa de soja feita pela minha filha mais velha, que estava óptima e a sopa feita na Bymbi, fruta e água purificada no jarro com filtro. A educação ambiental vai de vento em popa nesta casa à beira do oceano, pois então e as prendas este ano vão ser muito reduzidas, pois nas nossas casas há sempre hipótese de dar alguns dos nossos objectos: ontem o casal que vai ter um filho, levou duas terrinas e um solitário antigos dados por mim e um lindo serviço de chá Vista Alegre dado pela irmã mais velha. O dinheiro temos de guardar para outras coisas e eu tenho aprendido muito com os meus filhos e filhas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Tomei uma decisão histórica


Hoje tomei uma grande decisão. Vou poupar para investir em projectos úteis. Decidi que não iria mais consumir bens desnecessários ou comprá-los exageradamente. Prendas em dinheiro nunca mais as vou dar. Este Natal vai ser um Natal com ofertas feitas por mim e objectos ou peças surpresa que sejam úteis no dia a dia.
O dinheiro quero-o investir na educação dos meus netos, contribuir para que eles frequentem um bom colégio, ou então apoiar qualquer dos meus filhos ou filhas que necessitem da minha ajuda.
Os tempos estão de crise, e eu necessito de acautelar a minha vida futura e preparar-me para as dificuldades que o país vai atravessar, quero ainda viajar e conhecer novas culturas.
Cada vez necessito de menos coisas e quero ser sempre independente dos meus filhos. Há pais que dão aquilo que não lhes faz falta e há aqueles que prescindem de muita coisa para apoiar os filhos. Mas nem tanto ao mar nem tanto à terra como diz o nosso povo. Se eu tiver uma necessidade inadiável, quero ser eu a encontrar soluções e a arcar com as despesas, os meus filhos têm as suas casas e as suas famílias e os tempos estão difíceis para os casais jovens, no nosso país: rendas altíssimas, custo de vida caríssimo, creches e infantários com preços elevados, impostos de morrer e até as empregadas domésticas exigem pagamentos, pelo menos em Lisboa de 7 euros e mais à hora, com exigência de subsídio de férias e Natal, subsídio de transporte e Segurança Social e não passam recibo. Um dia por semana com 7h de trabalho por exemplo é verdadeiramente caro, se tiverem todos os dias úteis ocupados, ganham mais que algumas das pessoas para quem trabalham. Não acho que devam ganhar menos, o problema é que a classe média está muito mal paga e explorada.
Hoje sonhei com um futuro preocupante, mas eu quero ser positiva e a decisão de poupar é encarar esse mesmo futuro de uma forma positiva.
Abaixo o consumo desenfreado na época de Natal. O Natal é das crianças. Vou ser solidária com alguns necessitados, levando roupas e bens alimentares a quem precisa, só numa das paróquias do concelho de Cascais há 750 pessoas com necessidades básicas comprovadas. A linha de Cascais tem uma parte da frente e outra por detrás. Nem tudo é luxo e riqueza.
Que a educação ambiental seja uma realidade cada vez mais presente na mente e nas boas práticas das pessoas, tenho de melhorar muito nisso. Poupar nos recursos que temos começa em casa. O planeta terra agradece.

Manuel de Oliveira


Manuel de Oliveira faz 100 anos no dia 11 de Dezembro e continua a filmar. É verdadeiramente histórico que um homem centenário continue a trabalhar desta maneira. Goste-se ou não dos filmes, eu gosto muito de alguns de outros nem por isso, (é o que acontece a quem filma muito ou escreve muito, é difícil encontrar o equilíbrio)temos de admirar este homem que atravessou um século sempre activo, não se deixando abater pelas dificuldades que encontrou pelo caminho. Passou dificuldades mas perseguiu um sonho, um objectivo para a sua vida.
Portugal é neste momento o país que tem a mulher mais idosa, 115 anos, eu conheço outra que tem 102 anos e ainda canta e só tem apoio das 8h da manhã às 20h, depois fica sózinha e temos o Manuel de Oliveira e outros mais que desconhecemos. Será que somos um país de centenários?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Da minha janela



Da minha janela observo as árvores que estão plantadas na minha rua. Despidas, os seus troncos finíssimos parecem garras que nos querem apertar. É o Outono e ainda ficarão mais despidas direi completamente nuas em Janeiro, para em Março renovarem outra vez. Tem de ser assim connosco, temos de nos despir de tudo que ao longo do ano fomos sedimentando no corpo e no espírito, para nos renovarmos mais tarde com novas roupagens. Este ano tem sido um ano dificil para mim, aconteceram-me muitas coisas ao mesmo tempo, mas que eu procuro aceitar com generosidade, pois já recebi muito. Isto não é um chavão de pieguice sentimental é sim a realidade de todas as pessoas, parvo aquele que diz que é completamente feliz, a felicidade conquista-se em pequenos momentos e colhemos isso sim aquilo que semeámos.
Pela primeira vez desde há muitos anos, tem aparecido na TV, programas que apelam às compras solidárias. Acho muito boa ideia, finalmente a crise veio pôr cobro ao consumo desenfreado e às nossas compensações.
As minhas plantas verdes espreitam as outras, da parte de dentro da minha janela e o contraste conforta-me.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Eu sou a avó e ao mesmo tempo a mãe da Gigi


A minha cadela chama-se Windy, mas a minha neta chama-a de Gigi. Ontem quando lhe telefonei, falei-lhe como avó e depois quis fazer de Gigi, mas a minha filha achou graça dizer -lhe que estava ao telefone a mãe da Gigi. Ela veio e disse olá, eu não sabia o que devia fazer e pus-me a imitar um cão a ladrar. Ela do lado de lá da linha, um pouco espantada certamente, dizia «está a ladá-lhe» e eu desenfreada «aú, aú, aú».
São momentos como estes que me enchem de alegria, sinto-me criança «estou a brincar». Eu gosto muito de brincar e sair. Estou desejosa que ela cresça para fazermos programas juntas, já que agora há tantas ofertas nas instituições culturais, mas muito só a partir dos quatro anos. Quando estou a tomar conta dela sou uma avó a tempo inteiro e como sempre trabalhei e tenho uma empregada todos os dias, brinco com ela com várias actividades e não a convido para ajudar nos trabalhos domésticos, pois não os estou a fazer. As oito horas que passa comigo quando vem são de tal maneira variadas que devo confessar que fico de rastos. Ora vejam, de entrada o filme a pequena sereia, só um bocadinho, a seguir pinturas que ela gosta muito, depois baloiço, escorrega ou brincar na casinha faz-de-conta, depois almoço e tiro a fralda ou sento-a no bacio, depois dormir, se bem que ela me diz logo depois de almoço «ó ó, não». Dorme depois de alguma luta 1h e 30m a duas horas. A seguir vai lanchar, tira a fralda ou vai para o bacio e depois fazemos desenhos, construções, legos e leitura de livros voltando à pequena sereia ou ao programa Baby TV, um programa inglês para bébés que é óptimo. Chega finalmente a hora da musica: toca instrumentos e canto imensas canções várias vezes, tudo com a «Gigi» pelo meio e termina a sessão tirando todas as recordações que a avó trouxe dos países por onde andou da mesa. Esta é uma sessão quando eu tomo conta da minha neta.
Até agora não tem ligado muito a bonecas, apesar de eu lhe ter comprado uma caminha e dois bonecos, gosta mais de actividades reflexivas ou artísticas. Quando a minha filha chega para a buscar eu descanso e desligo um pouco, injustamente é certo, pois a profissão dela é de muita responsabilidade, provocando imenso stress, mas eu estou completamente exaurida, o que não quer dizer que não esteja feliz.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A todo o vapor







Desde que me aposentei que tenho feito sem parar mantas, colchas e tapetes para a família. Talvez por ter estado tão concentrada em trabalhos de gestão e produção de eventos, que quando abrandei, decidi além da investigação fazer uns trabalhos manuais e brevemente começarei a desenhar e a pintar. Porquê esta necessidade? Porquê de repente voltar a pegar em coisas que foram da minha adolescência? Penso que necessito de ter as mãos e o pensamento ocupados de modo a adquirir uma certa paz e contrabalançar o aceleramento da minha vida activa com esta agora de aposentada. Falta-me ainda a vontade de grandes passeios a pé, que vão ser vitais para a minha saúde. O dia tem 24h e eu não temo ser esquecida, quero fazer tudo ao ritmo que o meu corpo pede. Vou fazer uma formação, em Dezembro, sobre serviços educativos, no Museu da Presidência da República, que penso que vai ser bom para mim, pois vou fazer a síntese de um trabalho de 41 anos no activo, mas os trabalhos ditos manuais não me vão abandonar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Na semana que passou


Na semana que passou assisti a dois espectáculos de que gostei muito. Em primeiro lugar o Quebra Nozes, no teatro de S. Carlos, no qual o meu filho mais novo dançava o papel principal. A sala estava cheia de famílias com crianças e a versão do coreógrafo permitiu que imensos estudantes do conservatório entrassem no bailado, crianças a ver outras crianças a dançar, o que foi muito pedagógico e interessante. O Armando jorge foi justamente condecorado pelo Presidente da República, depois de ter estado tanto tempo à frente desta companhia e ter sido seu fundador.
O outro espectáculo foi em Alpiarça, numa sessão onde foi apresentada a candidatura do QREN para recuperação dos Patudos, a nível do edifício e da reprogramação do Museu, equipa da qual faço parte e terminou com um espectáculo de trechos de ópera para concerto «Homenagem a G. Puccini», pelos Solistas Ibéricos, grupo de sopros e pelo barítono Luís Rodrigues, pelo tenor Pedro Chaves e pela soprano Sónia Alcobaça que foi uma verdadeira surpresa, uma voz fantástica, uma jovem promissora. Eu às vezes fico parva com coisas que se passam no nosso país, o ano passado fiz uma assinatura para os espectáculos de ópera do S. Carlos e foram entregues os papéis principais a cantores estrangeiros, de segunda categoria que foram alvo de inúmeras críticas. Como é possível isto se temos jovens de imensa categoria? Qual o apoio que o Estado Português dá aos nossos artistas?
O narrador Jorge Rodrigues foi eloquente, pedagógico e despertou para o prazer deste tipo de música um público fora dos meios citadinos. O pianista Giovanni Andreoli acompanhou muito bem este espectáculo. Fiquei particularmente comovida com a interpretação de «Visse d'arte, Visse dámore» da ópera Tosca de Puccini, por Sónia Alcobaça.
Ver sobre a Companhia Nacional de Bailado em http://www.cnb.pt/

sábado, 29 de novembro de 2008


Ao passar pelo espelho parou, olhou e tornou a olhar. Foi buscar o outro espelho, aquele que aumenta sem piedade. Pior do que as rugas, as pequenas manchas que começam a aparecer na pele e a carne outrora rija, um pouco descaída. O brilho dos olhos era o mesmo, um brilho que sempre a acompanhou, um desejo de que aquele olhar veja sempre em frente, um olhar que observa um dia de cada vez. Às vezes ela tinha a ilusão de que nunca envelheceria, que chegava a uma certa idade e parava, só se confrontou pela primeira vez com a realidade quando tirou a foto para o último cartão de identidade, aquele que tem validade por dez anos e olhou a sua imagem no que tinha caducado. Que diferença em tão pouco tempo.
A solução é misturar a vida de todos os dias com uma mescla de sonho q.b., a realidade nua e crua com a ilusão criada por si. Eu sou jovem de espírito pensa ela, quando afasta o espelho, é o que mais interessa e ri-se desta encenação.
O segredo está em sair de casa encontrar-se com pessoas, conhecidas ou não, viver, respirar e agradecer o que de bom se tem em cada dia. O Saramago se a lesse acharia que ela é ridícula, pois o mundo segundo a perspectiva dele é negro e cego e ela tem pensamentos de esperança e encontra por aqui e por ali pequenos nichos de felicidade e de alegria, apesar do caos que sente no mundo que a rodeia, apesar da agressividade com que é confrontada de vez em quando, seja por quem for.
Olha a nesga de oceano pela sua janela, as árvores no outono despem-se de folhas e aproximando-se o inverno ficam nuas e aguardam com esperança os primeiros sinais de Primavera e as folhinhas verdes e tenras que vão aparecer.
O seu dia a dia passa pelas quatro estações, às vezes melancólica, às vezes nua, mas sempre com esperança das novas folhas e do sol.
Nunca tinha feito operações estéticas, nem tratamento que repuxa e não vai fazer nunca. Massagens e outras técnicas para aliviar o corpo e a alma sim, mas meter o bisturi e puxar a pele para detrás das orelhas ou ir tirar pele às pernas para colocar no rosto, não o fará. Como está a emagrecer, devagar mas está, pensou ela talvez tenha que tirar algumas peles e então não poderá dizer, desta água não beberei, mas para onde irá a pele excedentária, para o lixo? Que horror, bocados de si que se deitam fora como se fossem papel de embrulho. Bem, concluiu ela, para divagações por hoje chega.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Três dias de avó











A minha filha mais nova pediu-me para tomar conta da minha neta na sua casa em Lisboa, pois a pequenita ficou com febre. O início desta actividade começou ontem e vai terminar sexta-feira. Tem sido um grande reboliço: plasticinas, histórias, desenhos, brincar ao faz de conta, puzles etc., até de burro eu fiz com ela pendurada nas minhas costas.
Aproveito esta oportunidade que ela está a dormir para actualizar o meu blogue. Com dois anos já me diz, «assim estou melhor» ou quando eu vou pegar em qualquer coisa pesada, ela levanta o dedo e diz «cuidado avó».
Sinto-me feliz de poder contribuir para o desabrochar desta criança e colmatar as lacunas que tive na infância dos meus filhos em que eu imatura, não tive a total atenção para estes momentos, pois só pensava em trabalho. Eu «sonhei» que tinha sido a melhor mãe do mundo, mas perante as críticas de alguns dos meus filhos, sinto que afinal existiram muitas falhas, que não foram conscientes, pois sempre acreditei estar a fazer o meu melhor.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ontem foi um dia invulgar







Ontem foi um dia invulgar nos meus quotidianos, juntou-se a família do meu marido na casa de férias de campo do meu sogro no Ribatejo. O dia estava aprazível e as várias gerações conviveram cordialmente, por iniciativa de uma pessoa que veio de fora e entrou na vida do pai do meu marido, após ele ter enviuvado do segundo casamento. Ela é uma mulher do Norte, encantadora, e gosta de sentir gente à sua volta. Senti algo de estranho pois é uma situação que não ocorre muitas vezes durante o ano tirando alguns aniversários dos mais idosos. É uma família um pouco fria e debruçada sobre si própria. Esta foi uma tentativa que resultou numa tarde agradável, mas a verdade é que nós não escolhemos a família e é impossível gostar verdadeiramente de alguns deles, mas estou numa fase de pacificação, apesar de não querer aprofundar muito estes encontros. Quero estar ao pé de pessoas com quem empatizo e me sinto bem, e família, família são as minhas filhas e filhos e futuros netos e alguns amigos que se se vão tornando imprescíndiveis, no entanto foi agradável estar em contacto com a mãe natureza.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Algumas novidades

O jornalista que me fez a entrevista no Museu do Trabalho, aquando da minha apresentação do livro «A vinha e o vinho de Carcavelos», colocou-o no Youtube. É só procurar por «A vinha e o vinho de Carcavelos». Foi uma entrevista de surpresa. Eu estou a dar a entrevista na mercearia que montei no museu.
Depois quero falar-vos de coisas banais. Continuo a tratar de mim, desta vez fui à depilação. Porque é que as mulheres têm que se depilar? E infelizmente com o passar dos anos os pelos sobem e aparecem alguns no queixo. É uma tarde de relaxamento quando vou de dois em dois meses à depilação no inverno e mês a mês no Verão: depilação de pernas, axilas, buço, sobrancelhas, tratamento de pele e tirar com uma horrível pinça eléctrica os pelos do queixo. E por que é que eu faço isso? Porque tenho horror de me parecer com algumas mulheres do século XIX e XX que tinham bigode e barba. Com a ditadura da imagem que todos os dias entra na nossa casa pela 4ª. janela, é impossível não fazer estes tratamentos. Hoje vou à acupunctura e massagem, mas primeiro vou passar pela minha médica que me acompanha no regime para emagrecer, para lhe dizer que os objectivos estão a ser lentamente cumpridos. Que triste sina, mulheres da da minha faixa etária.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ontem pela noite dentro...


Ontem pela noite dentro vi na Sic Notícias uma reportagem sobre o Tibete. Foram entrevistados dos monges tibetanos, uma mulher e um homem que conseguiram ao fim de longos anos serem salvos e foram viver um para a Índia e outra para a América, devido à pressão internacional que obrigou o governo chinês a libertá-los das prisões imundas.


O que mais me chocou e me fez sentir envergonhada foi a capacidade de resistência e sofrimento de jovens que tinham treze e quinze anos quando foram presos pelos chineses. O que eles passaram de torturas foi indiscritível e sempre firmes na sua fé.


Ter fé é sem dúvida uma graça e ela ajuda-nos a perdoar-nos e a aceitar com resignação as escolhas que fizemos. Ás vezes pouco podemos fazer porque estão outros envolvidos, mas a meditação e a oração fortalece-nos, quando é verdadeira, mas somos tão incoerentes e fracos por vezes, mas o mais importante é percebermos se o mal que fizemos durante a nossa vida foi premeditado ou com a consciência serena de que era aquilo o possível no momento e isso tranquiliza qualquer ser humano, apesar de que por vezes os sonhos que temos para a última etapa da vida não se podem concretizar como os desejamos, porque temos que cerzir os rasgos que fizemos e ocupar o tempo nisso.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Arranjar as unhas e escolher um verniz dentro das «tendências»


Gosto de uma vez por mês ir arranjar as unhas das mãos e as unhas dos pés. Gosto do ritual e das conversas que se estabelecem entre mim e quem executa o serviço. A minha manicure e pedicure é uma mulher muito interessante e sofrida, mas com um energia e uma vontade de viver imensa. A pouco e pouco estas pessoas vão fazendo parte da minha família. Ela desabafa muito comigo e eu sou uma ouvinte atenta. Não há dúvida que além do confessionário e da cadeira do psicanalista, existem outros locais onde as pessoas costumam desabafar, a cadeira do barbeiro e do cabeleireiro a da manicure e da pedicure, o divã das massagens ou da acupunctura, etc., etc.
Fiquei a saber que os vernizes deste ano seguem como sempre as tendências da moda. No mês passado escolhi cinzento desta vez optei por um vermelho escuro e gosto. já agora para quem não saiba já não se diz «vou fazer unhas de gel» mas sim «tenho uma marcação no gabinete de escultura de unhas»

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os bombeiros são verdadeiramente os soldados da paz


Ontem estive o dia inteiro a trabalhar para o livro do centenário dos Bombeiros. Estou na parte das entrevistas e é para mim um prazer ouvir as histórias que os carcavelenses têm para contar, como era o centro histórico na época da existência das quintas, as lojas, as pessoas, o bulício do dia a dia, os rituais, o quartel velho no meio daquele contexto urbanístico e os bombeiros.

Impresionou-me imenso a descrição de um fogo intenso onde morreram vinte e tal homens, o fogo da serra de Sintra nos anos sessenta. Não há dúvida que ao ouvir aqueles homens eu sinto que são verdadeiramente uns soldados da paz e arriscam na realidade a vida pelas pessoas.

Olhei para o rosto daquele velho comandante e pensei na coragem de quem sai do quartel para combater um grande fogo e não sabe se vai voltar, principalmente na época em que ele era jovem e no quartel não existiam as mesmas condições de hoje, e falou-me também do «contra fogo», que consiste no seguinte: quando o fogo sobe por exemplo uma colina ao chegar ao cimo e começar a descer, deve encontrar um outro fogo posto pelos bombeiros, para quando os dois fogos se encontrarem apagam-se porque já não existe combustão. Umas vezes corre bem e outras vezes corre mal, porque os ventos podem mudar de repente.

A investigação é sem dúvida uma das componentes mais interessantes da minha vida. À noite continuei com a manta para o meu filho Ricardo e hoje vou buscar à modista a manta já cosida e os lençois para o carrinho do meu neto que vai nascer e levo os panos egípcios que eu comprei no Cairo para fazer uns novos cortinados para o meu quarto, brevemente colocarei aqui muitas imagens.

domingo, 16 de novembro de 2008

Hoje fiz um almoço inteiro com a Bimby para alguns amigos meus


Hoje começei a fazer o almoço às 12h00 e terminou às 13h30. Almoço completo; sopa de alho francês, puré de batata (com batatas), saladas de vegetais crua com marisco e maionese, bifes com molho especial, gelado de framboesa (claro que depois fiz salada para acompanhar, fruta, café etc.).
A bimby é o maximo, é um fogão com uma única panela que faz tudo, nunca mais a vou abandonar já que perdi um pouco o gosto por cozinhar, desde que tenho de comer tudo sem muito sal.
Quando vinham jantar a minha casa, fossem os meus filhos, fossem amigos, mandava vir de fora, com muita qualidade é certo, mas muito caro e crise é crise meus amigos.
Gosto das máquinas quando elas são realmente boas e eu oscilo entre o mais simples e artesanal e as novas tecnologias, a Bimby venceu cá em casa.
Quero cozinhar rápido, orgânico e que faça muito bem à saúde. A Bimby faz tudo e isso interessa-me. Poupo e é um desafio para mim.

sábado, 15 de novembro de 2008

Voltei a Setúbal e reconciliei-me com a cidade





Voltei para apresentar o meu livro e reconciliei-me com a cidade. Quando entrei no museu senti dentro do peito um aperto grande. Estava ali o meu contributo de tantos anos e estavam ali alguns amigos com os quais eu vivi momentos de grande emoção, criatividade e crescimento. Soube-me bem estar a falar com eles, a recordar momentos e a pôr a conversa em dia.,só fazia sentido continuarmos a trabalhar ali em 2003 se tivessemos ficado todos juntos, mas a vida faz-nos constantemente o relatório das nossas opções. As pessoas foram chegando ao longo da tarde e o ambiente estava ameno.
Parti para casa contente e vou voltar mais vezes, fui convidada para apresentar o livro em Abril em Palmela e assim continuo a andar pelo país. Uma aposentada não pode parar, tem que estimular até morrer, o cérebro, as emoções, a memória, a inteligência e os afectos. Vou a partir de agora dar algumas dicas a mulheres da minha idade, sobre vários temas, talvez partilhemos vivências e conselhos, quem sabe?

Hoje vou voltar a Setúbal


Hoje vou voltar a Setúbal e a sensação que eu tenho é dúbia, por um lado sinto-me feliz por ir apresentar os meus livros e falar destes últimos quase seis anos de trabalho em Cascais, por ir ver pessoas que eu não encontro há anos e por ir recordar momentos entusiasmantes. Por outro lado, sinto que já não pertenço ali, ou talvez nunca tenha pertencido. Escolhemos por vezes caminhos que talvez não quisessemos que fossem esses e de repente já estamos no meio da estrada e não é possível, naquele momento, voltar para trás.
De Setúbal, só gosto da serra da Arrábida e do rio azul, de resto pouco me faz falta a não ser alguns amigos que lá deixei e que ainda hoje contactamos, mas também deixei desilusões, muito luto e recordação de algumas traições, mas sinto que ao fim de quase seis anos eu posso voltar, sem pena de lá ter ficado, porque esta terra que não é a minha terra fica muito longe da minha Lisboa, essa sim é o meu berço. Na Parede onde moro estou perto dela e vivo num autêntico paraíso de luz, mar e verdura, estas são as compensações por não viver em Lisboa.
Vou voltar a Setúbal onde já não tenho nada, vendi a casa, disse adeus aos museus que ajudei a construir de raiz e deixei num deles no Museu do Trabalho alguns objectos, uma carroça de cortiça que comprei no Baixo Alentejo nos anos setenta a um artesão que trabalhava na rua e algumas peças de loiça e garrafas da minha família para serem colocadas na Mercearia Liberdade, também por mim montada.
Já nada está sedimentado no corpo de forma dolorosa porque nunca voltaria para lá, jamais.
Hoje quero luz, quero sabedoria, quero ter momentos de felicidade e dar aos meus filhos e filhas, netos e netas aquilo que eu esbanjei pelos caminhos que percorri: amor, afecto, atenção e protecção, este é o caminho que eu quero.
Deus quando fecha uma porta, abre sempre uma janela e eu saltei....

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Hoje fui jantar a casa do meu filho mais novo e da sua mulher que vai ser mãe em Março







Hoje fui jantar à casa nova do meu filho e da minha nora e fiquei com os olhos fixos no novo candeeiro que eles compraram num antiquário. É nada mais nada menos do que um antigo candeeiro de hotel que era ao mesmo tempo cinzeiro, achei lindo. Gostei imenso como eles estão a decorar com tanto amor a sua casa.

A refeição estava óptima, eles são vegetarianos por filosofia de vida e a minha nora tornou-se uma excelente cozinheira, acumulando o trabalho de dona de casa com a sua profissão de bailarina, temporariamente parada por estar a caminhar para o sexto mês de gravidez.


Adoro a sua casa minimalista com um Santo António a espreitar na mesinha. O meu futuro neto António Maria vai ser baptizado no dia de Santo António. Enfim foi um dia feliz.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Entramos agora numa nova fase. O mundo tornou-se multilateral e o hegemonismo americano arrogante vai desaparecer. É preciso ter isso em conta. Como o multiculturalismo e o multirracismo. O mundo é cada vez mais um só". Mário Soares, "Diário de Notícias", 11-11-2008

Esta é uma frase de esperança e eu também partilho este mesmo pensamento positivo. Há quanto tempo que eu desejo uma viragem no mundo. Aguardemos com calma, pois em Janeiro Obama tomará posse e além disso eu penso que a mulher dele não vai ter um papel passivo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Carlos Porto morreu



O Carlos Porto morreu há dias e pouca gente falou nele. Foi um dos críticos de teatro da minha juventude e devo-lhe a ele sem o conhecer fisicamente, somente pela escrita, uma orientação do melhor teatro que se fazia em Portugal. Era assertivo, argumentativo e conhecedor da matéria.
Foi através dele que fui ver «A cozinha», no antigo teatro experimental da antiga Feira Popular, o «António Marinheiro», com a Maria Lalande e a Eunice Munõz, as «Árvores morrem de pé» e «A Visita da velha senhora» com a Amélia Rey Colaço, o grupo quatro quando apareceu e a Comuna.
Tanto teatro que eu vi na minha juventude e tanto teatro que eu fiz, primeiro no Teatro do Grupo de trabalhadores da Fima - Lever e mais tarde no início dos anos setenta no teatro de Campolide, onde conheci o Carlos Paredes e o Benitez, aí recordo «O avançado do centro morre ao amanhecer» e «D. Quixote e Sancho Pança» e outras. Foram momentos muito bons, assim como as idas ao cineclube da Avenida Pedro Álvares Cabral.
Tenho muita pena de não ir tanto ao cinema como ia. É dos prazeres maiores que eu tenho e ao teatro ainda menos vou. Cinema vejo em casa, tenho uma colecção razoável e faço o possível por ir ver no ecrã gigante os melhores filmes. O teatro tenho o da minha vida que é uma peça em muitos actos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Estou a começar a ter à séria uma verdadeira consciência ambiental


Já separo o lixo com uma decisão interior irreversível. Fui ontem comprar um jarro com filtro para a água da torneira, com o objectivo de deixar de comprar garrrafas e garrafões de plástico. Comprei uns sacos para eu e a minha empregada irmos às compras e não trazermos sacos de plástico para casa (uma parte significativa do oceano está cheio de plásticos). Contaram-me que numa praia do Líbano, quando a maré esvazia a areia fica atulhada de plásticos.
Tenho lâmpadas de menor w e quando acabarem as outras só vou ter cá em casa destas. Faço o possível por comprar produtos biológicos, mas ainda me falta tanta coisa. Uma delas é desfazer-me de muitos objectos desnecessários que tenho em casa, e livrar-me do consumo supérfluo e ligar-me em espírito à energia universal.
Como é triste só agora com esta idade começar a ter este objectivo, o tempo demasiado ocupado da minha vida fez com que eu a tivesse vivido de forma galopante sem ter em atenção as pequenas coisas e desperdiçei tanto, não dei toda a atenção que devia aos meus filhos e filhas na ânsia de lhes proporcionar uma melhor vida e afinal a grande qualidade devia estar na atenção e no tempo que devia ter passado com eles e nas pequenas coisas que nos tornam felizes e fazem felizes os outros. Tento recuperar o tempo perdido e fazer isso agora. Quero muito sinceramente viver uma vida simples (não se entenda simplória), no sentido de atingir alguma sabedoria, saúde e se possível momentos de grande felicidade.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A América está em mudança. Foi uma grande vitória


Não há dúvida que quando as pessoas querem mesmo mudar, nada as detém. Penso que ontem se cumpriu o que há muito o povo negro americano merecia. Um presidente negro, um presidente que mostrasse a existência de uma parte imensa do povo americano que viveu nos seus antepassados a escravatura e a discriminação.
Obama é dez vezes mais culto do que o Bush e mostra que quando qualquer raça tem as mesmas oportunidades consegue desenvolver a sua inteligência e as suas aptidões. Estou verdadeiramente satisfeita e penso que se Martin Luther King estivesse vivo diria que finalmente se tinha cumprido o seu sonho. Vamos ver agora como vai ser possível resolver a situação económica catastrófica com que Bush deixou a América.
Faz sentido nesta hora lembrar Jorge Sena:
QUEM A TEM...

Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.


Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo

e me queiram cego e mudo
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

(Jorge de Sena, Poesia II)



terça-feira, 4 de novembro de 2008

Para as minhas amigas online.... e outras, a Manus por exemplo.


Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

William Shakespeare

domingo, 2 de novembro de 2008

Hoje foi dia de leitura


Hoje li de um fôlego o livro do José Rodrigues dos Santos, «A vida num sopro», o seu último livro.
Li -o na totalidade, porque dediquei o dia à leitura e começei de manhã relativamente cedo. Nunca tinha lido nada dele e francamente achei que é uma literatura de massas, ou seja para o grande público. É um livro que retoma a formula clássica, uma intriga interessante com um amor contrariado pelo meio, uma época que aviva a memória de muita gente «Estado Novo» e a Guerra Civil de Espanha. Não há dúvida que há muita informação e a contextualização está bem feita, tanto a nível factual, como no linguarejar transmontano, mas não traz nada de novo. Terá no entanto um mérito, porá muita gente a ler porque tem todos os condimentos que agradará ao cidadão comum, não tem nada a ver com um Saramago ou qualquer outro prémio Nobel. Esses livros fazem com que avancemos um pouco mais e operam transformações notáveis, eu não gosto de tudo o que o Saramago escreve, mas o «Ensaio sobre a Cegueira» é um livro universal, lido e entendido em qualquer parte do mundo pelos problemas que aborda.
Consegui também pôr as minhas meadas de lã todas organizadas em cestos (na semana passada consegui numa tarde ao som de Mozart enrolá-las todas) assim como dei um avanço quase final à colcha do António Maria, meu futuro neto.
E o Outono vai seguindo...


**




[...aqui vai um clássico:]


Verlaine, Chanson d'automne

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.
(...)