segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Maravilha.....






















Iniciei a formação no Baixo Alentejo com maravilhosas mertolenses. Eu tenho uma enorme costela mertolense, porque já descobri que o meu avô materno, os meus bisavós maternos e paternos são de lá. Adoro aquela gente. Aliás adoro os alentejanos e se um dia conseguir vou ao litoral na passagem para Mértola conhecer as minhas amigas on-line que lá vivem.
A formação foi interactiva e elas responderam lindamente, são queridas e entusiasmadas. Apesar de formações literárias diferentes integraram-se muito bem nos grupos. Falámos de objectos, de memórias, de partilha e de organização de actividades. Integro nos meus power-points experiências de outras amigas com quem eu aprendi tanto: Susana Gomes da Silva, Sara Barriga e Rita Canavarro e sempre a minha componente das comunidades, cada vez mais refinada, com experiências fabulosas. Todas trouxeram um objecto ao qual estivessem afectivamente ligadas e uma delas a Bia trouxe um porta-chaves feito por ela, num dia em que não tinha nada para fazer: numa simples argola de enfiar folhas ela colocou um minúsculo cestinho feito de um caroço de azeitona e dessa conjunção nasceu um porta-chaves. Imaginação mertolense posta à prova
Vou continuar com este grupo mais três semanas e depois com outro quatro semanas. Aproveito e entro por esse Alentejo maravilhoso com as suas paisagens verdes, com as ovelhas campaniças. Eu já me sinto campaniça. Fui até ao Arquivo Distrital de Beja e encontrei lá uma Olinda, espectacular funcionária que me vai ajudar a descobrir mais parentes alentejanos. Almocei num restaurante que recomendo «O Pulo do Lobo» e para terminar tenho a dizer o seguinte: se a minha filha mais velha não me levasse e não me trouxesse no seu carrinho até lá, eu não conseguia fazer esta formação. Obrigada minha filha.
Da nossa residencial víamos o Guadiana. Muito bom.
No domingo estive em Lisboa com os meus netos e a reviravolta na minha vida está quase a acontecer, aguardem amigos e amigas.
Ah já me esquecia, acabei de rever os textos para o futuro museu. Está quase a abrir. Surprise, surprise.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Adeus Parede, bom dia Alentejo


Canção para o Alentejo

Alentejo, Alentejo,
Vastidão de Portugal
Futuro, continental!
Terra lavrada, que vejo
A ser mar mas sem ter sal.

Ondas de trigo maduro
Onde mais ninguém se afoga:
Danças alegres da roga
Que vindima no meu Doiro
E vem colher o pão loiro
Da inteira fraternidade
Que falta a esta metade
De coração largo e moiro..

Miguel Torga

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vou iniciar finalmente a partir de amanhã a minha ida para o Alentejo


A partir de amanhã vou iniciar uma formação que durará oito semanas de quinta a sábado. Vou ter o prazer de estar com alentejanos e alentejanas a falar de museus e comunicação. Vou visitar o Alentejo profundo, as suas freguesias, as suas gentes. Vamos aprofundar o mundo das comunidades.
Vou fazer o possível que a formação seja o mais dinâmica e o mais lúdica possível. O meu lema vai ser: Exige muito de ti e pouco dos outros. Os outros te darão o que quiserem dar. A vida é curta e não vale a pena ter ressentimentos de ninguém. A quem eu ajudei e ensinei tudo o que sabia e hoje não se lembram de mim foram substituídos por outros que são filhas e filhos museológicos por esse país fora. Amigos e amigas para sempre.
Estou a rejuvenescer, estou a dormir bem e as horas necessárias. Estou a trabalhar, estou a produzir.
Sei que há uma velhota com cem anos para o sítio onde eu vou e quero conhece-la. Quero beber da sua sabedoria. Estou feliz, hoje estou feliz, cada vez mais me vou libertando das amarras psicológicas e dependências de vária ordem. Aprender a viver com pouco, retirar o supérfluo da minha existência. Usufruir da natureza e da convivência com a multiculturalidade. Aprender, aprender sempre até ao fim da vida. Viver sem ânsia de poder, com projectos inovadores de uma forma constante, mas livre, livre.
Muito sabe quem conhece a própria ignorância.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Adormecer com ...

Certeza

Se é real a luz branca
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?

Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.

Octavio Paz, in "Dias Hábeis"
Tradução de Luis Pignatelli

Levantei-me e li esta notícia do Público.

Cavaco é o Presidente eleito com menos votos

São José Almeida

Era o seu objectivo expresso durante a campanha e atingiu-o. Cavaco Silva foi reeleito Presidente da República, fugindo a uma segunda volta. Obteve 52,94% dos votos, ultrapassando a percentagem com que foi eleito há cinco anos, 50,54%. Mas não terá atingido os 2.773.431 votos de há cinco anos, ficou-se pelos 2.230.104, quando estavam apuradas todas as freguesias, perdendo assim mais de meio milhão de votos.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Adormecer com Chico Buarque

"Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão"


Acordei com «O Outro - Clarice Lispector»

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eu assino por baixo

JOÃO MARCELINO
CANAL LIVRE

Uma campanha perdida

por JOÃO MARCELINO

1. Acabamos de assistir à mais desinteressante campanha eleitoral de sempre, o que não pressagia nada de bom em termos da abstenção.

Na boca dos candidatos faltaram os projectos e o pensamento estruturado, sobraram as conversas laterais e as questões de carácter; na rua restaram pouco mais do que os militantes dos partidos. As campanhas em que os presidentes da República se apresentam à reeleição têm sido sempre vulgares, como aconteceu com Soares/Basílio Horta ou Jorge Sampaio/Ferreira do Amaral, mas esta abusou pela negativa.

2. As culpas podem ser repartidas. Cavaco Silva não apresentou uma ideia nova. Limitou-se a agitar a sua inocência em relação ao estado em que o País se encontra, a reclamar honestidade pessoal e a prometer, às segundas, quartas e sextas, acabar com o Governo, e às terças e quintas, face às reacções, a dizer que não era bem assim. Pelo meio, abusou da inteligência dos portugueses (exemplo: a forma como diz que gere as suas poupanças). Cavaco não se comprometeu com o que quer que seja, a não ser com a inevitável Constituição, e sai desta campanha como nela entrou e tal como desempenhou o cargo nos últimos anos, cumprindo os mínimos. Não promete nem se compromete.

Manuel Alegre pagou o preço de se ter deixado integrar no sistema. Entre o PS e o Bloco de Esquerda perdeu autenticidade e, segundo as sondagens, parece não ter ganho votos em relação a 2006. É um homem generoso em termos do ideal de sociedade que pretende, mas a política também deve ter sentido e coerência na acção.

Fernando Nobre trouxe solidariedade para dar e vender, mas acabou esgotado e fora de controlo: a afirmação de que só desistiria se lhe dessem "um tiro na cabeça" é o exemplo acabado de desnorte e de inépcia política.

Francisco Lopes acabou por ser uma surpresa positiva, porque comunica bem, mas, como se esperava, limitou-se a repetir pela enésima vez o argumentário do PCP.

Defensor Moura, médico e autarca respeitado, prestou-se ao serviço, limitado, de enervar Cavaco, e terá brevemente um justo prémio atribuído pela oligarquia socialista.

E José Manuel Coelho introduziu o papel de jogral na campanha, o que sendo uma possibilidade em democracia não era habitual em Portugal. Os 7500 portugueses que lhe assinaram a candidatura provavelmente não o quererão como presidente. Mas vêem-no como uma mensagem que a classe política merece ouvir.

3. Depois disto, a partir de amanhã, voltaremos ao dia-a-dia, com um Governo em dificuldades e um Presidente que não desperta emoções - os portugueses vão às urnas, sobretudo, eleger o menos mau dos candidatos, o menos perigoso para o País, o mais previsível. Admito até, a partir de agora, que o presidente eleito não possa, nunca mais, falar com arrogância e superioridade moral neste País de negócios esquisitos. Até isso esta maldita campanha nos tirou.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Fui ver os meus netos...

Fui ver os meus netos e jantámos todos em conjunto uma bela refeição vegetariana. Eles estão lindos e com uma boa saúde. Queridas e adoradas crianças.




Passo às vezes muitas horas a desenhar










terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Hoje estou doente, passei o dia na cama...

Esta poesia para me animar:

Tenho uma Grande Constipação

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mais uma festa de anos da minha filha mais velha.




Foi uma tarde sossegada a festa de anos da minha filha mais velha. A grande surpresa foi o bolo de anos ter sido feito pelas minhas netas e pela minha filha mais nova. O Antoninho e a mãe estavam com gripe por isso faltaram ao convívio. A Francisca desenhou três borboletas a borboleta avó, a borboleta mãe e a borboleta filha. Adorei. Vou fazer-lhe uma surpresa com este desenho. As bonecas multiculturais já habitam tanto na casa da mãe das minhas netas como na minha casa. É desde muito pequenas que devem compreender e respeitar a diversidade das populações existentes no planeta.

domingo, 16 de janeiro de 2011

De manhã uma comunicação na Universidade Nova à tarde o almoço da Maria Alcina

















O sábado 15 foi um dia muito agitado: de manhã fui apresentar uma comunicação no âmbito da museologia, a convite da vice-directora do ICM. No dia anterior estive em casa da Molc até às três da manhã para organizarmos a mesa redonda. O Victor Mestre foi um querido porque veio trazer-me a casa e no dia seguinte já estava cá às oito da manhã para levar-me à Faculdade. As comunicações foram muito interessantes e fundamentais para os dias de hoje no que toca à investigação e programação museológica. Eu apresentei o meu projecto e segundo a Molc o Benjamim Pereira gostou muito e quer falar comigo. Já tinha anteriormente gostado do trabalho sobre o vinho, pois eu ofereci-lhe o meu livro. É uma honra ter opiniões tão abalizadas como a do Benjamim, ele que é um monstro no mundo da museologia portuguesa. Vou convidá-lo para a inauguração do novo museu. O resto do grupo fez comunicações óptimas, a Molc como sempre e a do Victor Mestre fantástica, é sem sombra de dúvida um dos melhores arquitectos com uma visão antropológica dos lugares e do património que existe em Portugal.
Com muita pena minha tive que sair às 13h porque tinha de ir para o «Faz Figura», restaurante com uma vista fantástica sobre o Tejo que se situa no Bairro de S. Vicente, um bairro lindo de Lisboa, estavam quarenta e tal amigos e familiares da Maria Alcina que fazia setenta anos, mas que parece ter menos dez, tem uma figura óptima e um sorriso lindo. A cabeça toda branca dá-lhe uma elegância extraordinária. A maioria dos convidados eram médicos, médicas, enfermeiras, enfermeiros, pois ela foi durante muito anos professora de Saúde Pública e também foi enfermeira em várias instituições, sempre muito respeitada pela sua categoria profissional, competência e qualidades humanas, não foi de estranhar que entre as suas amigas estivesse a ministra da saúde com quem trabalhou e que não quis deixar de estar presente neste dia tão lindo. Linda também estava ela e foi sempre uma figura muito agradável junto dos seus convidados, estava lá a Pizinha mais o António Luís, a Goreti e o Constantino que gostei imenso de o ver, a Maria Emília e a Antónia que são da nossa associação. Adorei ter estado nesta festa de aniversário tão simpática, junto de uma pessoa tão querida como é a Maria Alcina que quando apagou as velas chamou outros convidados que também faziam anos e apagaram as velas em conjunto..
Depois desci a rua dos Remédios acompanhada de amigos e de um Ferdinando muito simpático que nos mostrou todas as casas de fado vadio para o nosso projecto de fado com o outro grupo de amigos que eu tenho. Enfim tudo do melhor neste dia.