sábado, 31 de maio de 2008

Obrigada entre parentes, minha irmã

Obrigada entre parentes, minha irmã
Já estou no teu clube amanhã
Que é o dia 1 de Junho, o da libertação
E verás que vou entrar qual vulcão
Ainda tenho muita matéria incandescente para dar, o i é
E não foi em vão que trabalhei no IEM, pois é
Vou deixar para trás, aulas, autarquias, museus, pois então
O que eu quero agora é danças de salão
Ginástica, dieta, praia e i é é
Ficar meus irmão como a Mané
Ó Mena deixa lá a reposição e o IEM
Dele só podes ficar com o Tulicreme
E um conselho eu vou dar às avós, Gracinha, Lili e Babinho
Quando estiverem aos netos a limpar o rabinho
Ponham a girar um rock aperretado
E movam o corpo num toque sincopado
Só têm esta vida para viver e apreciar
Conselhos de quem se está a aposentar.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

RAP DA REFORMA - ME AGUARDEM

ESTOU FINALMENTE REFORMADA/OIÉ
Vou ser livre de horários/obrigações/complicações/bué
Posso-me levantar à hora que eu quiser/meu irmão
Ir à praia/ à ginástica/e às danças de salão
Eu vou voltar a viver podem crer
E agora ninguém me agarra/vão ver
Vou fazer dieta e tratamentos de cosmética
Vou colocar implantes e outros tantes
Vou tirar as rugas/as verrugas e os joanetes
Quando me virem nem vão acreditar
A nova Aninhas vai dar que falar.......

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Bela frase

(...)Para a glória estou-me marimbando. Já para o tempo, não.

Torrente Ballester

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O lançamento do meu livro foi muito bom. Estiveram cerca de 250 pessoas.

Estou contente. O meu livro foi apresentado pelo Presidente da Câmara de Cascais e foi ele que também fez o prefácio. Estou na Quinta das Encostas de 3ª. a domingo para vos fazer visitas guiadas. Apareçam lá.
Viva Carcavelos e o seu vinho. É um património local e uma memória colectiva desde o século XVIII.

sábado, 17 de maio de 2008

Pablo Neruda sempre

Pablo Neruda

Angela Adonica

Hoje deitei-me junto a uma jovem pura
como se na margem de um oceano branco,
como se no centro de uma ardente estrela
de lento espaço.
Do seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca,
em transparentes e profundos círculos
de fresca força.
Seu peito como um fogo de duas chamas
ardía em duas regiões levantado,
e num duplo rio chegava a seus pés,
grandes e claros.
Um clima de ouro madrugava apenas
as diurnas longitudes do seu corpo
enchendo-o de frutas extendidas
e oculto fogo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rosa Ramalho. Que saudade


Conhecia-a em 1969 e ainda conservo o Santo António que me deu nessa altura. Era baixinha e seca de carnes, mas viva muito viva aos setenta e nove anos. Ainda recordo as suas palavras: «tome lá santinha para casar bem». Hoje nenhum barrista dos mais afamados me daria por dá cá aquela palha, um boneco feito por ele, mesmo que tenha sido feito em série.
Passados uns anos fiz um trabalho sobre ela para uma cadeira do António José Saraiva, e conhecia-a melhor. Era genial e geniosa, sobredotada mesmo.
Ontem ao despedir-me disse a um das bisnetas que vende agora as peças de Júlia Ramalho, sua mãe e neta de Rosa que lhe transmitiu o testemunho «conheci a sua bisavó em 1969» e ela respondeu «olhe, nessa altura eu ainda não tinha nascido». Saí e constatei que já cá cantam uns bons anos.

Barcelos que surpresa. Está bem e recomenda-se


sexta-feira, 9 de maio de 2008

Maquete do futuro «Museu da Vinha e do Vinho de Carcavelos»


Ai como eu detesto o dia da inauguração de um museu ou de uma grande exposição.....

O dia da inauguração de um museu é uma feira de vaidades. Nós dos museus não conhecemos a grande maioria da pessoas que lá estão e depressa sabemos porquê. À saída, no parque de estacionamento, acumulam-se os carros dos ministérios e os respectivos motoristas . São dos políticos, dos técnicos políticos, dos homens do «aparelho», etc.
Passam a correr pela exposição e não deixam ninguém ver nada, porque são aos magotes e querem ser vistos na primeira linha, no lugar onde estão os meios de comunicação. Empurram para cumprimentar este e aquele e assaltam o cocktail para não terem que jantar nesse dia.
Sobretudo cumprimentam-se com um só beijinho, é claro, é de bom tom e falam de tudo menos do museu e da exposição que supostamente estiveram a ver.
Ai como eu detesto ir e se vou é por razões familiares, mas acreditem que só nessas circunstâncias eu vou, porque o que eu gosto é de ver o museu numa hora sossegada, calma, contemplando o que a arte e o génio do homem proporciona de deleite e prazer ao mundo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Museu do Oriente abre portas a 8 de Maio




«Fundação Oriente prestes a celebrar 20.º aniversário
A data é definitiva. Será no mês dos museus e, também, no ano em que a Fundação Oriente (FO) comemora o seu 20.º aniversário: projecto com duas décadas, por várias vezes adiado por vicissitudes de localização, o Museu do Oriente abrirá as suas portas ao público a 8 de Maio. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da FO, Carlos Monjardino, na apresentação do museu que, sedeado no Edifício Pedro Álvares Cabral, em Alcântara, dará novos usos ao antigo complexo de armazéns frigoríficos do Porto de Lisboa, projectado pelo arquitecto João Simões, em 1939.Resultado de um investimento de "25 a 30 milhões de euros" e adaptado sob projecto de Carrilho da Graça e Rui Francisco, o museu respeitará a traça original e os baixos-relevos de Barata-Feyo apostos na fachada. Terá um jardim, concebido por Gonçalo Ribeiro Telles, e o acesso, por transporte público, à zona portuária será facilitado: após negociações com a Carris, uma carreira de autocarro circulará pela faixa interior, circunstância que ajudará equipamentos culturais vizinhos como o Museu da Electricidade.

O acervo da Fundação (projecto museológico da responsabilidade de Fernando António Baptista Pereira; direcção de Natália Correia Guedes) partilhará ainda a sua casa com um conjunto de colecções externas de idêntica temática. Provenientes do Museu Machado de Castro, em Coimbra, colecções doadas ao Estado como as de Camilo Pessanha e Teixeira Gomes ficarão aqui integradas, em regime de depósito de longa duração. Em regime de empréstimo, figurarão também peças, entre outros, da Fundação da Casa de Bragança, museus Militar, de Arte Antiga e do Traje, Arqueológico do Carmo e de Antropologia da Universidade de Coimbra, bem como de privados.Actualmente classificado como Valor Concelhio, o Edifício Pedro Álvares Cabral aguarda, por pedido da Fundação ao IGESPAR, uma reclassificação como Imóvel de Interesse Público. »

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Amigos bloguistas, quero ouvir a vossa opinião...

Estou realmente a viver uma outra dimensão da minha existência. Preparada e ansiosa pela reforma, desejo verdadeiramente começar a viver. Isto parece estranho, mas na realidade o trabalho ensanduichado num horário stressante, vai esgotando lentamente o corpo e o espírito, não contando evidentemente com algumas tarefas que são insuportáveis de realizar. A reforma tem de ser o reviver duma existência perdida aqui e ali.
Levantar às horas que eu quiser, passear, ler, fazer yoga se me apetecer. Projectos os que eu quiser aceitar, tenho dois livros na calha com prazos dilatados. Estar com a neta todo o tempo que for possível, viajar, pintar e procurar lugares de meditação e paz. Tratar do corpo e do meu eu, com uma vontade obstinada.
Sei efectivamente o que não quero fazer. Não quero encontrar lugares onde eu sofri por exemplo, onde tive desilusões e mágoa, onde dei os melhores anos da minha vida e recebi tão pouco.
Estou a vender a minha casa de Setúbal, faço a escritura a 27 e vou imediatamente mudar o cartão de eleitor. Quero cortar o cordão umbilical com esta cidade. As cinzas estão à volta da cratera e eu não quero avivar o vulcão.
Quero acreditar no horizonte que é azul ao longe como o nome do meu blogue. Azul que te quero azul. Tenho vontade de mergulhar os meus pés na espuma dos dias e dos mares.
Quero voltar a viver de uma forma intensa e desejada. Termino com Sofia de Mello Breyner, que ilustra o meu estado actual.....
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.

terça-feira, 6 de maio de 2008

ARRE, que tanto é muito pouco

ARRE, que tanto é muito pouco!
Arre, que tanta besta é muito pouca gente!
Arre, que o Portugal que se vê é só isto!
Deixem ver o Portugal que não deixam ver!
Deixem que se veja, que esse é que é Portugal!
Ponto.
Agora começa o Manifesto:
Arre!Arre!
Oiçam bem:ARRRRRE!
Álvaro de Campos - Poesias

segunda-feira, 5 de maio de 2008

À DESCOBERTA DO AMOR

Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum. Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite. Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama. Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou. Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar. Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende. Enche-te de esperança e vive á sua luz. Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar. Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo.
Mahatma Gandhi

Não deixe o amor passar

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.
Carlos Drummond de Andrade

domingo, 4 de maio de 2008

Se eu pudesse...


Se eu pudesse dizer-te aqui e agora

O que para mim é importante nesta etapa do meu viver

Eu dir-te-ia que era parar e fazer um balanço

Como as empresas que no fim do ano civil

Inventariam os bens que têm em armazém


Faria um levantamento exaustivo dos sonhos que ainda não realizei

Das viagens que me faltam fazer

Dos oceanos escrevinhados de azul que ainda não percorri

Uns tantos que eu não ajudei

Os amores que não vivi

As recordações boas que eu não guardei

A vida por reinventar


Faria uma maquilhagem ao meu coração

Aos meus olhos e aos meus lábios

Para apagar o que não interessa

E sobressair com as cores do arco iris

Aquilo que me faz sentir viva


Não quero sentir dentro de mim o amargo das malaguetas

Sem água para saciar

Quero sentir o veludo dos momentos luminosos

E sentir paz e vontade de olhar o mundo com outros olhos

Apesar daquilo que vejo seja um cinzento metálico

cintilante e duro


Quero encontar amigos on-line que me entendam

Aos quais eu possa dizer: olá, então por cá?



sábado, 3 de maio de 2008

Mãe

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traz tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue verdadeiro, encarnado! Eu ainda não fiz viagens E a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar. Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe!
Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exatamente para a nossa casa, como a mesa. Como a mesa.
Mãe!
Passa a tua mão pela minha cabeça! Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

1º de Maio de 1974


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Quando é que eu posso dizer: hoje é o primeiro dia do resto da minha vida.

Dia 8 de Janeiro de 2008
Acabei de deixar a secção de recursos humanos da C.M.C, com o coração quase a saltar-me do peito. Fui pedir a reforma. Que alegria.
Afinal com todos os anos descontados para a Caixa Geral de Aposentações e para a Segurança Social prefiz até hoje 39 anos e 33 dias de trabalho e só no dia 3 de Janeiro deste ano, O ISS me enviou a declaração, depois de eu andar por montes e vales durante oito penosos meses à procura e à espera da validação dos descontos nas várias firmas onde eu fiz inquéritos, de forma intermitente, enquanto estudava. Quanto aos descontos para a CGA, através da CMC pedi a contagem do tempo .
Fui professora e ainda sou e vim para o mundo dos museus....
Hoje sinto-me livre, tenho imensos projectos museológicos e de investigação, que vou fazer com toda a calma. Leventar-me-ei às horas que eu muito bem me apetecer e farei o horário de lazer e de trabalho ao meu ritmo de hoje, que desejo calmo e paciente.
O doutoramento vai prosseguir, com lentidão...hehehe ainda sou jovem.
Dia 14 de Fevereiro de 2008
Os papéis já entraram na Caixa Nacional de Aposentações. É preciso aguardar com calma
Dia 18 de Abril de 2008
Os papéis já sairam para a Caixa Nacional de Pensões para a confirmação. Só faltam duas etapas. Conto no Verão estar reformada.
Anad
Fim de semana
Estirado na areia, a olhar o azul, ainda me treme o parvalhão do corpo, do que houve que fazer para ganhar o nosso, do que houve que esburgar para limpar o osso, do que houve que descer para alcançar o céu, já não digo esse de Vossa Reverência, mas este onde estou, de azul e areia, para onde, aos milhares, nos abalançamos, como quem, às pressas, o corpo semeia.
Alexandre O´Neill Poesias Completas 1951/1981 Biblioteca de Autores Portugueses Imprensa Nacional Casa da Moeda

Tenho uma filha adoptiva

Decidi este ano dar um donativo a uma menina necessitada, de 15 anos, que vive no sul da Índia. Ela vive com a sua mãe e trabalha muito. Sabemos que as mulheres sofrem na Índia, por factores culturais os homens são mais considerados. Todos os meses darei 32 euros, e, quem sabe, um dia vou visitá-la. Aguardo com entusiasmo uma carta dela e saber pronunciar bem o seu nome.
(...) Entretanto já recebi uma carta dela. Está muito contente e deseja corresponder-se comigo para me dar conta da sua evolução escolar. Estou ligada neste momento à Índia através desta menina. Sempre sonhei com este país e com esta «filiação» é uma razão forte para o ir visitar.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Maio Maduro Maio

O BOATO - cena final da cómica/trágica da sociedade em geral

Gargarito veste o sobretudo, desce as escadas e de repente começa a chover. Dona Alzira aparece à janela com um chapéu de chuva pequenino e diz: Senhor Gargarito, não pode ir sem chapéu-de-chuva! E atira-o desastradamente para cima da cabeça. Gargarito cai no chão desamparadamente e tem novo ataque de tosse. Andrade assoma à janela e diz: Eu não disse? Nem umas escadas aguenta. Chamem uma ambulância. As colegas, em coro, murmuram: Coitadinho...Gargarito levanta-se e é logo amparado por algumas pessoas que o vêem na rua: Se calhar é um AVC. O meu tio teve uma trombose e caiu assim no chão. Ahh... já está a deitar sangue pela cabeça. Gargarito quer falar mas a tosse não o deixa. Está nervoso. Sente calafrios e tem uma ideia fixa: fugir. Atravessa a rua Augusta com o sinal vermelho e um carro atropela-o, deixando-o estropiado e sem vida. Os colegas correm e rodeiam-no, e dona Amélia diz: Isto é que é... mesmo às portas da morte, veio trabalhar. Ao que dona Isidora replica, compassivamente: mais vale assim, coitadinho, que morrendo comido por dentro... Foi uma santa morte. Uma senhora idosa aproximou-se e perguntou: As senhoras conheciam-no. Sim, era nosso colega. O que é que aconteceu? E dona Odete, com um ar compungido: Ele, coitadinho, estava com um cancro no pulmão proveniente de uma tuberculose mal curada, coitadinho, e ia agora para Oncologia. Mas eu vi logo nos olhos dele, coitadinho, na altura nem quis dizer nada, mas ele ia desesperado. Devia andar cheio de dores, coitadinho ... e olhe, decidiu acabar com tudo. Talvez tenha sido melhor assim. Coitadinho.
A pedido dos vizinhos e colegas do senhor Gargarito, não houve velório e o caixão foi logo fechado, à saída do hospital, pois temeu-se que houvesse perigo de contágio.