Um blogue intimista mas ao mesmo tempo aberto para os outros. Um blogue de reflexão sobre o mundo que me rodeia. Falar sobre este país e estas pessoas, falar de museus, bibliotecas, cinema, literatura, dança, teatro, política e sociedade. Enfim um blogue que desejo vivido.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Maravilha.....
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Adeus Parede, bom dia Alentejo
Canção para o Alentejo
Alentejo, Alentejo,
Vastidão de Portugal
Futuro, continental!
Terra lavrada, que vejo
A ser mar mas sem ter sal.
Ondas de trigo maduro
Onde mais ninguém se afoga:
Danças alegres da roga
Que vindima no meu Doiro
E vem colher o pão loiro
Da inteira fraternidade
Que falta a esta metade
De coração largo e moiro..
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Vou iniciar finalmente a partir de amanhã a minha ida para o Alentejo
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Adormecer com ...
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?
Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.
Octavio Paz, in "Dias Hábeis"
Tradução de Luis Pignatelli
Levantei-me e li esta notícia do Público.
Cavaco é o Presidente eleito com menos votos
São José Almeida
Era o seu objectivo expresso durante a campanha e atingiu-o. Cavaco Silva foi reeleito Presidente da República, fugindo a uma segunda volta. Obteve 52,94% dos votos, ultrapassando a percentagem com que foi eleito há cinco anos, 50,54%. Mas não terá atingido os 2.773.431 votos de há cinco anos, ficou-se pelos 2.230.104, quando estavam apuradas todas as freguesias, perdendo assim mais de meio milhão de votos.
domingo, 23 de janeiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
Adormecer com Chico Buarque
"Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão"
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Eu assino por baixo
1. Acabamos de assistir à mais desinteressante campanha eleitoral de sempre, o que não pressagia nada de bom em termos da abstenção.
Na boca dos candidatos faltaram os projectos e o pensamento estruturado, sobraram as conversas laterais e as questões de carácter; na rua restaram pouco mais do que os militantes dos partidos. As campanhas em que os presidentes da República se apresentam à reeleição têm sido sempre vulgares, como aconteceu com Soares/Basílio Horta ou Jorge Sampaio/Ferreira do Amaral, mas esta abusou pela negativa.
2. As culpas podem ser repartidas. Cavaco Silva não apresentou uma ideia nova. Limitou-se a agitar a sua inocência em relação ao estado em que o País se encontra, a reclamar honestidade pessoal e a prometer, às segundas, quartas e sextas, acabar com o Governo, e às terças e quintas, face às reacções, a dizer que não era bem assim. Pelo meio, abusou da inteligência dos portugueses (exemplo: a forma como diz que gere as suas poupanças). Cavaco não se comprometeu com o que quer que seja, a não ser com a inevitável Constituição, e sai desta campanha como nela entrou e tal como desempenhou o cargo nos últimos anos, cumprindo os mínimos. Não promete nem se compromete.
Manuel Alegre pagou o preço de se ter deixado integrar no sistema. Entre o PS e o Bloco de Esquerda perdeu autenticidade e, segundo as sondagens, parece não ter ganho votos em relação a 2006. É um homem generoso em termos do ideal de sociedade que pretende, mas a política também deve ter sentido e coerência na acção.
Fernando Nobre trouxe solidariedade para dar e vender, mas acabou esgotado e fora de controlo: a afirmação de que só desistiria se lhe dessem "um tiro na cabeça" é o exemplo acabado de desnorte e de inépcia política.
Francisco Lopes acabou por ser uma surpresa positiva, porque comunica bem, mas, como se esperava, limitou-se a repetir pela enésima vez o argumentário do PCP.
Defensor Moura, médico e autarca respeitado, prestou-se ao serviço, limitado, de enervar Cavaco, e terá brevemente um justo prémio atribuído pela oligarquia socialista.
E José Manuel Coelho introduziu o papel de jogral na campanha, o que sendo uma possibilidade em democracia não era habitual em Portugal. Os 7500 portugueses que lhe assinaram a candidatura provavelmente não o quererão como presidente. Mas vêem-no como uma mensagem que a classe política merece ouvir.
3. Depois disto, a partir de amanhã, voltaremos ao dia-a-dia, com um Governo em dificuldades e um Presidente que não desperta emoções - os portugueses vão às urnas, sobretudo, eleger o menos mau dos candidatos, o menos perigoso para o País, o mais previsível. Admito até, a partir de agora, que o presidente eleito não possa, nunca mais, falar com arrogância e superioridade moral neste País de negócios esquisitos. Até isso esta maldita campanha nos tirou.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Fui ver os meus netos...
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Hoje estou doente, passei o dia na cama...
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa