Fiquei muito emocionada com a visita que fiz à Casa-Museu de Camilo Castelo Branco. Senti nela a ambiência austera camiliana. Este homem de infância infeliz e amores desmesurados foi um grande escritor, um escritor por vezes à força. Em quarenta amos de escrita, entre romances e jornais se fizermos uma média escreveu 4 páginas por dia. Suicidou-se numa cadeira na sala após ter percebido que não voltava a ver. Teve uma morte camiliana. A nossa visita começou assim em S.Miguel de Ceide ou Seide. A seguir fomos às Antas ver a bela igrejinha românica, uma beleza, muito diferente das que temos visto. Depois de almoço fomos ao Museu do Surrealismo, uma fundação deixada por Cupertino de Miranda, do antigo BPA. Uma torre com imensas obras dos maiores expoentes deste movimento dos anos quarenta e cinquenta. Gostei muito dos objectos que trouxeram do quarto de Mário Cesariny, aliás era uma presença assídua do museu e doou-lhe toda a sua obra. Na fachada grandes obras em azulejo de Cruzeiro Seixas, outra figura maior do surrealismo português, depois foi a vez de visitarmos o recente museu de Bernardim Machado, o homem, o político, o pedagogo, o defensor da igualdade entre homens e mulheres. O museu encontra-se instalado na antiga casa do Barão da Trovisqueira, um torna-viagem, sim porque nós andámos por terra dos torna-viagem brasileiros, os que emigraram para o Brasil e entre milhares que foram, um voltava rico, foi o caso deste Barão, amigo do Camilo. A verdadeira casa de Bernardim Machado comprou-a o BCP, paciência, esta onde está instalado o museu é muito bonita, principalmente a sua escadaria e os estuques que adornam os tectos. Gostei muito mas achei talvez painel a mais, da presença do Bernardim não senti muito. Numa casa-museu deve-se sentir a ambiência daquele de quem se quer contar uma história. Senti a mesma emoção que senti na casa do Camilo, quando visitei a Casa Mozart, já não senti o mesmo em Tormes na casa de Eça, nem em Bona na Casa de Bethoven. Sensibilidades.
Depois fomos para o hotel em Fafe, muito bom e os restaurantes de Famalicão são do melhor. Andámos pelas terras de Basto, Cabeceiras, Mondi, Celorico, dizem que os primeiros povos adoravam uma deusa que era a Vaca Basti.
Nessa noite discutimos animadamente com o grupo de leitura «A Brasileira de Prazins» do Camilo e foi muito bom.
No dia seguinte em Fafe fizemos com a adorável Isabelinha dos Museus de Fafe e o Fernando António, programador museológico destes museus, uma visita ao Museu das Migrações e das Comunidades e ao Museu da Imprensa e depois fomos andando pelas ruas de Fafe, todas elas com a presença dos Brasileiros que voltaram e fizeram obra, o hospital que é uma cópia do hospital do Rio de Janeiro, o Jardim do Calvário, os retratos dos benfeitores na Santa Casa da Misericórdia, o Cine-Teatro ao estilo arte nova dos inícios do século XX e as casas, as inúmeras casas de Brasileiros. Terminámos a visita indo ver a igreja românica de Arões, ainda mais bonita que a das Antas. Que maravilha é este nosso Portugal.
Eramos para ir a Pedraído, ver o trabalho do linho mas desde Janeiro que dez velhotas que o trabalhavam morreram e a arte vai morrer com elas. O Estado onde está para preservar esta identidade?
Tenho de sair, mais logo ponho as fotos.
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