segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Adormecer com Sophia

Liberdade

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

domingo, 30 de agosto de 2009

Rever amigos de longa data e perceber que sempre fomos e seremos muito amigos...




Quando estive no Oeste fui a Alcobaça porque o meu filho estava a coreografar uma peça para a CDC, Companhia de Dança Contemporânea que acompanha a minha vida desde os inícios dos anos oitenta. Há imenso tempo que não via o António Rodrigues e a Graça Bessa, dois grandes ex-bailarinos da Gulbenkian que nos finais dos anos setenta foram criar uma escola de profissionais de dança na cidade de Setúbal. Foi a melhor escola do país até eles a deixarem por razões de imcompreensão das autoridades políticas no início do milénio, quando eu também saí, hoje ainda é uma boa escola, mas estão num local periférico e os apoios deveriam ser maiores.
Grandes lutas tivemos com o Ministério da Educação nos anos oitenta e noventa, eu como representante dos encarregados de educação vi tanta incompreensão e estupidez para dois artistas tão grandes que deram tudo o que tinham e trabalharam arduamente, formando a Pequena Companhia e mais tarde comigo em Directora da Cultura da Câmara, a Companhia de Dança Contemporânea de Setúbal, tanta luta, tanto esforço, tanta incompreensão, mas a cultura é a enteada deste país que é má madrasta, muito má madrasta. Tanta chatice eu tive que só quem connosco conviveu é que sabe.
Ver de novo o António e a Graça que não via há um ano foi uma grande alegria, eles têm uma casa linda em Salir do Porto e foram muito bem recebidos pela Câmara Municipal de Alcobaça, onde com o seu génio fizeram renascer a CDC.
Quando os abraçei senti que eram meus amigos de verdade, que sedimentámos uma grande amizade, pois eu tenho sido chamada por eles para realizar vários trabalhos e associam o meu nome à formação da Companhia e referem sempre a minha pessoa, numa perspectiva de que continuamos a ser uma equipa, que fomos sempre uma equipa. Eu não desapareci do mapa da vida deles nem eles do meu. Prometi passar um fim de semana na casa deles e vou sentir este afecto até ao fim das nossas vidas. Eles sempre mostraram o que eram, por isso não me desiludiram. Tivemos zangas, momentos dificéis e muitos e grandes momentos de felicidade. Quando comemoraram os vinte cinco anos, fizeram um filme que passou na TV2 e eu e o meu marido fomos chamados a depor dentro de um grupo seleccionado de pessoas.
Uma amizade assim traz-nos momentos de felicidade e compensa-nos pelas outras que foram ficando pelo caminho. É tão bom abraçar um amigo que não vemos há algum tempo e falarmos com ele como se o tivessemos visto ontem. Aconteceu-me o mesmo com a minha querida amiga Mané, não a via há anos, somos amigas desde a adolescência e quando nos encontrámos nunca mais nos deixámos de falar, quase todas as semanas.

sábado, 29 de agosto de 2009

Voltei


Voltei das minhas curtas férias no Oeste. É uma região a explorar, eu já conhecia mas apeteceu-me rever aquelas praias ventosas, mas de longos areaes. A praia da Areia Branca, a do Baleal, Peniche, a linda praia da Consolação e a descoberta das descobertas a Praia da Peralta, sem muita gente, com um mar lindo e um areal espaçoso, muito diferente da minha pequena praia da Avencas ao pé da minha casa, onde temos de pedir licença para passar e onde tenho ido todos os dias após o meu regresso, pois tenho tido em casa a passar umas semana uma das minhas filhas com as minhas netinhas e de visita o meu neto rapagão.
Os meus amigos da Lourinhã foram muito atenciosos e trataram-nos de uma forma hospitaleira e generosa.
Apesar de tudo ainda não estou recomposta, acho que a menopausa é uma chatice que nos faz sentir diferentes no dia a dia, e eu que não tomo a pilula de compensação, por opção, não me sinto muito bem.
Estou cada vez mais vegetariana e um bocado enojada com a alimentação a que estamos sujeitas, pois tive oportunidade de ver o que é a agricultura em extensão; enormes superficies de tomate, abóboras, etc, que mal a semente se deita à terra com os adubos quimicos, crescem passado pouco tempo, sem sabor e os adubos têm um cheiro que nem vos falo, por isso como o meu marido herdou mais as irmãs uma quinta em Alpiarça e ainda não sabemos o que fazer dela, vou plantar nesses belos terrenos de terra arenosa, todos os legumes que me apetecer como o fiz no meu jardim, sem tratamentos. Nascem pequenos, quero lá saber, mas não cheiram a fluidos
gasosos de uma obstipação de quinze dias.
E a carne de animais engordados à pressão? E o peixe de viveiros, estamos tramados.... e os transgénicos????
Vou no dia 1 de Setembro à Drª. Isabel do Carmo, tenho de ter um compromisso com uma nutricionista para conseguir emagrecer. Darei novidades

domingo, 16 de agosto de 2009

Tal como se esperava....


Tal como se esperava o meu sogro morreu hoje, vítima de uma doença que não perdoa. Ia fazer 82 anos no dia 26 de Agosto. Ainda assistiu ao baptizado do bisneto no dia 13 de Junho.
Vou estar ocupada com as questões relacionadas com o funeral e depois parto para uma semana de férias que tive de adiar por causa desta triste notícia. Vou para a Lourinhã, para casa de uns bons amigos e daí vou à Praia da Areia Branca, talvez à Nazaré, vamos ver. Preciso de sol e de um pouco de descanso.
Só volto por volta do dia 26, até lá passem bem.

sábado, 15 de agosto de 2009

E o Rasputine, nem vos conto, nem vos digo. O homem era de outra galáxia.


O Rasputine era muito considerado pela Czarina Alexandra, mulher do Nicolau II, que mudou de nome quando casou, porque era alemã e acontecia isso a todas as princesas estrangeiras que casavam com os czares russos.
Esse mago tinha um olhar penetrante e uma energia fora do vulgar. O pequeno Alexei nasceu hemofílico, doença transmitida através da rainha Vitória pois Alexandra e Nicolau eram parentes dela e do marido. Quando a criança caía ou se arranhava, tinha logo uma hemorregia e já havia muitos comentários na corte, pois ele era o único filho, entre quatro raparigas. A Alexandra vivia apavorada com a doença do filho e ao saber dos poderes de Rasputine, mandou-o chamar e o que é certo é que ele com a sua energia fazia estancar o sangue à criança. Cá para mim eram sessões de Reiki. Ora o Rasputine começou a meter o nariz onde não era chamado e a fazer comentários sobre a corte e os ministros do czar.
Acho que ele influenciou o Nicolau para entrar na Primeira Guerra e a Rússia perdeu muitos homens, ora os nobres já andavam com os bigodes todos em pé e trataram-lhe do sebo.
Os irmãos Yussupov tinham um grande palácio em São Petersburg, eu vi esse palácio que hoje é Museu, esses irmãos convidaram Rasputine para jantar, primeiro ele foi envenenado no dito repasto com iguarias todas envenenadas, porém a sua úlcera crônica fê-lo expelir todo o veneno, posteriormente terá sido atingido por um total de onze tiros, no mesmo palácio, tendo no entanto sobrevivido; foi castrado e continuou vivo, somente quando foi agredido e o atiraram inconsciente no rio Neva ele morreu, não pelos hematomas, nem afogado, mas de frio. Vejam a estirpe do bicho. Ufa.
A imagem dele era horrível, um cabelo que parecia lavado com vaselina, mas tinha um diabo de uma energia que curava...

Ao passar numa rua de Moscovo


Ao passar numa rua de Moscovo, vi um anúncio gigante sobre Portugal. As areias de Portugal e o seu extenso oceano e os seus monumentos não apareciam. Só isto. Digam sinceramente é elucidativo? Tanto dinheiro gasto. Não consigo tirar o lado positivo destas imagens.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Relatório Final Visita a Tsarskoe Selo (Parte X)


No último dia fomos visitar o chamado Palácio de Verão, o Palácio de Catarina I, a 2ª. mulher de Pedro o Grande. Se dúvidas houvesse sobre a extravagância dos imperadores russos, bastariam as propriedades de Tsarskoe Selo e Peterhof, construídos em menos de dois séculos pelos Romanov, que suplantam qualquer palácio da Europa.
No século XVIII, Tsarskoe Selo viu nascer dois grandes palácios, o de Catarina e o de Alexandre, esta Catarina ainda governou dois anos após a morte do seu marido, Pedro o Grande, ele mandou construir este monumento para ela em 1717, o antigo palácio só tinha dois pisos e a filha deles Elisabete escolheu-o para residência de verão e ampliou-o. Conheceu este edifício diversos arquitectos, até ao célebre Rastrelli, acabado em 1756 é um palácio com uma linda fachada em azul e branco, com atlantes e pilastras douradas. No seu interior as salas são sucessivas, salas e salões sem fim, o salão de Luz com 1 000 metros quadrados, amplas janelas, estuques dourados, o teto com um Fresco monumental intitulado o «Triunfo da Rússia», a Sala de jantar branca, maravilhosa, o salão dos retratos, a Galeria dos quadros e a excepcional sala de Âmbar que os nazis quiseram destruir e que mais tarde foi toda restaurada, assim como todo o palácio e só em 2003 foi inaugurada a sua abertura ao público pelo presidente Putin.
Perto deste palácio está o palácio de Alexandre, o preferido por Nicolau II e a sua família, onde ele foi preso.
Por agora fica por aqui, mas ainda vou contar pequenas histórias nos próximos dias sobre a morte do Rasputine, a prisão do NicolauII e outras coisinhas....

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Visita ao Museu Hermitage (Parte IX)







O Museu Hermitage foi fundado pela Catarina a Grande em 1764, ela era maligna mas muito dada às artes, inteligente e avançada para a época. Situado no centro de São Petersburg é constituido por cinco grandes edifícios criados por arquitectos célebres do século XVIII e XIX. Antiga residência dos imperadores russos (conhecido por Palácio de Inverno), foi da traça de Bartolomeu Rastrelli. Dois séculos e meio depois as colecções do Hermitage (cerca de três milhões), mostram aos públicos o desenrolar da cultura e da arte através dos séculos, da Rússia e não só, de todo o mundo. A colecção dos impressionistas e modernistas impressionou-me imenso e todos os museus que eu vi estão muito bem conservados e com uma museografia muito adequada às colecções, tendo em conta o tanto que eles têm.
À noite fomos ao Palácio de Nikolayevsky, um dos filhos de Nicolau I, hoje ligada ao turismo e jantei divinamente e assisti a um espectáculo de danças russas, claro que cantaram o Kalinka, tal como eu supunha e eu bati palmas e dei aqueles gritos estúpidos de turista entusiasmada e já estafada, mas estava muito feliz.

Visita a Peterhof e a Pavlovsk (Parte VIII)







Peterhof é a cidade de Pedro o Grande onde ele passava férias e posteriormente os outros czares. Os jardins Verkniy e o Parque Nizhniy com 150 fontes e cinco cascatas monumentais são de um explendor incrível. Peterhof nasceu de uma pequena casa de madeira onde em 1749 se instalou Pedro I, enquanto supervisionava a fortaleza de Kronstadt que fica próxima. Em 1713 começou a transformação de toda a área num Palácio Imperial, inaugurado em 1723 e depois aumentado pela filha Elizabete, a tal dos 15000 vestidos. O palácio domina toda a panorâmica sobre o golfo da Finlândia, desenhada por Rastelli, no reinado de Elizabete foi muito acrescentado . No interior tem salas e salões recamados de ouro, foi destruído pelos nazis que se aquartelaram lá durante a segunda guerra mundial, mas foi todo reconstruído no governo de Bóris Nicoláievitch Iéltsin. O reino das Fontes, como é chamado, cada fonte é única e funciona exclusivamente pela força da gravidade. A Fonte de Sansão é abastecida por um aqueduto exclusivo de 4km de comprimento. Da boca do leão jorra um jacto de água que se eleva a mais de 20 m de altura.
O Palácio Pavlovsk e o Parque foram um presente de Catarina para o filho Paulo I de quem ela não gostava nada, Alexandre I em 1777 aumentou a sua área. A construção começa com o arquitecto escocês Charles Cameron e é um dos melhores exemplos do Classicismo. É lindo, lindo de morrer. O Parque de Pavlovsk é também uma bela obra de paisagismo e um dos melhores parques que se podem encontrar na Europa, as veredas do Parque estão adornadas com esculturas, leões e pavilhões.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Continuação da visita a S. Petersburg (Parte VII)
















Fui visitar a Fortaleza de S, Pedro e de S. Paulo, junto do Neva, onde existe uma catedral que já foi utilizada como prisão política para os opositores dos czares, o pobre do Gorki esteve lá em 1905. Com esta fortaleza nasceu a cidade em 1703, no interior da Fortaleza está a Catedral de S. Pedro e S. Paulo desenhada por Trezzini e a Torre sineira termina numa ponta dourada, aliás as catedrais russas usam muito a cor dourada. Nesta catedral está sepultada toda a dinastia Romanov, e fiquei completamente abismada com o Pedro o Grande sepultado com a segunda mulher, Catarina I, porque primeira foi metida num convento e a sua filha Elizabeth que tinha 15.000 vestidos e 10.000 pares de sapatos. Com Pedro o Grande houve muita confusão pois governou com o seu irmão Ivan, até existem dois tronos no Museu da Armaria e a sua irmã Sofia tentou fazer um golpe de estado contra ele e ele não esteve para meias medidas, encerrou-a para sempre num palácio e colocou as cabeças dos que fizeram o golpe com ela nas janelas do quarto onde ela estva encerrada.
Isto para não contar que o Ivan o Terrível matou seis mulheres e a sétima sobreviveu porque ele morreu primeiro, teve vários filhos todos atrasados mentais e o único bom ele matou-o à paulada, era fresco este Ivan. A Catarina II, a Grande está no mesmo bloco onde se encontra o marido Pedro III, que a mando dela foi morto pelo irmão dos seus múltiplos amantes, mas este amante também foi morto mais tarde e o filho da Catarina II, Paulo I, de quem ela não gostava nada, porque ele não concordou que matassem o pai, foi também morto num palácio que ela lhe ofereceu, mas na catedral estão todos juntos, assim como o Alexandre I, filho de Paulo que não aguentando o que aconteceu ao pai e não tendo feito nada para que isso não acontecesse, diz-se que deixou o trono e foi passar o fim dos seus dias mum convento e que o seu funeral foi falso porque a urna não tinha o corpo.
Numa capela especial estão os ossos de Nicolau II, a mulher e os filhos e os criados que foram assassinados, dizem que a mando de Lenine, tal como Luiz XVI e Maria Antonieta, matar o corpo fisico dos reis ou imperadores é dar, segundo os revolucionários, o verdadeiro corte no regime que se quer destruir.
Só faltam os corpos da filha Maria e do filho que estavam numa outra cova e ainda estão sujeitos a testes de DNA. Também está lá uma urna vermelha a única desta cor do Alexandre II ,que foi morto, aquele que acabou com a servidão.
A matarem-se em vida e a estarem todos juntos na morte, naquela única certeza que temos quando nascemos é que morremos, ah e há outra, que pagamos impostos.
Depois fomos num passeio de barco pelos imensos canais cheios de palácios até não ter fim, a corte era imensa no tempo dos czares e eles não faziasm nada, viviam do regime de servidão. Como eu compreendi a revolução de Outubro, por detrás daqueles palácios morriam todos os dias milhares e milhares de homens, mulheres e crianças de fome e frio, os invernos atingem 25 graus negativos. O Staline após a revolução deu arrendamento colectivo a toda a gente. Moravam por exemplo dez famílias naqueles apartamentos principescos, só com uma cozinha, cinco fogões e uma casa de banho. Houve muitíssimos conflitos nessa época, mas para quem não tinha nada, receber uma casa de graça com água e luz incluida, ter trabalho, mesmo ganhando pouco, saúde e educação de graça, com danças, música, ginástica era um sonho, mas os homens não são perfeitos e para que houvesse esta «paz», Staline matava aos milhares quem a ele se opusesse.
Não há regimes perfeitos. Isto é que é uma grande chatice.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Visita a São Petersburg (Parte VI)
















Esta é a chamada Veneza do Norte com inúmeros canais e mais de 400 pontes, resultante do grande projecto urbanistico de Pedro o Grande, já teve o nome de Leninegrado e esta cidade está intimamente ligada à revolução de Outubro porque foi de um barco que hoje é museu vivo que dispararam os três tiros de canhão para começar a revolução. É a segunda maior cidade da Rússia e foi construida sobre cerca de 100 ilhas pantanosas no delta do rio Neva, foi para mim a mais linda cidade que eu vi, incluindo o Rio de Janeiro que já lá estive, e que poderei classificar como a segunda mais bonita essencialmente pela sua paisagem natural, enquanto que esta é uma harmonia total entre património construído e natureza.
A catedral de Nossa Senhora de Kazan impressionou-me, um monumento completamente neoclássico, estilo que eu gosto muito, da autoria do arquitecto Andrei Varonikhin. A igreja tornou-se um Monumento à vitória dos russos sobre Napoleão e dentro dele está o túmulo do Marechal Mikhail Kutuzov que ganhou a campanha. Foi fechada pelos bolcheviques que a transformaram no Museu da História da Religião e do Ateísmo (grande erro dos bolcheviques, proibir a prática religiosa), mas depois da Perestroika voltou a ser edifício de culto e Museu só da religião, porque o Ateísmo desapareceu, modificações históricas, como todos nós sabemos. Este icone de Nossa Senhora de Kazan é de grande devoção, a fila era imensa para o beijar, pois o Staline colocou-o num avião e mandou dar imensas voltas pela cidade de São Petersburgo, para ela não ser atacada pelos alemães e como não foi, o icone ficou para sempre no coração dos russos. Quem diria que o Staline fazia isto.
A catedral de São Isac é a maior da cidade e demorou 40 anos a ser construída, por ordem do Tsar Alexandre I e a sua cúpula dourada domina o horizonte, também durante o governo soviético foi Museu do Ateísmo e tal como aconteceu com a outra, voltou a ser local de culto.
A «iconostasis» que nas igrejas ortodoxas quer dizer a parede do icone que separa o altar do resto da igreja, está emoldurado por 8 colunas de pedra semi-preciosa, seis de malaquite (uma cor verde linda) e duas mais pequenas, de lápis-lazulli (uma cor azulão linda). Vimos também a Catedral do Sangue derramado, local onde o avô de Nicolau II foi assassinado, Alexandre II, que teve o grande mérito de acabar com o regime de servidão que durou até ao século XIX e por isso morreu. À saida da igreja comprei um desenho lindo, vendido por um estudante de arquitectura por cinco euros, se naquela altura eu tivesse mais dinheiro comigo ter-lhe-ia comprado todos os desenhos que eram fantásticos, tal como os seus olhos com a cor de azul ao longe.
Eu por agora não ponho muitas fotos nos textos, mas quando acabar o relatório, vou colocar aqui umas série de fotos temáticas, há neste momento uma secreta esperança de as minhas fotos serem salvas, mas se não for possível tenho as dos meus amigos e amigas do grupo das viagens.
Claro que pelo meio tivemos almoços e jantares com canções e danças russas.

domingo, 9 de agosto de 2009

Um momento de pausa junto ao Pushkin e a sua mulher (Parte V)



Este é um momento de pausa junto à estátua de Pushkin, poeta nascido em São Petersburgo e sua mulher Natalya Goncharova, com quem se casou em 1831. Ele foi um grande escritor, mas era muito mulherengo, até que um dia se apaixonou pela mulher mais bela da Rússia, a tal Natalya. Em 1837, recebeu uma carta do Clube dos «maridos enganados» dizendo que sua mulher começara um escandaloso caso extra-conjugal, Pushkin desafiou o dito amante, Georges dAnthés, para um duelo. Mortalmente ferido em conseqüência deste, Pushkin faleceria dois dias depois. Que estupidez, assim se perdeu um belo poeta e escritor.
Por causa de seus ideais políticos liberais e sua influência sobre gerações de rebeldes russos, Pushkin foi considerado como opositor da literatura e da cultura burguesas e um antecessor da literatura e da poesia soviética.


"O gato que outrora fui, o mesmo ainda serei: leviano, ardente" — Pushkin — (1799-1837)

sábado, 8 de agosto de 2009

Viagem a Novgorod - a cidade mais antiga da Rússia (Parte IV)




Esta foi a viagem mais dificil e aventureira, vir de combóio de Moscovo a Novgorod. Dormimos no combóio naquelas cabines minúsculas sentindo o combóio a rodar a rodar sem parar. Que longe fica Novgorod.
Chegámos à estação de caminho de Ferro de Volhove em Novgorod cerca das 6h e 10m, eu mais morta do que viva, a minha idade já não é para aventuras destas, mas eu sou completamente doida e lá fui tomar o pequeno almoço a um hotel fantástico. O dia estava de muita chuva e vimos coisas muito interessantes, por exemplo as noivas vão colocar o seu ramo nos monumentos em honra dos soldados russos que foram milhões e milhões que morreram na segunda guerra mundial e também vão colocar um cadeado numas árvores de metal que existem por todas as cidades com um desejo: que o casamento dure para sempre, o pior é que não dura porque em 100 casamentos, 60 são divórcios.
Novgorod situa-se na margem do rio Volchov e foi durante séculos um porto importante. A cidade pertenceu à célebre Liga Hansiática e ficava no cruzamento das rotas medievais da Europa. A Igreja de Santa Sofia é de 1046. É a cidade do grande Alexandre Nevsky.
De 1941 a 1944 esteve ocupada pelos Nazis que fizeram muitos estragos, sendo libertada pelo exército soviético. Amanhã começo o meu relatório sobre a cidade mais linda do mundo: São Petersburg.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Rota do Anel de Ouro (Parte III)


A Rota do anel de ouro situa-se a Nordeste da cidade de Moscovo e é aqui que aparece o célebre Rio Volga. Lembram-se da música dos Barqueiros doVolga, é uma paisagem maravilhosa. Esta rota antiga contempla as cidades de Sergiyed Posad, Rostov, Yaroslavi, Kostroma, Souzdal e Vladimir, vimos estas cidades todas em vários dias. O conjunto arquitectónico da Trindade é património da humanidade e é para os russos como Fátima é para nós, muita gente, muitas crianças a serem lavadas pela água milagrosa, eu também a bebi, diga-se de passagem, e as igrejas muito belas. Dentro das muralhas encontra-se a Catedral de S. Sergius e o Túmulo de grande devoção, a Igreja do Espírito Santo e a Catedral da Assunção. A catedral da Trindade foi construida por S. Sergius, o fundador do mosteiro, para substituir a igreja da Trindade em madeira e foi o centro do desenvolvimento do mosteiro. A catedral da Ascensão foi mandada construir por o Ivan o Terrível (aquele que casou sete vezes e quando se queria divorciar mandava matar a mulher, os tsars tinham duas hipóteses ou mandavam matar ou mandavam-nas para os conventos quando se queriam livrar delas).
Rostov é uma bela cidade junto do lago Nero e é linda com o seu Kremlin, este foi residente do Metropolita, que quer dizer patriarca. Em Yaroslavi é uma das cidades que recebeu reformas da Catarina a Grande e tem um urbanismo e edifícios tal como ela queria que fossem feitos, por isso a cidade renovou-se no estilo neoclássico. O Mosteiro da Transfiguração é um dos mais antigos do Alto Volga e tal como a Catedral do mesmo nome e a Igreja do profeta Elias são de morrer de beleza.
Kostroma foi o local do nascimento da dinastia Romanov, com Mikkhail Romanov, a última dinastia, todas as ruas radiais convergem para a praça central mantendo o padrão antigo do século XVII a XIX.
Em Suzdal vi três monumentos espantosos, A Catedral da Natividade, o Mosteiro do Nosso Salvador e S. Eutímios e o Convento da Intersecção, este convento fou fundado em 1364 para acolher as Tzarinas e as mulheres dos boiardos, altamente colocadas e quando eram «banidas», convento com elas ou então morte.
Vladimir tem os portões d'Ouro, a Catedral da Assunção e a catedral de S. Demetrius. Na catedral da Ascenção pudemos ver os frescos de Andrei Rubliov que serviu como modelo para os de Moscovo no Kremlin.
Claro que nos intervalos fui comprando umas recordações para os meus netinhos, filhos e noras, porque os amigos tiveram que ficar de fora, pois só de presentes para o meu núcleo central são 10, mais os meus sogros coitados.
Amanhã fala-vos da aventura que foi ir de combóio de noite de Moscovo para Novogorod.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Viagem a Kolomenskoie (Parte II)



O complexo de Kolomenskoye é de grande importancia, a entrada faz-se pela porta do Salvador que conduz à catedral de Kazan e à Igreja da Ascensão mandada fazer pelo pai do Ivan o Terrível para comemorar o seu nascimento, neste complexo também faz parte o Museu Histórico que é uma espécie de open air museum como há muito nos países do norte da Europa, com vários exemplos de arquitectura em madeira, não nos podemos esquecer que no Norte da Europa as casas durante milhares de anos foram em madeira e ainda o são na Rússia rural. Desde o século XIX a Armaria guardou a tesouraria dos Czares de Moscovo. Na costa alta do Rio Moscovo encontra-se o museu da Armaria e aí depois de ver tantos diamantes, pedras preciosas, prata, ouro e não sei mais o quê, aos montes meus amigos, aos montes, eu compreendi a Revolução de 1917, porque por detrás de tanta riqueza, a morte, a fome de uma população que teve o regime da servidão até Alexandre I tinha que rebentar de alguma forma.
O Museu de TretjaKov foi um museu que me reconciliou pois é um museu das obras primas da arte tradicional russa e tem a melhor colecção de ícones que são de uma beleza excepcional. O Convento de Novodevichy no sudoeste de Moscovo foi construído no século XVI e XVII no chamado estilo Barroco moscovita e fazia parte de uma cadeia de complexos monásticos que integravam a defesa da cidade. É constituido pela catedral de Nª. Srª de Smolensk, a Igreja do Portão da Intersecção. Estas duas principais igrejas do complexo estão rodeadas de lagos, a paisagem é incrível. O cemitério sepulta nomes importantes da literatura como Gogol por exemplo.
Amanhã no meu relatório iniciarei a Rota do Anel D'Ouro. Nesta viagem tive um grande desgosto apaguei quase no fim da mesma as fotos, não sei como o fiz (fartei-me de chorar) felizmente os amigos das viagens vão-me dar a reportagem completa, por isso só tenho fotos de três dias em S. Petersburgo, mas era pior se tivese partido uma perna. Quando chegarmos à parte de S. Petersburgo eu mostro a minha carinha já muito cansada.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A viagem começou por Moscovo (parte I)


A viagem começou por Moscovo e nunca pensei que esta cidade tivesse um ar antigo, diferente do que nós encontramos. Durante o caminho do aeroporto para a cidade vimos os milhares de prédios pré-fabricados mandados construir por Staline e que apresentam um aspecto envelhecido, mas quando chegamos a Moscovo o trânsito é infernal, circulam na cidade quatro milhões de carros todos os dias e só as enormes manchas verdes que existem (parques, jardins, arranjos florais, árvores nas ruas etc.) colmatam a poluição que este excesso de carros provoca. Esta capital da cultura no reinado de Ivan o Terrível (e era mesmo terrível), mudou para S. Petersburgo no século XVIII com Pedro o Grande, mas após a revolução de 1917 os novos donos do poder instauraram novamente a capital em Moscovo.
A Praça Vermelha é o centro de Moscovo e é linda, com o Mausoléu de Lenine, a Catedral de S. Basílio que é de uma beleza excepcional (aliás as igrejas ortodoxas impressionaram-me muito e positivamente, o ambiente de paz e espiritualidade que elas encerram convidam à oração). A rua Arbat, rua de comércio é uma zona pedonal cheia de matrioskas.«Uma matrioshka, matriochka ou matrioska (em russo матрёшка ou матрешка, Matryoshka) ou boneca russa é um brinquedo tradicional da Rússia, constituída por uma série de bonecas, feitas de diversos materiais, ainda que o mais frequente seja a madeira, que são colocadas umas dentro das outras, da maior (exterior) até a menor (a única que não é oca). A palavra provém do diminutivo do nome próprio Matryona.»
Todas as cidades russas importantes têm o seu Kremlin constituido por uma muralha onde dentro existem palácios e os zimbórios das catedrais, é como nós temos os nossos castelos, com as suas muralhas para protegerem as populações.
O metro de Moscovo é impressionante, Staline queria que o povo todos os dias quando fosse para o trabalho atravessasse um ambiente de palácio, e o metro é isso, ornamentado com colunas coríntias estilizadas, candelabros, esculturas, baixos relevos, é demais. É pena é que os desejos dos homens e a sua obra seja por vezes tão incoerente com a sua prática, como foi o caso de Staline que assassinou milhões.
Por hoje termino o meu relato, isto vai levar muitos dias. Amanhã começo com a nossa visita a Kolomenskoie.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cheguei, arrasada mas cheguei. A viagem que realizei foi emocionante, foi talvez das viagens mais importantes da minha vida.


Estas viagens devem ser feitas assim como nós fizemos de modo a que seja acrescentada à nossa vida uma compreensão mais profunda do mundo em que vivemos. Nesta viagem eu fiquei a compreender de forma definitiva um parte significativa da história do século XX. Tenho tanto e tanto para contar que tem de ser por capítulos. Como apanhei uma constipação grande devido ao ar condicionado (não foi virus nenhum, descansem) e amanhã faço um exame de rotina, tenho de descansar, mas estarei pela tarde a relatar a minha aventura na Rússia.
Deixo-vos uma imagem do túmulo do camarada Lenine na Praça Vermelha que eu julgava ser maior do que é, para aguçar o apetite.