quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A todos os meus amigos e amigas desejo um Ano de 2009 cheio de esperança


E deixo-vos duas frases de S. Francisco de Assis que gosto particularmente.

"Senhor, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado, compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna."



"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível."

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

* Prefiro a paz mais injusta à mais justa das guerras. (Cícero)


Há longos anos que eu passo o fim de ano em casa. Cerca da meia-noite, subimos para um banco, com doze passas numa mão e uma nota na outra e formulamos desejos, Para 2009 só desejo saúde e paz para toda a minha família.
É tão dificil encontrar a paz total. No mundo e nas famílias.
O ano de 2009 chega e instala-se e eu não sei o que me espera, mas o que for eu esperarei com tranquilidade e toda a coragem do mundo.
Tenho os filhos criados e os netos a nascer. Já escrevi livros e plantei árvores, só não plantei em algum dos casos as flores inóquas de uma vida sem sobressaltos. Já pouco me resta do que viver e esperar, com uma alegria interior o que Deus ainda tem para mim.
Deus para mim representa para mim um acompanhamento diário, eu sinto a presença Dele em toda a parte e falo com Ele várias vezes, peço-Lhe coisas, bem estar para os meus filhos e netos, para os meus amigos e amigas conhecidos ou não, pelos que sofrem em todo o mundo. Vejo-O na natureza e na beleza que o homem cria. Nem sempre estou de acordo com a Instituição Igreja, mas também não a frequento em termos de grupos organizados para isto ou para aquilo, simplesmente vou à igreja quando me apetece e aceito com tolerância as opções religiosas dos outros. Até tenho uma grande simpatia pelo Budismo, mas eu tenho uma cultura cristã e é nela que me sinto confortável. Já cometi excessos de fanatismo político ou religioso em circunstâncias diferentes, por razões muito concretas e justificáveis, mas também recuperei a estabilidade de uma vida sem compromissos religiosos ou políticos. Eu nunca caminhei por um caminho certinho e sem pedras, cheio de relva e flores coloridas, caminhei algumas vezes por esses caminhos, sim caminhei, mas quase sempre aqueles que escolhi foram troços laterais cheios de penhascos, ravinas e precipícios, que eu consegui ultrapassar com arranhões, feridas e esforço desmedido.
E hoje aqui estou depois de 41 anos de trabalho esforçado, com horários, chatices, opções erradas, opções certas, dando o meu melhor. Hoje aposentada, aos 63 anos, ainda trabalho, mas sem horários, voluntariamente por vezes, outras vezes recebendo honorários, fornecendo aos outros a experiência profissional adquirida ao longo dos anos.
Isto tudo a propósito do novo ano que se aproxima.

Estamos todos doentes cá em casa



A gripe atacou com tosses e febres os da casa. O Inverno transporta-nos a este mundo da doença. Têm sido dias calmos a fazer malha e a ver filmes, a comer canja de galinha e a beber chá. As árvores já estão todas despidas de folhas e estas castanhas ou amarelecidas estão espalhadas pelo chão. Há humidade no ar e o céu está plúmbeo, está um dia daqueles que eu gosto. Estranho não é? Mas é verdade. Lembra-me uma poesia de Cesário Verde, que coloco aqui as duas primeiras quadras.
      AVE-MARIA



Nas nossas ruas, ao anoitecer,

Há tal soturnidade, há tal melancolia,

Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia

Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.





O céu parece baixo e de neblina,

O gás extravasado enjoa-me, perturba;

E os edifícios, com as chaminés, e a turba

Toldam-se duma cor monótona e londrina.(...)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Três filmes para o Natal


Fui ver no dia 26 o filme Austrália. Muitos intelectuais desdenharão deste filme, mas o realizador que fez no passado «Moulin Rouge», trouxe-nos desta vez, narrada pela voz de um pequeno mestiço, meio aborígene, meio branco, um épico deslumbrante, com uma lição de história que desvenda actos menos honrosos para a Austrália como as gerações roubadas, filhos mestiços que eram roubados às mães para serem criados, em missões religiosas protestantes (o lado lunar das instituições religiosas, sejam elas de que religião forem), para adquirirem a cultura oficial, neste caso a inglesa, e esquecerem as suas origens identitárias, aborígenes, que estão magistralmente representadas no filme, uma cultura de canções que se entrelaçam com "Over the Rainbow" que Judy Garland criou no "Feiticeiro de Oz" realizado em 1939, e é em 1939 que tudo se passa nesta história do filme Austrália.
O filme tem romance, tem pradarias, tem western, tem paisagens fabulosas, enfim é um filme a não perder.
Depois em casa revi o «mamma mia», dado por um filho meu e outro filme sobre a História de Itália, que dura seis horas, desde os anos sessenta aos nossos dias chamado Juventude que é quase uma continuação do 1900 de Bertolucci, um dvd dado por outro filho. Adoro overdoses de cinema. Não posso passar sem bons filmes.



sábado, 27 de dezembro de 2008

Recebi um voto de Boas Festas por e-mail de que eu gostei particularmente e gostaria de partilhar ...

Sei que as palavras podem não significar muito, mas achei uma mensagem interessante por ser com expressões típicas do Extremo Sul do Brasil… uma mistura gaúcha e uruguaia.

"Eis que surge lá no FUNDÃO da ESTÂNCIA, após se ENTREVERAR por várias COXILHAS mundo a fora, o LOCO DE BUENACHO, o ÍNDIO Noel, montadito em sua charrete cheia de presentes, que mais parece um mascate vindo do Uruguai, para novamente celebrar o nascimento do PIAZITO DO PEITO, uhh guri de respeito, GAUDÉRIO DOS PAMPAS, chamado JESUS, Filho da Dona Maria, prenda flor de rezadera, e do Seu José, um carpinteiro pra lá de especial. Este PIAZITO veio pra salvar toda a indiada que se perdeu pelas carreradas da vida.Que este Natal, juntamente com toda tropilha de amigos, o Índio Noel traga PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE a todos MARAGATOS, CHIMANGOS e VIVENTES DE TODAS AS VÁRZEAS E COXILHAS."
Um grande abraço e um baita quebra costelas bem chinchado e que 2009 SEJA UM ANO LOCO DE ESPECIAL!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A família reunida, as iguarias de Natal, os presentes e a graça de Deus, o que é que podemos desejar mais numa noite de Natal?





















A família reuniu-se este ano a 24 de Dezembro. Um ano é a 24 e outro ano é a 25, para todos poderem estar com as suas famílias, aplicando-se isto àqueles membros que integraram esta comunidade familiar pelos laços de casamento e pelas famílias paralelas.
A casa estava quente com a lareira acesa e a árvore de Natal para desespero da Francisquinha tinha muitos embrulhos. Ela já compreendeu e muito bem o que quer dizer a palavra presentes. Nós este ano fomos comedidos e demos prendas q.b., tal como tínhamos combinado, mas todos os que receberam ficaram muito contentes com as ofertas, até a Windy teve uma prenda.
A nossa família não é uma família tradicional, eu casei três vezes e tenho quatro filhos destes casamentos. Toda esta vida e estas opções foram fruto de uma educação autoritária e dura que eu tive na minha infância e de muita rebeldia que havia em mim. O caminho foi de sofrimento, de luta, de muitos erros, mas também de muita coragem.
Os filhos e filhas, a neta e os netos que estão para vir são a riqueza que eu possuo.
No domingo fui à missa de Natal, na igreja da Parede. Uma igreja dos anos sesssenta, típica da época dessas igrejas, como a de S. João de Deus ou S. João de Brito em Lisboa, mas eu gosto de assistir à missa em várias igrejas, gosto de ouvir diferentes homílias e diferentes coros, por isso no próximo domingo sou capaz de estar noutra. Estas práticas também na nossa família não têm nada de tradicional, estive num colégio de freiras e num liceu nacional e fui baptizada na Igreja de Santos-o-Velho, fiz todas as etapas religiosas, 1ª. comunhão, crisma, profissão de fé e depois na minha juventude tive uma crise de fé, senti a igreja fraca e parti para outros caminhos que me pareciam mais justos, mais consistentes e eficazes, acompanhada pelas leituras que fui encontrando, por isso e por uma questão de coerência não baptizei os meus filhos, nem casei pela igreja nos primeiros casamentos. Só o fiz mais tarde quando senti a graça da fé.
Tenho filhos praticantes e outros não praticantes, mas respeito perfeitamente as suas opções, pois eu sempre acreditei nas minhas no momento em que as concretizei. Um dia um padre que eu respeito muito e que hoje tem oitenta anos e que me tem apoiado nos caminhos da minha vida, disse-me «a nossa consciência é que decide o que está bem ou mal para nós e ela é diferente de cada uma dos outros, o que pode ser mal para si , pode não ser para outra pessoa qualquer e vice-versa, por isso devemos seguir a nossa consciência». E é isso que eu faço, sigo a minha consciência e a minha intuição. Nos últimos anos tenho tentado também debelar a revolta, a raiva ou outros sentimentos negativos e tenho desejado intensamente viver em paz, procurando colmatar os erros cometidos ou o sofrimento causado a outras pessoas. Não sou de maneira nenhuma uma católica exemplar, praticante até às últimas consequências. Nem sempre vou à missa, nem sempre agradeço o que tenho, nem sempre faço o bem que deveria fazer. Sou humana em toda a excepção da palavra com desejos de uma maior espiritualidade. Esta é a que eu sou e aceito todos aqueles que não pensam como eu. Hoje só quero caminhar em frente e coisas simples.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Um bom Natal para vós amigos e amigas on-line


NATAL CHIQUE
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal.
Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.

Vitorino Nemésio

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A visita











A visita foi muito animada, afinal fomos a Sarilhos Grandes e Atalaia e fomos visitar na igreja da Atalaia o Museu dos Ex-votos. Nesta pequena parte do Museu aparecem imagens de ex-votos convencionais, mais antigos, pinturas de agradecimento e noutro local painéis com fotografias sem fim, dos anos sessenta, particularmente de soldados que foram para as ex-colónias, noutra ainda imagens de cera de todas as partes do corpo humano, vestidos de noiva etc. Já vi uma coisa parecida no Alentejo. Esta é a religiosidade do nosso povo e certamente irei encontrar em várias partes do mundo, manifestações idênticas. São memórias, são momentos.
O almoço correu bem e com muitas brincadeiras, este grupo de viagens, quase todo formado por bancários, médicas, enfermeiras, professoras, militares e outras profissões são muito civilizados e divertidos, estão habituados a viajar há longo tempo e ajudam-se mutuamente.
Foi um dia divertido para compensar os dias de tempestade.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Hoje faltei à chamada


Tinham-me dado um bilhete para ir ver o Cabaret, no Maria Matos. Perguntei ao meu filho jornalista que vai a tudo o que pode, que tal era? Respondeu-me que não era «estrondoso», eu confio na sua opinião e não arrisquei sair nesta noite chuvosa e agreste para a rua, já que amanhã tenho o almoço de Natal do grupo das viagens. São duas da manhã e tenho de me levantar amanhã cedo, estou a tornar-me noctívaga. Deito-me por vezes até mais tarde e de manhã funciono bem depois de almoço e razoavelmente a partir das 11h. Esta é uma das liberdades de aposentada. Levei anos e anos a levantar-me de madrugada. Tenho direito à desforra. Veremos como vai correr o almoço, antes vou espreitar a igreja de Alhos Vedros, porque é nesta localidade que vai ser o repasto. Todos os anos mudamos, vamos ver como corre.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Esta semana foi muito agitada








Na passada segunda-feira, dia feriado fui ter com uma das minhas filhas e com a minha neta. Fizemos algumas compras de Natal, numa rua sossegada que é a Guerra Junqueiro, em Lisboa, em vez de me enfiar em qualquer centro comercial, que nesta época é uma verdadeira tortura. Constatei que as lojas estavam vazias demais para a ocasião, o que quer dizer que as pessoas estão mais comedidas e realmente tem de ser. Hoje não tem lógica nenhuma encher a casa dos nossos familiares e amigos com bibelots sem interesse nenhum, eu tenho de confessar aqui que em relação a estes objectos quando mos ofereciam, ou eram demasiados sabonetes, leites de corpo, garrafas e lenços de fantasia ou livros repetidos eu adaptei sempre a célebre frase de Lavoisier «Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", para uma frase da Anad «Na minha casa tudo se cria, nada se perde, tudo circula», estão a perceber, não é? Há muitas prendinhas que neste momento estão nas gavetas ou prateleiras de outras pessoas a quem tinha de retribuir ao mesmo nível, mas eu escolhi famílias que não conhecessem as ofertantes senão dava mau resultado. Nós devemos dar às pessoas aquilo que realmente elas gostam, temos de as surpreender senão não vale a pena.
Continuando, depois de beber um chá na velha Mexicana e a minha querida neta comer um pãozinho de leite com queijo, despedi-me e fui com o meu marido ver o filme Amália no Londres, e foi uma decepção para mim. Não é que o filme esteja a denegrir a figura mítica da fadista, mas a actriz principal não tem experiência como actriz, nem um corpo como a Amália tinha, esta é magra demais e além disso está agarrada aos trejeitos que eram da cantora o que lhe corta os movimentos e torna o papel artificial. E como diz o Manuel Halpern na sua crítica sobre o filme, que eu assinaria por baixo «cinema é outra coisa», imaginei logo o que seria o Visconti a fazer este filme.
Depois a semana correu agitada, tive de ir a médicos e vacinas porque a minha filha mais velha vai viajar e na quinta-feira fui fazer uma acção de formação sobre serviços educativos de museus, no Museu da Presidência da República, convidada pela minha querida amiga Helena e o meu amigo P.P. fez-me um lindo power-point, pois tinha várias imagens em suportes diversos. Quando vi a obra final, verfiquei sem sombra de dúvida que estava ali uma parte significativa da minha vida profissional e correu bem, as pessoas estiveram agarrradas ao ecrã e eu falei, falei com um entusiasmo que vinha de dentro.
Ontem vieram cá jantar o meu filho e a minha nora que estão para ser pais, dei-lhes a minha produção doméstica para o bébé que eles gostaram e a minha filha mais velha também adorou. Foi giro, fomos à garagem buscar o carro de bébé que serviu para a Francisca e já tinha sido alcova de outros bébés da família, mas como é de excelente qualidade aguenta-se muito bem, e há camas que entram e saiem para serem limpas e pintadas, roupas que passam de umas casas para outras, enfim esta é a verdadeira economia familiar e a aplicação da lei do velho Lavoisier com adaptações da Anad. O jantar foi uma bolonhesa de soja feita pela minha filha mais velha, que estava óptima e a sopa feita na Bymbi, fruta e água purificada no jarro com filtro. A educação ambiental vai de vento em popa nesta casa à beira do oceano, pois então e as prendas este ano vão ser muito reduzidas, pois nas nossas casas há sempre hipótese de dar alguns dos nossos objectos: ontem o casal que vai ter um filho, levou duas terrinas e um solitário antigos dados por mim e um lindo serviço de chá Vista Alegre dado pela irmã mais velha. O dinheiro temos de guardar para outras coisas e eu tenho aprendido muito com os meus filhos e filhas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Tomei uma decisão histórica


Hoje tomei uma grande decisão. Vou poupar para investir em projectos úteis. Decidi que não iria mais consumir bens desnecessários ou comprá-los exageradamente. Prendas em dinheiro nunca mais as vou dar. Este Natal vai ser um Natal com ofertas feitas por mim e objectos ou peças surpresa que sejam úteis no dia a dia.
O dinheiro quero-o investir na educação dos meus netos, contribuir para que eles frequentem um bom colégio, ou então apoiar qualquer dos meus filhos ou filhas que necessitem da minha ajuda.
Os tempos estão de crise, e eu necessito de acautelar a minha vida futura e preparar-me para as dificuldades que o país vai atravessar, quero ainda viajar e conhecer novas culturas.
Cada vez necessito de menos coisas e quero ser sempre independente dos meus filhos. Há pais que dão aquilo que não lhes faz falta e há aqueles que prescindem de muita coisa para apoiar os filhos. Mas nem tanto ao mar nem tanto à terra como diz o nosso povo. Se eu tiver uma necessidade inadiável, quero ser eu a encontrar soluções e a arcar com as despesas, os meus filhos têm as suas casas e as suas famílias e os tempos estão difíceis para os casais jovens, no nosso país: rendas altíssimas, custo de vida caríssimo, creches e infantários com preços elevados, impostos de morrer e até as empregadas domésticas exigem pagamentos, pelo menos em Lisboa de 7 euros e mais à hora, com exigência de subsídio de férias e Natal, subsídio de transporte e Segurança Social e não passam recibo. Um dia por semana com 7h de trabalho por exemplo é verdadeiramente caro, se tiverem todos os dias úteis ocupados, ganham mais que algumas das pessoas para quem trabalham. Não acho que devam ganhar menos, o problema é que a classe média está muito mal paga e explorada.
Hoje sonhei com um futuro preocupante, mas eu quero ser positiva e a decisão de poupar é encarar esse mesmo futuro de uma forma positiva.
Abaixo o consumo desenfreado na época de Natal. O Natal é das crianças. Vou ser solidária com alguns necessitados, levando roupas e bens alimentares a quem precisa, só numa das paróquias do concelho de Cascais há 750 pessoas com necessidades básicas comprovadas. A linha de Cascais tem uma parte da frente e outra por detrás. Nem tudo é luxo e riqueza.
Que a educação ambiental seja uma realidade cada vez mais presente na mente e nas boas práticas das pessoas, tenho de melhorar muito nisso. Poupar nos recursos que temos começa em casa. O planeta terra agradece.

Manuel de Oliveira


Manuel de Oliveira faz 100 anos no dia 11 de Dezembro e continua a filmar. É verdadeiramente histórico que um homem centenário continue a trabalhar desta maneira. Goste-se ou não dos filmes, eu gosto muito de alguns de outros nem por isso, (é o que acontece a quem filma muito ou escreve muito, é difícil encontrar o equilíbrio)temos de admirar este homem que atravessou um século sempre activo, não se deixando abater pelas dificuldades que encontrou pelo caminho. Passou dificuldades mas perseguiu um sonho, um objectivo para a sua vida.
Portugal é neste momento o país que tem a mulher mais idosa, 115 anos, eu conheço outra que tem 102 anos e ainda canta e só tem apoio das 8h da manhã às 20h, depois fica sózinha e temos o Manuel de Oliveira e outros mais que desconhecemos. Será que somos um país de centenários?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Da minha janela



Da minha janela observo as árvores que estão plantadas na minha rua. Despidas, os seus troncos finíssimos parecem garras que nos querem apertar. É o Outono e ainda ficarão mais despidas direi completamente nuas em Janeiro, para em Março renovarem outra vez. Tem de ser assim connosco, temos de nos despir de tudo que ao longo do ano fomos sedimentando no corpo e no espírito, para nos renovarmos mais tarde com novas roupagens. Este ano tem sido um ano dificil para mim, aconteceram-me muitas coisas ao mesmo tempo, mas que eu procuro aceitar com generosidade, pois já recebi muito. Isto não é um chavão de pieguice sentimental é sim a realidade de todas as pessoas, parvo aquele que diz que é completamente feliz, a felicidade conquista-se em pequenos momentos e colhemos isso sim aquilo que semeámos.
Pela primeira vez desde há muitos anos, tem aparecido na TV, programas que apelam às compras solidárias. Acho muito boa ideia, finalmente a crise veio pôr cobro ao consumo desenfreado e às nossas compensações.
As minhas plantas verdes espreitam as outras, da parte de dentro da minha janela e o contraste conforta-me.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Eu sou a avó e ao mesmo tempo a mãe da Gigi


A minha cadela chama-se Windy, mas a minha neta chama-a de Gigi. Ontem quando lhe telefonei, falei-lhe como avó e depois quis fazer de Gigi, mas a minha filha achou graça dizer -lhe que estava ao telefone a mãe da Gigi. Ela veio e disse olá, eu não sabia o que devia fazer e pus-me a imitar um cão a ladrar. Ela do lado de lá da linha, um pouco espantada certamente, dizia «está a ladá-lhe» e eu desenfreada «aú, aú, aú».
São momentos como estes que me enchem de alegria, sinto-me criança «estou a brincar». Eu gosto muito de brincar e sair. Estou desejosa que ela cresça para fazermos programas juntas, já que agora há tantas ofertas nas instituições culturais, mas muito só a partir dos quatro anos. Quando estou a tomar conta dela sou uma avó a tempo inteiro e como sempre trabalhei e tenho uma empregada todos os dias, brinco com ela com várias actividades e não a convido para ajudar nos trabalhos domésticos, pois não os estou a fazer. As oito horas que passa comigo quando vem são de tal maneira variadas que devo confessar que fico de rastos. Ora vejam, de entrada o filme a pequena sereia, só um bocadinho, a seguir pinturas que ela gosta muito, depois baloiço, escorrega ou brincar na casinha faz-de-conta, depois almoço e tiro a fralda ou sento-a no bacio, depois dormir, se bem que ela me diz logo depois de almoço «ó ó, não». Dorme depois de alguma luta 1h e 30m a duas horas. A seguir vai lanchar, tira a fralda ou vai para o bacio e depois fazemos desenhos, construções, legos e leitura de livros voltando à pequena sereia ou ao programa Baby TV, um programa inglês para bébés que é óptimo. Chega finalmente a hora da musica: toca instrumentos e canto imensas canções várias vezes, tudo com a «Gigi» pelo meio e termina a sessão tirando todas as recordações que a avó trouxe dos países por onde andou da mesa. Esta é uma sessão quando eu tomo conta da minha neta.
Até agora não tem ligado muito a bonecas, apesar de eu lhe ter comprado uma caminha e dois bonecos, gosta mais de actividades reflexivas ou artísticas. Quando a minha filha chega para a buscar eu descanso e desligo um pouco, injustamente é certo, pois a profissão dela é de muita responsabilidade, provocando imenso stress, mas eu estou completamente exaurida, o que não quer dizer que não esteja feliz.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A todo o vapor







Desde que me aposentei que tenho feito sem parar mantas, colchas e tapetes para a família. Talvez por ter estado tão concentrada em trabalhos de gestão e produção de eventos, que quando abrandei, decidi além da investigação fazer uns trabalhos manuais e brevemente começarei a desenhar e a pintar. Porquê esta necessidade? Porquê de repente voltar a pegar em coisas que foram da minha adolescência? Penso que necessito de ter as mãos e o pensamento ocupados de modo a adquirir uma certa paz e contrabalançar o aceleramento da minha vida activa com esta agora de aposentada. Falta-me ainda a vontade de grandes passeios a pé, que vão ser vitais para a minha saúde. O dia tem 24h e eu não temo ser esquecida, quero fazer tudo ao ritmo que o meu corpo pede. Vou fazer uma formação, em Dezembro, sobre serviços educativos, no Museu da Presidência da República, que penso que vai ser bom para mim, pois vou fazer a síntese de um trabalho de 41 anos no activo, mas os trabalhos ditos manuais não me vão abandonar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Na semana que passou


Na semana que passou assisti a dois espectáculos de que gostei muito. Em primeiro lugar o Quebra Nozes, no teatro de S. Carlos, no qual o meu filho mais novo dançava o papel principal. A sala estava cheia de famílias com crianças e a versão do coreógrafo permitiu que imensos estudantes do conservatório entrassem no bailado, crianças a ver outras crianças a dançar, o que foi muito pedagógico e interessante. O Armando jorge foi justamente condecorado pelo Presidente da República, depois de ter estado tanto tempo à frente desta companhia e ter sido seu fundador.
O outro espectáculo foi em Alpiarça, numa sessão onde foi apresentada a candidatura do QREN para recuperação dos Patudos, a nível do edifício e da reprogramação do Museu, equipa da qual faço parte e terminou com um espectáculo de trechos de ópera para concerto «Homenagem a G. Puccini», pelos Solistas Ibéricos, grupo de sopros e pelo barítono Luís Rodrigues, pelo tenor Pedro Chaves e pela soprano Sónia Alcobaça que foi uma verdadeira surpresa, uma voz fantástica, uma jovem promissora. Eu às vezes fico parva com coisas que se passam no nosso país, o ano passado fiz uma assinatura para os espectáculos de ópera do S. Carlos e foram entregues os papéis principais a cantores estrangeiros, de segunda categoria que foram alvo de inúmeras críticas. Como é possível isto se temos jovens de imensa categoria? Qual o apoio que o Estado Português dá aos nossos artistas?
O narrador Jorge Rodrigues foi eloquente, pedagógico e despertou para o prazer deste tipo de música um público fora dos meios citadinos. O pianista Giovanni Andreoli acompanhou muito bem este espectáculo. Fiquei particularmente comovida com a interpretação de «Visse d'arte, Visse dámore» da ópera Tosca de Puccini, por Sónia Alcobaça.
Ver sobre a Companhia Nacional de Bailado em http://www.cnb.pt/