terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Adormecer com Adilia Lopes

LISBOA

Cidade branca

semeada

de pedras

Cidade azul

semeada

de céu

Cidade negra

como um beco

Cidade desabitada

como um armazém

Cidade lilás

semeada

de jacarandás

Cidade dourada

semeada

de igrejas

Cidade prateada

semeada

de Tejo

Cidade que se degrada

cidade que acaba

De: Adília Lopes, POEMAS NOVOS, Edições & etc, Lisboa

CAVACO GOVERNOU NO TEMPO DAS VACAS GORDAS



Veja os comentários de Miguel Sousa Tavares sobre a alegada "guerra" entre Belém e São Bento, a Cimeira Europeia e o número de idosos encontrados mortos em casa na semana passada.

Segunda feira, 30 de janeiro de 2012
Miguel Sousa Tavares comenta a "divisão" entre o Presidente e o Governo:


Miguel Sousa Tavares analisa a Cimeira Europeia:


Miguel Sousa Tavares comenta o número de idosos encontrados mortos em casa:


Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/cavaco-governou-no-tempo-das-vacas-gordas=f702119#ixzz1l1sBbY18

sábado, 28 de janeiro de 2012

Ah, ah, ah e porque é que o resto da direcção se demitiu? Há outros dirigentes da cultura que não foram demitidos, porquê? Usam avental?

CCB: secretário de Estado lembra que Mega Ferreira não foi exonerado

"O doutor Mega Ferreira terminou o seu mandato. Foi o primeiro presidente do CCB que não foi exonerado", afirmou Francisco José Viegas.

Sábado, 28 de janeiro de 2012

O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, afirmou sexta-feira que António Mega Ferreira "foi o primeiro presidente do Centro Cultural de Belém (CCB) que não foi exonerado", sublinhando que saiu pacificamente após terminado o seu mandato.

"O doutor Mega Ferreira terminou o seu mandato. Foi o primeiro presidente do CCB que não foi exonerado. Terminou o seu mandato e ao fim de dois mandatos o próprio doutor Mega Ferreira considerou que tinha chegado o fim de um ciclo", disse o governante à Agência Lusa.

Francisco José Viegas sublinhou que "não foi uma exoneração nem uma demissão", mas sim "uma substituição tão pacífica que a passagem de pastas" decorreu de uma forma "civilizada e absolutamente pacífica".

O conselho diretivo da Fundação CCB pediu a demissão na quinta-feira por causa da saída "injusta" de António Mega Ferreira da presidência do conselho de administração da Fundação, tendo sido substituído por Vasco Graça Moura.

"Pedimos a demissão em bloco (...). As circunstâncias em que António Mega Ferreira contou como foi despedido é alguma coisa que não pode acontecer num mundo civilizado, num mundo democrático. Politicamente é legítimo, mas não me parece justo. Convém as pessoas darem um sinal à tutela de que há limites de decência na mudança dos cargos", disse Lídia Jorge à Agência Lusa.

"Não estão em causa razões políticas"


Para o secretário de Estado, "há um exagero e um óbvio disparatar à volta disto", porque Mega Ferreira "cumpriu os dois mandatos", num total de seis anos.

"Ao fim desses seis anos, é outro ciclo, é outra vida, foi só isso que aconteceu", sublinhou.

Refutou que na origem desta substituição tenham estado razões políticas.

"Só poderia ter havido razões políticas se fosse uma exoneração, mas neste caso o que aconteceu foi que, pura e simplesmente, chegou ao fim o seu mandato", acrescentou, dizendo ainda que "as pessoas também não podem eternizar-se" nos cargos.

Questionado sobre a eventual disponibilidade manifestada por Mega Ferreira para continuar na liderança do CCB, respondeu: "Isso não interessa. Isso diz respeito só a nós".

Manifestou ainda estranheza por haver quem duvide das "grandes capacidades, competência e grande currículo" de Vasco Graça Moura.
"Se Mega Ferreira fez um excelente trabalho à frente do CCB, e fez, contamos com Graça Moura para um grande trabalho, um grande ciclo. O seu currículo fala por si", afirmou.

Graça Moura foi "grande escolha"


Manifestou-se convicto de que Graça Moura foi "uma grande escolha" e classificou de "muito disparatado" pôr em causa a sua capacidade.

Francisco José Viegas fala na Casa de Camilo, em Vila Nova de Famalicão, onde foi participar na iniciativa "Um livro, um filme", promovida pela Câmara local.

O secretário de Estado escolheu "Balada da Praia dos Cães", um filme português realizado em 1987 por José Fonseca e Costa e com interpretação de Henrique Viana e Raul Solnado, baseado no livro da autoria de José Cardoso Pires, publicado 1982.

Justificou a escolha pelos autores do livro e do filme, pelo cinema português e pela "espantosa" Balada da Praia dos Cães.
"O filme é um dos meus preferidos, o livro também", sintetizou.


Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/ccb-secretario-de-estado-lembra-que-mega-ferreira-nao-foi-exonerado=f701812#ixzz1kkj8mQqq
AmigoMal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

Pode haver a tendência de procurar a solução num ditador populista

Ou passamos a discutir e a actuar politicamente ou deixamos que uma ditadura providencial o faça por nós
Irene Flunser Pimentel é historiadora. Houve um tempo em que encarnou a revolucionária "soixante-huitard". A via que hoje preconiza para intervir social e politicamente é a reformista.
Cita uma frase famosa: "Chasser le naturel, il revient au galop". "Significa: mesmo que expulsemos o natural, aquilo que a pessoa de facto é, esse natural, vem a galope." Qual é esse natural dos portugueses? Como somos, nomeadamente, quando se olha para a nossa história recente? "A História relativiza os grandes dramas. No meu caso, penso que, depois do Holocausto, se houve renascimento, se houve outra vez uma cultura possível, se houve política, também agora vai continuar a haver. Não sabemos é o quê. Nenhuma das chamadas ciências humanas nos permite ver o que vai ser o futuro. Basta ver os economistas: todos têm errado." Foi Prémio Pessoa em 2007.

28 Janeiro 2012 Anabela Mota Ribeiro

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

RECOMENDO É MUITO BOM. VÃO LEVAR A CASA

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ontem e hoje foram dias bons...

Ontem e hoje foram dias bons, além de estar todas as terças-feiras com amigas especiais, jantei com filhas, filhos, nora, genro e netas, um belo frango do Rio de Mel, o melhor frango de Lisboa, segundo a revista sábado. Eu claro que não como, mas vi-os comer com satisfação. Uma das minhas noras à terça-feira toma conta das miúdas, enquanto a minha filha vai à ginástica e assim aproveitámos para jantar. As miúdas estão o máximo e a solidariedade familiar é boa.
Hoje fui com uma amiga ver um filme excepcional. É um filme documentário sobre a decadência dos bordéis na França dos finais do século XIX, inícios do século XX. è para mim uma obra de cariz antropológico a não perder.

“Apollonide” é o primeiro filme do francês Bertrand Bonello estreado em Portugal.

É um filme sobre um bordel parisiense do princípio do século XX, o tipo de coisa que nos chegou numa memória mitificada pela literatura, pela pintura, e também, embora forçosamente com outra contenção alusiva, pelo cinema francês das primeiras décadas do século passado. Bonello joga com isso tudo, especialmente a pintura: há muitos planos em que o espectador é convidado a ver o seu impressionismo, e quando Bonello divide o ecrã em dois, três ou quatro (uns quantos momentos em “split-screen”) não há dúvida, o espectador é posto a olhar para quadros. O bordel, de onde não se sai, e o mundo que entra por ele adentro (os homens que o frequentam, as candidatas a prostitutas) são obviamente uma coisa passada, regida por códigos extintos. A maneira como Bonello encena esse mundo e esses códigos tem um sentido do risco interessante: há elegância (mesmo o que é violento, fisica ou verbalmente, é mais elegante do que bruto) e há, senão felicidade, uma espécie de conforto, o conforto da “normalidade”, de um mundo em que a situação daquela casa e daquelas raparigas encaixa perfeitamente. Pode suscitar - daí o sentido do risco - uma ideia de nostalgia, não muito diferente (claro que “mutatis mutandis”) daquela com de vez em quando Sokurov parece filmar a Rússia imperial: um “paraíso perdido”, em suma. A questão “sociológica”, sendo importante (e particularmente no plano final, uma beira de estrada contemporânea: já não há bordéis, as prostitutas estão na rua e parecem mais tristes do que nunca), é resolvida mais pela poesia e pela alusão. O mundo avança por ali adentro: as doenças, o dinheiro (o senhorio quer aumentar a renda do bordel), as promessas por cumprir (aparentemente, nenhum homem fala a sério quando faz juras de amor a uma prostituta). Quanto mais o mundo avança, mais o bordel se revela como puro teatro (“social” e não só), mascarada cada vez maior até que um baile já pareça mais um “freak show”. Elipse, e o “teatro” transforma-se em “documentário”: é o tal plano final, contemporâneo e realista.

Filme inteligente, por vezes intrigante (a “mulher que ri”, personagem que carrega um mundo referencial), servido por um óptimo “ensemble” de actrizes e, por alguma razão, com vários realizadores no papel dos clientes (reconhecem-se Jacques Nolot, Xavier Beauvois, Pierre Léon...), “Apollonide” merece ser visto. Decidir Bonello fica, mais uma vez, adiado - o que deve ser mérito dele.

Vergonha e desemprego

por José Vítor Malheiros
Texto publicado no jornal Público a 24 de Janeiro de 2012
Crónica 4/2012


Um dos objectivos principais das empresas e do sistema capitalista passou a ser gerar desempregados

1. Cavaco devia ter vergonha de invocar a sua condição de pensionista e de usufruir de duas pensões quando está ainda no activo, a trabalhar a tempo inteiro, como Presidente de República.


Cavaco devia ter vergonha de ter prescindido do seu salário de Presidente da República para poder receber mais uns milhares de euros, quando deixou legalmente de poder acumular as suas pensões com esse ordenado. E de insinuar que o facto de prescindir do salário de PR em favor das suas pensões se deveu a um gesto voluntário, quando a escolha entre os dois rendimentos era um imperativo legal.


Cavaco devia ter vergonha de insinuar que o facto de prescindir do salário de PR em favor das suas pensões se deveu a um gesto de abnegação, quando a escolha que fez consistiu apenas em escolher o maior rendimento possível.


Cavaco devia ter vergonha de referir a sua pensão de 1300 euros como se fosse a sua única ou principal fonte de rendimento, quando não é. E de escamotear o montante da sua pensão como funcionário do Banco de Portugal, dizendo não saber exactamente qual é. Cavaco devia ter vergonha de dizer “aos senhores jornalistas” que poderiam inteirar-se facilmente do valor da sua pensão do BdP, quando sabe que essa informação não é fornecida pela instituição nem seria fornecida por ele próprio.


Cavaco devia ter vergonha de esconder o facto de, apesar de não receber salário como PR, ter as suas despesas pessoais pagas pela Presidência da República.


Cavaco devia ter vergonha de se queixar da sua situação financeira quando conhece a situação de fragilidade da esmagadora maioria dos portugueses, quando sabe que em Portugal o salário médio é de 800 euros líquidos, que um quinto das famílias vive abaixo do limiar de pobreza, quando conhece a situação miserável em que vive a maioria dos verdadeiros pensionistas, com pensões de 200 e 250 euros (devido aos diplomas que ele próprio promulga), quando sabe que existem em Portugal um milhão de desempregados, muitos dos quais sem subsídio.


Cavaco devia ter vergonha de se recusar a esclarecer cabalmente os seus negócios com o BPN e a compra da sua casa em Albufeira e de tentar intimidar quem pede os esclarecimentos a que todos temos direito. Cavaco devia ter vergonha de dizer que já esclareceu tudo o que há para esclarecer sobre as suas finanças quando apenas publica notas crípticas a propósito de metade dos factos que todos os portugueses gostariam de conhecer.


Cavaco devia ter vergonha de ter uma tal duplicidade de critérios que considera a sua pensão de 1300 euros como miserável, mas as pensões muito inferiores de muitos outros cidadãos como adequadas.


Cavaco devia ter vergonha de se apresentar como um pobre pensionista com dificuldades quando possui uma situação de total desafogo financeiro e de objectivo (e compreensível) privilégio. Cavaco devia ter vergonha de estar em tal dessintonia com o país e com os portugueses que diz representar.


Cavaco devia ter vergonha. Mas não tem. Cabe-nos a nós ter vergonha por ele.

2. O “acordo de concertação social” assinado na semana passada vem aumentar o número de dias de trabalho, liberalizar os despedimentos e reduzir os apoios aos despedidos e desempregados. Como o Governo, os patrões e a troika pretendiam. O acordo é sustentado por um discurso oficial que diz que estas medidas promovem a “competitividade da economia” e fazem “crescer o emprego”. Mas é apenas uma táctica para facilitar despedimentos e pauperizar os desempregados. Os trabalhadores vão ganhar menos, ser mais maltratados nos seus empregos, postos na rua mais facilmente, despedidos por razões arbitrárias ou por delito de opinião, vão ter indemnizações mais baixas, subsídios de desemprego mais reduzidos e durante menos tempo e, quando encontrarem outro emprego, vão ser mais mal pagos e mais maltratados que no emprego anterior. E os desempregados que deixarem de ter direito a subsídio vão aceitar condições de trabalho mais “competitivas”, constituindo uma pressão poderosa para baixar os salários de todos. Os patrões chamam a isto “competitividade” mas avisam que esta não chega. E vão continuar a exigir mais “competitividade” até termos os salários e as condições de trabalho da China ou da Nigéria.


O que este acordo deixa claro é que, cada vez mais, o objectivo principal das empresas e do sistema capitalista passou a ser gerar desempregados. Isso é visível na Bolsa, quando vemos as cotações das empresas que despedem milhares de trabalhadores a subir. Os mercados gostam de desempregados. Claro que os patrões dizem que despedem em nome da eficiência e garantem que, se houver mais competitividade, o emprego vai “retomar”. Mas sabemos que não é assim. Os patrões também não gostam do emprego.


A situação poderia não ser dramática se as empresas apenas pedissem flexibilidade para mudar os trabalhadores daqui para ali (o que se compreende), ou mesmo para os despedir em certos casos, mas se houvesse uma sólida rede de segurança social para sustentar os desempregados e as suas famílias até ao próximo emprego. Mas os patrões também não querem isso. Mesmo que não sejam eles a pagar. Os patrões querem uma massa de desempregados miseráveis, sem subsídio de desemprego, dispostos a aceitar qualquer trabalho por qualquer preço. O mais grave é que um desempregado não é apenas alguém que não tem trabalho. Um desempregado é alguém que está de facto excluído da sociedade e da política, que condena à pobreza os seus filhos e que ainda é acusado de parasitismo pelos Álvaros desta vida. Vamos mesmo aceitar uma sociedade com uma massa crescente de sub-humanos sem direitos? (jvmalheiros@gmail.com)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Há censura em Portugal...

Em causa estará polémica gerada por crónica do jornalista Pedro Rosa Mendes

RDP acaba com espaço de opinião que serviu de palco a críticas duras a Angola

24.01.2012 - 09:47 Por Victor Ferreira, Romana Borja-Santos

Programa "Este Tempo" vai para o ar pela última vez esta semanaPrograma "Este Tempo" vai para o ar pela última vez esta semana (Adriano Miranda)
Uma crónica crítica em relação a Angola, do jornalista Pedro Rosa Mendes, terá levado a RDP a acabar com o espaço de opinião "Este Tempo", da Antena 1.

O jornalista Pedro Rosa Mendes confirmou, em declarações ao PÚBLICO, ter sido informado, por telefone, que a sua próxima crónica, a emitir na quarta-feira, será a última da sua autoria. “Foi-me dito que a próxima seria a última porque a administração da casa não tinha gostado da última crónica sobre a RTP e Angola”, diz o jornalista, por telefone, a partir de Paris.

“A ser verdade, esta atitude é um acto de censura pura e dura”, sustenta o jornalista, que aborda nessa crónica a emissão especial que a RTP pôs no ar na segunda-feira, 16 de Janeiro, em directo a partir de Angola. A chamada telefónica que serviu para anunciar-lhe o fim deste espaço de opinião foi feita por “um dos responsáveis da Informação” da Antena 1, continua o jornalista, que não quis especificar quem daquele departamento lhe comunicou aquela decisão.

Rosa Mendes critica a emissão do programa televisivo Prós e Contras da RTP feita a partir de Angola, com a participação do ministro português que tutela a comunicação social, o ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas. Porém, o jornalista entende que “com tudo o que está em causa, foi uma crónica contida”. Aliás – prossegue –, a ser verdade que tenha sido dispensado por causa do teor desta crónica, essa decisão seria “muito estranha”, porque ele não foi “a única pessoa a ficar desagradada com a natureza e o conteúdo da emissão da RTP”. “Houve outras opiniões negativas nestes últimos dias”, aponta.

Contactado pelo PÚBLICO, o gabinete do ministro Miguel Relvas declinou comentar o assunto, limitando-se a dizer que "é uma decisão exclusivamente do foro editorial da RDP".

O PÚBLICO também questionou a administração da RTP, mas ainda não obteve resposta.

A crónica em causa foi emitida a 18 de Janeiro e integra um espaço de opinião que a Antena 1 tem, com o nome de “Este Tempo”. É assegurado por cinco pessoas – Rosa Mendes, António Granado, Raquel Freire, Gonçalo Cadilhe e Rita Matos e, segundo Rosa Mendes, todos eles estariam a ser informados que a crónica vai acabar. O PÚBLICO contactou João Barreiros, director de Informação da Antena 1, e António Granado, um dos cronistas, sem sucesso. Já Ricardo Alexandre, director-adjunto de Informação da Antena 1 e responsável pelo programa, disse não ter comentários a fazer.

No entanto, hoje às 9h45, hora a que de segunda a sexta-feira o programa é transmitido,Raquel Freire aproveitou a sua crónica para anunciar que também foi informada que seria a última. A cineasta dedicou-a ao tema da liberdade, fazendo referência ao filme Good Night and Good Luck, que retrata um grupo de jornalistas que lutam pelo direito à informação e por denunciar alguns dos atentados políticos aos direitos fundamentais cometidos pelo senador Joseph McCarthy. Na crónica, Raquel Freire questiona “para que serve uma rádio pública e um serviço público?” se não for para servir as pessoas que não têm voz, adiantando duas respostas, em jeito de interrogação: “Para dar voz às pessoas ou para ser a voz do dono?”.

O programa estava no ar há cerca de dois anos e os contratos terminariam agora. Durante esse tempo, diz Rosa Mendes, nunca lhe foi dado nenhum feedback dando a entender que houvesse temas que fossem tabu ou que tivessem sido fixados “limites de censura”.