AnaEugenio escreve "Tornar-se vegan é, frequentemente, o percurso lógico de quem adopta um regime alimentar vegetariano e ganha uma consciência desperta do Mundo (abdicando de todos os produtos animais, incluindo os lacticínio, ovos e mel).
Ser vegan é muito mais que uma dieta, é uma filosofia de vida que se reflecte nos pormenores do dia a dia (não comprar roupa de lã ou seda, nem sapatos, malas e acessórios em pele, ou produtos testados em animais, como a maior parte dos detergentes, champôs, cosméticos ou cremes, por exemplo!). Há alternativas (em algodão, linho, lycra ou outros materiais sintéticos, e já há algumas marcas com preocupações ambientais, como os detergentes Ecover, por exemplo, que são menos poluentes e estão à venda nalguns hipermercados)! No site da associação Animal (http://www.animal.org.pt/) há uma lista de outros produtos, à venda em Portugal, que também não são testados em animais.
Ser vegan é acreditar que os outros animais têm o mesmo direito à vida que os seres humanos e manifestá-lo em todos os actos: boicotando – gota a gota - a indústria que os explora. Como sempre, poderá dizer-se que um indivíduo isolado – aparentemente – não faz grande diferença. É tudo uma questão de perspectivas! O copo tanto pode estar meio cheio como meio vazio! Eu acredito que as minhas opções como consumidora – por mais insignificantes que pareçam aos descrentes – são uma gota a menos na engrenagem do lucro fácil. É uma tarefa árdua (os derivados animais estão em todo o lado! é o soro de leite nas bolachas de água e sal, é a lanolina disfarçada de vitamina D nas margarinas, é a lactose que complementa uma panóplia infinita de produtos e outros quejandos!). Mas há cada vez mais vegetarianos a optar por um regime vegan (vegano/a ou veganiano/a), mais cedo ou mais tarde a estrutura industrial terá que aceitar esta transformação humana e social.
O segredo para uma dieta vegan saudável é a variedade (acreditem que a há! e muito!): comendo fruta, vegetais, grãos, cereais integrais, frutos secos, sementes e legumes. Todos estes alimentos têm proteínas (especificamente: batatas, pão integral, arroz, brócolos, espinafres, amêndoas, ervilhas, manteiga de amendoim biológica, tofu, leite de soja, lentilhas, etc, etc). Este regime alimentar tem a vantagem de não incluir colesterol e ser pobre em gordura (naturalmente, convém não abusar dos óleos - mesmo vegetais – margarinas, frutos secos e seus derivados: como a manteiga de amendoim, abacate e coco, por exemplo). A pergunta que ouço com mais frequência é: onde é que vou buscar o cálcio que nos habituámos a associar aos lacticínios? Esquecem-se que os vegetais de folha verde (em particular os brócolos!) e os derivados de soja são muito mais ricos! Em vez de usar as vacas, as cabras ou as ovelhas como intermediárias entre o cálcio das plantas e o meu organismo, prefiro ingeri-lo directamente dos legumes, prescindindo da gordura e da lactose.
Para mais informações sobre veganismo, pode fazer um download gratuito do Vegan Starter Pack (em inglês) em http://www.veganoutreach.org/starterpack/veganstarterpack.pdf
A vitamina B12 é a única falha na dieta vegan (encontra-se em produtos animais: carne, peixe, marisco, lacticínios e ovos). É preciso acrescentá-la conscientemente ao regime alimentar (sobretudo durante a gravidez e a amamentação), apesar da dose diária necessária ser muito reduzida (e de a maior parte dos que transitam da dieta omnívora para a vegan terem uma reserva considerável no organismo). De qualquer modo, há suplementos vitamínicos (e a maior parte dos flocos de cereais, à venda nos supermercados, têm-no) e há alguns alimentos (como o tempeh, o miso e as algas) que a têm em pequenas quantidades (não são fontes seguras, porque a presença da vitamina B12 está dependente do modo como estes são confeccionados). A vitamina B12 é hidrosolúvel e imprescindível para a formação dos glóbulos vermelhos e para o funcionamento do sistema nervoso central.
Muitas pessoas perguntam-me porque é que os vegan não comem mel, afinal não é um produto animal! pois não :) mas as abelhas que o produzem são! estamos a “roubar-lhes” o sustento! e num processo industrializado, muitas são mortas durante a extracção dos favos!
Ser vegan é um modo de vida, mas não pode ser uma obsessão! O importante é ganharmos consciência dos nossos actos como consumidores (o quanto contribuímos – ou não – para o sofrimento de outros animais) e recusar o que nos é “dado” só porque “sempre foi assim”. Eu continuo a comer gelados sem restrições! É o meu calcanhar de Aquiles :( O sistema de consumo não se preocupa com as minorias e é parco em alternativas vegan. Em Portugal, há ainda menos opções. É preciso saber marcar a diferença com peso e medida :) É importante contribuir para um Mundo mais harmonioso sem cair em radicalismos, começando pelo nosso equilíbrio interior. Longe de pretender ser uma desculpa para as minhas fraquezas, quero apenas salientar que qualquer modo de vida – vegan ou outro – não pode ser intransigente. Há que saber adaptarmo-nos aos meios disponíveis :)" |
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