Amigo luar:
Estou fechado no quarto escuro
e tenho chorado muito.
Quando choro lá fora
ainda posso ver as lágrimas caírem na palma das
minhas mãos e brincar com elas ao orvalho
nas flores pela manhã. Mas aqui é tudo por demais escuro e eu nem sequer tenho duas estrelas nos meus olhos. Lembro-me das noites em que me fazem deitar tão
cedo e te oiço bater, chamar e bater, na fresta
da minha janela.
Pelo muito que te tenho perdido enquanto durmo vem agora, no bico dos pés
para que eles te não sintam lá dentro, brincar comigo aos presos no segredo quando se abre a porta de ferro e a luz diz: bons dias, amigo.
Carlos de Oliveira, Terra de Harmonia
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