sexta-feira, 30 de novembro de 2012


O golpe de estado de Passos Coelho
O governo de Passos Coelho prepara-se para aproveitar o pretexto dos 4 mil milhões que os medíocres da troika agiota lhe pedem, para, em lugar de cortar nas gorduras do estado como prometera com perfídia, cortar nos próprios fundamentos do que ainda resta do estado social e, ao mesmo tempo, pôr em causa questões do próprio regime político e do contrato social, muito para além das competências que lhe foram atribuídas. Sempre teve esse plano e a "ajuda externa" dá-lhe os pretextos necessários. Aproveita igualmente a total impotência dos seus aliados do CDS, a impotência, hipocrisia, medo (e, quem sabe, as histórias mal contadas) do paralisado Cavaco (que só com os seus ventríloquos oficiais não vai lá), para ir minando os fundamentos da democracia na qual assentava o Estado Social e vice-versa, dada a sua interligação. Faz tudo isto com a conivência dos organismos da Europa, já ridícula nas suas hesitações exaspe
rantes, do FMI, grande e histórico destruidor de economias no mundo há várias décadas, em favor de entidades financeiras, ainda com a ajuda dos conhecidos agentes locais do Goldman Sachs, obscuro banco implicado na crise e destruidor do antigo capitalismo, já moribundo, a favor do novo capitalismo financeiro predador que domina o mundo. Enquanto isso Relvas e outros aguardam o momento de consumar as privatizações de empresas do estado para os empresários amigos, dando seguimento à transferência brutal de dinheiro dos pobres - que não poupa com total despudor - e da classe média, para os já muito-ricos e os seus interesses financeiros sem fim e imparáveis. 
Passos Coelho e os seus vários aliados estão a levar a cabo um verdadeiro golpe de estado, talvez legal do ponto de vista formal mas sem dúvida ilegítimo, através da tomada do poder executivo no interior do próprio estado e do seu prolongamento para objectivos mais vastos e sinistros. Aquilo que foi anunciado como "refundação do memorando", no seu peculiar uso da língua portuguesa, torna-se agora mais claro. É o golpe de estado que não parece um golpe de estado.
Não vejo de que forma o irão - ou o iremos - impedir de o levar a cabo. Lamento isso profundamente.
António PInho Vargas

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