segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Este fim de semana foi em cheio de visitas a exposições. No sábado fui à Gulbenkian ver as Idades do Mar com o meu neto António Maria. Como tenho o catálogo sabia o que ia encontrar e além disso estão expostas muitas obras de uma outra exposição da Fundação chamada «A arte e o mar». O espaço estava cheio a abarrotar de obras expostas, com uma museografia que não convidava ninguém a permanecer no espaço, «montes de obras com montes de pessoas», não se vê nada independentemente do valor artístico das obras e ainda por cima o calor era sufocante. Depois de termos dado uma volta o António que vai fazer 4 anos, disse-me «avó vamos fazer desenhos para outro lado» e assim foi fomos para o lugar dos bancos e eu prevenida com um bloco e lápis lá estivemos a desenhar um dos barcos que ele viu num dos quadros.
Passado um bom bocado vi que no andar de baixo «O livro "Alice no país da maravilhas" inspirou duas dezenas de ilustradores de todo o mundo. O resultado desse mundo mágico é a exposição "Um chá para Alice" na Fundação Gulbenkian, em Lisboa». Convidei logo o António para irmos ver e como tinha livros, contei-lhe a história que ele adorou. Em seguida saímos para o jardim e dei-lhe o lanche que o pai me tinha trazido para ele. Comeu e conversámos sobre a Alice, depois resolvi irmos ao CAMJAP, atravessámos o jardim e ele perguntou-me «avó, gostas de mim? Eu respondi eu gosto muito, adoro-te, e ele disse-me avó vou-te ajudar a subir as escadas e vou-te ensinar a correr devagarinho», quase chorei de ouvir aquelas palavras tão doces de um príncipe, de um passarinho azul que é o meu neto. Já no Centro de Arte Moderna, comprámos o livro da Alice com uma bela ilustração e estivemos a ouvir a música tocada em saxofone que está patente nos vídeos do hall. Entretanto os pais chegaram e ainda fomos beber um chá à cafetaria e juntaram-se a nós a minha amiga Maria e o João, mais o meu marido que tinham também ver a exposição. Na despedida ele disse-me que queria ir para minha casa e eu prometi-lhe ir brincar com ele no sábado de manhã.
No domingo ainda no rescaldo dos festejos de Natal ainda recebi cá em casa outros amigos, tal como aconteceu a semana passada com uma amiga, mas tinha um problema, a exposição Hélio Oiticica – museu é o mundo, acabava ontem e segundo palavras de Pedro Lapa «A obra de Hélio Oiticica (1937 – 1980), que tem vindo a ser descoberta fora do Brasil, configura um dos momentos mais significativos do século XX. A exposição “Hélio Oiticica - museu é o mundo” constitui a mais ampla retrospetiva do artista com 117 obras, sendo algumas delas apresentadas nos espaços exteriores do Museu Coleção Berardo. Hélio Oiticica desenvolveu desde 1955 um percurso notável. Partindo da abstração neoconcretista, procurou explorar novas vias para a pintura fora do quadro, criando dispositivos imersivos para o espetador, como os Penetráveis, ou os Parangolés, suscetíveis de serem vestidos. As suas instalações Tropicália e Éden deram às experiências concretistas uma viragem etnológica e política, a par da reclamação de uma outra relação com o tempo e o prazer. Muitos penetráveis, que abandonaram o museu, perseguindo novos caminhos para a pintura, integram a exposição, bem como a publicação dos seus escritos que permitem compreender como Hélio Oiticica projetou as principais problemáticas com que os ulteriores desenvolvimentos artísticos vieram a confrontar-se.» Por isso convidei outra vez a Maria e o João e lá fomos ver a dita exposição que adorei, foi um vanguardista, um homem que interagiu com a comunidade favelada e produziu instalações que quanto a mim valem mais pelo processo do que pelo produto final.
Ao lanche tive a presença das minhas netas que se portaram muito bem a beber chá, ao pé dos meus amigos e a fazerem desenhos para a minha árvore de Natal que já está mais do que decorada com as pinturas delas. Elas também se abraçaram a mim e a mais pequenina disse-me «eu gosto muito de ti avó». Que fim de semana tão terno, tão bom e tão cultural.

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