domingo, 22 de fevereiro de 2009

Problemas relacionados com tampas


Durante dois dias à procura da tampa, quase que me saltou a tampa. Não descobriram a tampa e resolveram o caso de outra forma, criando uma nova tampa num local facilmente localizável. Eu por mim não vou mais deitar papel higiénico na sanita e as raízes se crescerem novamente, pois eram as ditas que estiveram na origem da obstrução eu saberei onde se encontra a nova tampa tapada pela calçada à portuguesa. Este é o quotidiano de uma reformada, que desde Junho, início da reforma não tem feito outra coisa do que apagar fogos. Eu que sonhava com imensas viagens e passeios e dias recostados nos sofás, passeios na praia sem sobressaltos, sessões triplas de cinema, pintura, trabalhos manuais etc., estou aqui a tomar conta de tampas, e ainda por cima de esgoto, porque eu tenho um cara metade que com estas situações dá o seu contributo de sempre, muito enervado e com muita coisa para fazer no exterior.

Não consigo perceber aquelas pessoas que dizem que são donas da sua vida. Nós nunca somos donos da nossa vida porque mais tarde ou mais cedo temos que seguir o curso normal das nossas opções passadas e de cabeça erguida.

Tenho feito uns trabalhos manuais e tenho ido para o terreno entrevistar pessoas para o meu próximo livro. Descobri também uma série de coisas que se foram transformando no meu gosto:
- já não gosto de ópera como gostava, a última série que eu ouvi no ano passado no S. Carlos lapidou o meu gosto por este género musical. Agora só vou à opera se os cantores forem excepcionais e para colmatar a ausência de algumas árias vou contentando-me com os discos.

- já não gosto de museus como gostava, depois de ver tantos museus e tanto trabalho mal feito e tanta especulação e tanto contar cabeças nos eventos pelos políticos, só vou a exposições e museus depois de ler muitas críticas e ouvir a opinião do boca a boca que é a melhor, entretanto nas minhas acções de formação nos ditos irei dizendo tudo o que penso da museologia portuguesa com exemplos.

- só leio livros com temas que me interessam verdadeiramente e obsessivamente leio as obras todas de autores que me fascinam o mesmo se passa com o cinema e teatro.

- já não gosto de comida tradicional portuguesa e estou cada vez mais rendida à comida simples e vegetariana.

- não suporto eventos sociais em que somos obrigados a representações, a conversas de ocasião e a trajes a condizer, nem a jantares, baptizados, casamentos e aniversários de pessoas que não me dizem nada.

- estou-me a despojar de honrarias, comemorações, presentes por obrigação.

Enfim, acho que a lista vai longa. Para a próxima digo as coisas que quero passar a fazer, sem obrigação, mas por vontade própria, por prazer. Quero criar e receber momentos de felicidade. Abaixo a crise, a desgraça e o mal estar nacional. Quero azul ao longe.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá bombeira!
Abaixo a desgraça,acima(e em cima)o azul.Mesmo que ao longe...
Beijo
Dri

Anónimo disse...

É isso mesmo, valorizar aquilo que realmente merece.
Com muito AZUL,sempre, ao longe e perto.

Anónimo disse...

Espero que esta ausência não se deva a tamanha secura e aspereza que impossibilitem a utilização do teclado...?!?!

Cereja e Cerejinha

By myself disse...

Pois é...parabéns por todas as mudanças que só a maturidade consegue reconhecer como necessárias. Há que ser criterioso e selectivo. Não sente um prazer especial em recusar as representações e os gestos fúteis? Felizmente que a esse nível acordei cedo. Presentes só aceito se antecedidos por provas de carinho e atenção (Natais inclúídos). E já houve quem levasse presente de volta.

Beijinhos e bom trabalho.