quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada



Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro

1 comentário:

Anónimo disse...

Ola Anad! Admiro imenso esse heterónimo. Diz cada coisa mais bela!... E dá que pensar à gente que anda pela vida numa correria doida, a ganhar o sustento e o resto, sem tempo para viver.
Beijo
Dri