Desta vez levei um pouco mais a recuperar da viagem porque a diferença horária é de 6 horas e além disso nas cidades onde estive elas estavam a uma altitude maior que a serra da estrela, por isso o meu metabolismo abalou um pouco. Não senti o mesmo quando fui à China, mas se calhar a idade é outra. Bom, deixemo-nos de prelúdios e vamos começar.
Adorei este país, em primeiro lugar, quero dizer que além das visitas que realizámos, o meu marido foi fazer acções de formação no âmbito da museologia e eu colaborei e já fomos convidados para ir à Bolívia, Chile, Panamá, Colombia, El Salvador e Venezuela, o que quer dizer que nos próximos anos estarei na América latina, além de que vamos voltar ao México.
- No primeiro dia foi difícil porque a viagem durou 13h, mas quando chegámos à cidade do México valeu a pena pelas visitas que fizemos, só lá estivemos um dia e aproveitámos bem e vamos voltar porque ficou muito para ver. Quando acordei corri para a casa azul da Frida Kalo, foi das maiores emoções da minha vida, acreditem que num canto do jardim chorei baixinho, porque a coragem, a atitude, os amores e desamores com Rivera, a sua militância, a sua cama com espelho no teto, a cadeira de rodas, as muletas, as radiografias de uma coluna partida, os auto-retratos repletos de dor e sofimento, fotografias de uma vida curta, mas cheia de energia transbordante. Foi lindo estar naquele espaço e tive pena de não ter mais tempo para visitar outros espaços onde estão pinturas dela, mas ficará para a próxima. Trouxe livros é blocos da Frida Kalo para os meus filhos e a História do México. Que país e gente maravilhosa. A seguir fomos comer a maravilhosa comida mexicana, num restaurantezinho com pessoas muito acolhedoras, vimos as potencialidades do cacto Nopal, que é comido grelhado, em salada, etc, e a ponta de outro cacto servia antigamente de agulha, pasmei como eles guardam estas tradições.
- À tarde fui visitar a pirâmede do Sol e da Lua nos arredores da cidade do México, aquelas que os espanhóis ainda deixaram inteira, porque as sociedades que lá viviam já tinham abandonado o lugar. Os espanhóis só queriam o ouro e os tributos, não se interessavam em evangelizar, nem da terra, esta colonização dita clássica, foi a primeira e quase toda a América Central e do Sul sofreram esta devastação dos nuestros hermanos, acho que nós não fomos assim, apesar de que qualquer colononização é terrível, mas depois da independência o México sofreu outra colonização, a interna, mas dessa falarei mais adiante, nos futuros relatos. As pirâmedes de Teotihuacan, são património da humanidade e é dos locais mais belos do mundo. Comprei dois ídolos, o Deus da Lua e o Deus do Sol e já estão ao lado da Shiva, porque em termos de objectos a minha casa é muito ecuménica. Depois fomos ver a catedral, construída sobre os edifícios aztecas, alíás os espanhois fizeram isso noutros locais, ainda vemos um pouco dos edifícios destruídos, mas a catedral mandada construir pelos nossos amigos aqui do lado da peninsula é linda e imponente com a sua fachada plateresca, contemporânea do noso manuelino, é maravilhosa, e o interior é impressionante, onde o ouro nos invade por toda a parte, além de que a imagem da Virgem de Guadalupe é uma constante em todas as igrejas. O Sr. Miguel que nos acompanhou toda a viagem, falava da sua terra com muita paixão e fiquei tão adnirada como é que os taxistas mexicanos conhecem a sua terra, achei isto tão positivo, numa cidade de 25 milhões de habitantes e cheia de favelas, mas curisosamente achei as favelas com maior organização do que as que vi bo Rio de Janeiro, quando estive lá num encontro de museologia e mesmo em S. Paulo, cidade que visitei mais de uma vez. Claro que neste momento o Brasil está preocupado com este ordenamento das favelas, pelas notícias que tenho visto no jornal, eu só estou a falar do que vi nos anos noventa.
- O grande espectáculo estava fora da catedral ao seu redor e também do palácio nacional. Vi milhares de vendedores sentados na rua vendendo os mais diversos objectos, igual só Egipto ou na Guiné, que são países que eu visitei e vi das maiores feiras no chão, além destas vendas havia imensas pessoas vestidos de indígenas que fumavam as pessoas que faziam fila, numa dança ritmíca ao som de tambores, perguntei o que é que aquela actividade representava a uma mexicana que estava ao meu lado e ela prontamente me respondeu «isto é o que os nossos antepassados azetecas faziam para afastar as más energias e nós acreditamos nisto e por isso estamos aqui, porque más energias há por todo o lado».
Era hora de deixar o estado do México e partir pra outro estado, foi com tristeza que o fiz, mas esperava-me uma das maiores experiências da minha vida. Amanhã vos conto.
3 comentários:
Queremos ler tudo! Adoramos estes relatos!
Cereja e cerejinhas
Adorava conhecer a casa da Frida Khalo!Adoro as suas pinturas, são muito simbólicas e refletem bem a vida sofrida que teve. Tal como a Ana também eu iria chorar.
Olá bem vindos, estou a adorar os relatos da viagem.
Estou á espera dos novos capítulos.
Beijinhos da grande fã....
Marta
Alpiarça
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