domingo, 7 de fevereiro de 2010

Visita ao México - 2ª. parte

















































































































































































































































































































































































































































































































Chegámos à terra onde Cortez fez a primeira colonização do México, a chamada colonização clássica, porque a 2ª. colonização foi após a independência e é chamada a colonização interna feita pelos próprios mexicanos , senhores que tiraram a terra ao povo. Esta terra situada noutro estado que não o do México, pois a cidade do México encontra-se no estado do México, mas Oaxaca, encontra-se no estado do mesmo nome, é uma cidade grandiosa, onde ainda se observa o poderio dos colonizadores, as casas são lindas e as pessoas encantadoras, foi aqui que comprei maravilhosos panos e artesanato feito pelos naturais. Há imensas pessoas a vender na rua, tudo e mais alguma coisa, quase parecia o Egipto, mas são encantadoras, adorei a pousada onde fiquei, uma casa colonial antiga com um grande pátio, escada de pedra com os quartos a aparecerem na varanda superior, o empregado que nos servia o pequeno almoço, chamava-se Ricardo e trouxe dele uma maravilhosa lembrança.

Tinha um sindicato ao lado, dos funcionários públicos, que estiveram em grande actividade, por reivindicações justas, depois fizeram uma grande manifestação que levou quase uma hora a passar numa rua larga cheia de gente de um lado ao outro, calculei entre 300.000 a 400.000 pessoas, fiquei admirada com a persistência e organização dos mexicanos.

O meu marido foi dar umas conferências, no âmbito de uma formação em Museologia que estava a ser dada por pessoas maravilhosas, como eu nunca vi nenhuma em Portugal no domínio da museologia. São daquelas coerentes com as ideias e o tipo de vida que levam, é tão raro existirem pessoas assim. São capazes de se sacrificarem por ideais e prescidirem de se juntarem a grupos quando estes propagandeiam conceitos não experimentados, mesmo que percam com isso. Fiquei a perceber muita coisa sobre o México e principalmente sobre quem aparece a dar a cara pela Nova Museologia, é tudo igual ao que acontece em Portugal, nuunca são os melhores que estão na liderança, por isso nem vale a pena falar disso, compreendi e foi o suficiente.


Os formandos eram do mais querido que se possa conhecer, de quase todos os países da América Central e do Sul e tivemos vários convites, pois eu também tive uma pontinha na formação e foi um grande êxito. hoje tenho saudades dessas pessoas e apeteceu-me tanto ficar lá mais dos que os 10 dias que lá passei, mas vou voltar muitas mais vezes .


Os trabalhos e experiências que vi revelaram-me o melhor que se faz na Museologia Social, tanto nos países dos formandos, como no próprio México e fiquei com a ideia cada vez mais firme e confirmado por eles. NÃO SE FAZEM MUSEUS COMUNITÁRIOS COM TUTELAS DE QUALQUER PODER CENTRAL OU LOCAL, eles têm de ser livres, e também não se fazem museus que se dizem museus comunitários e que estão fechados ou então a chave está na vizinha, um museu comunitário é um projecto muito sério e tem de ter uma coerência e participação de TODA A COMUNIDADE, toda ela tem de ser ouvida, ele tem de ter sustentabilidade económica e por isso os modelos não podem ser transpostos para a Europa com os mesmos conceitos e denominações. Têm de se chamar outra coisa ao que se faz em Portugal em alguns casos, que são de qualidade sem dúvida, mas não são Museologia Social, quando muito são algumas práticas de museologia social, mas este tema ainda carece de uma grande, de uma imensa discussão.


Fui ver um museu comunitário no México e fiquei encantada com o próprio museu e a sua história, com a comunidade que nos recebeu e nos deu almoço, com as explicações dos próprios representantes da comunidade sobre o seu museu e sobre a sua forma de organização comunitária no próprio pueblo. Fiquei impressionada como as tradições, a lingua e tudo o que era dos antepassados está presente neles e a força com que desejam que o passado seja uma componente de memória colectiva e de grupo que dá contributos para o presente e programa o futuro. Foi uma lição de vida esta viagem.


Fui a vários sítios lindos, a Tule, onde existe uma árvore com 2000 anos, com um tronco que terá à vontade mais de 1.000m de diâmetro, fui ver conventos dominicanos pintados por indígenas, no meios dos pueblos, as pinturas de parede lindas, fui ver o que resta da cultura Zapoteca, em Mitla, as pirâmedes de uma dimensão que mostra a importância daquela civilização destruída pelos nuestros hermanos para em cima das ruínas fazerem igrejas. estes povos, faziam sacrifícios terríveis é certo, mas os colonizadores podiam ter feito melhor trabalho, quando eles chegaram ao México 90% da civilização Maya morreu com epidemias, tal como no Perú, os Incas e por toda a América Latina. Não há dúvida que nós também não fomos do melhor, mas melhores que os nuestros hermanos fomos de certeza, no Perú quando se pergunta ao povo se preferiam ter sido colonizados pelos portugueses, eles respondem sem dúvida. Um rapaz inca, arqueólogo contou-me que um dia foi a um congresso a Madrid e quando estavam todos a almoçar, no intervalo das conferências, um espanhol virou-se para o arqueólogo inca, que tem no seu rosto marcadas as origens dos seus antepassados, perguntou-lhe a rir, à frente de todos os outros « Ah, tu és daquela etnia que julgava que os espanhóis faziam parte do cavalo ?(os mexicanos aztecas não conheciam os cavalos, porque eles não existiam na América latina), o arqueólogo inca olhou para ele e deu-lhe esta maravilhosa resposta « e continuamos a pensar, meu amigo».


Vi naverias (gelatarias) onde comi belos gelados de sabores diferentes, e comi tortilhas com queijo e muito puré de feijão, muitas frutas do melhor que há, papaias, mangas, melancias, bananas, laranjas, etc.


Cantei-lhes uma canção de despedida no final da formação e despedimo-nos com lágrimas nos olhos, eles e elas fizeram fila para nos darem um abraço e um beijo, eram 25 amigos que eu deixei lá, mais o maravilhoso casal de formadores.


Quando parti vi Oaxaca e o México ao longe, cidade de 25 milhões de pessoas, mas tão cheia de emoção e sentimento. Não dormi nessa noite e vi nascer o sol, quando cheguei a Lisboa senti saudades, saudades sinceras e senti falta de alguma coisa que deixei lá: emoção e alegria de conhecer aquilo que eu há muito desejava, para ter a certeza de que aquilo que eu critico na museologia portuguesa é certo e não uma pura invenção minha.


















Tenho mais coisas para vos contar (fica para os próximos posts) pois já fiz uma visita a um museu no Alentejo depois de vir do México e amanhã parto para Bragança, para preparar uma visita que vou fazer este mês ao nordeste português. temos de conhecer bem o nosso país e amá-lo, para poder amar os dos outros

5 comentários:

Anónimo disse...

Aninhas,

O Marco Polo não tinha nem metade da tua "adrenalinca".

Que cruzada, menina !

Bjocas
Mané

Anónimo disse...

Bom, estou a adorar...
Já vi que foi uma experiência maravilhosa, quem me dera ter ido numa das malas...

Já vi que a parte gastronómica também foi muito boa, os pratos têm muito bom aspecto.

Estou desejosa dos novos capítulos.

Beijinhos do Ribatejo que a adora
Marta

smurf disse...

E a recepção no aeroporto? Não foi a cereja no topo do bolo...? ;-)
bjinhos

gaivota disse...

excelentes fotos, lindíssimas!
e tacos e a gstronomia mexivana por aqui...
gostei tanto de ir ao méxico!, acapulco, foi um sonho!
beijinhos

tulipa disse...

OLÁ ANA
É um sonho meu ir ao México, ainda não deu para concretizar esse sonho, quando será?

Minha Querida, você tem cá uma pedalada por vários locais do mundo, quem me dera.
Fico à espera de mais notícias dessa grande aventura.
Já chegou, já fez uma visita a um museu no Alentejo depois de vir do México e já anda por Bragança...
Isso é que é!!!

Concordo consigo:temos de conhecer bem o nosso país e amá-lo, para poder amar os dos outros. Também já conheço muito de Portugal.
Bom fim de semana prolongado com o carnaval à espreita e a chuva a fazer das suas...
Beijokas.