Hoje fui com o meu habitual grupo de idosos utentes do Centro de Saúde de Cascais, mais os dois maravilhosos enfermeiros que os acompanham, à Quinta da Ribeira, onde se produz vinho de Carcavelos. Foi um dia em cheio, vimos um notável património natural da nossa região e aprendemos com o fantástico caseiro os trabalhos da vinha nesta época, a «empa», ou seja agarrar os ramos das videiras ao arame para não se embaraçarem, depois cantámos, fizemos um piquenique, bebemos vinho e dissemos poemas. Tudo à antiga... e então lembrei-me de...
Cesário Verde
DE TARDE
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
2 comentários:
obrigada, anad. uma boa escrita, aqui, no azul ao longe, é o que desejo.
Cara Anad ´sem querer ou por aselhice apaguei o seu comentário no poste da Gabriela Llansol, desculpe ... gostaria que voltase a escrever ... cordialmente
José ribeiro marto
Enviar um comentário