terça-feira, 8 de setembro de 2009

Visitei hoje Cantanhede e Fátima e fiquei agradavelmente surpreendida com o que vi











Desde que a minha filha mais velha se tornou um Fangio, temos andado por todo o lado. Hoje fomos a Cantanhede, porque o meu marido está lá a realizar um projecto museológico. Fiquei deveras surpreendida que uma cidade com tão poucos habitantes, quase 40,000, tenha um aspecto vivido, contemporâneo e limpo, cheia de jardins e os monumentos e casas antigas muito cuidados. Que bom presidente eles têm, não há dúvida que em termos de Câmaras são pessoas e não partidos que têm influência nos eleitores, aqueles que fazem um bom trabalho vencem sem sombra de dúvida. Esta câmara é PSD e está a fazer um bom trabalho, tal como a de Abrantes, Fafe e Alpiarça são do PS e igualmente se vê o resultado das iniciativas e projectos.

Visitei o Museu da Pedra que é um mimo, lindo, minimal, contemporâneo mas com toda a informação necessária para os visitantes compreenderem a origem da pedra de ançã que tão belas estátuas sairam da mão de João de Ruão, assim como a ocupação humana e as inúmeras pedreiras que existiram no concelho. Parabéns Maria Carlos, o seu trabalho é verdadeiramente inspirador.

Aproveitei e vi uma exposição itinerante da Graça Morais, sobre rostos de mulheres de Trás-os-Montes de onde ela é oriunda. Gosto daqueles rostos e principalmente do modelo preferido dela que é a sua mãe, mas achei não sei porquê em algumas pinturas um toque de Paula Rego ao qual não estava habituada, a Graça Morais tem uma identidade própria que devia cultivar.

Em seguida seguimos para Fátima, tinha ouvido falar tanto da nova Basílica e ainda não a tinha visto. É decorada q.b. como eu gosto, em obras feitas no século XXI, arrojada e muito do nosso tempo. Adorei a dimensão arquitectónica, as imagens poucas mas extraordinárias, tanto da Virgem como do Cristo, a feiura também se adora, porque feios e bonitos somos todos irmãos em Cristo. Gostei também muito do Cristo cruxificado que está cá fora de uma dimensão e estilização notavéis.

Que a minha empregada não goste das imagens porque para ela o figurativo bonitinho é que é bom eu compreendo, mas que outras pessoas com responsabilidades digam que não gostam porque até a sua mãe disse que o rosto de Cristo cruxificado da nova basílica tem ar de «facínora», não compreendo. Eu adorei e achei verdadeiramente humano, tal como são as figuras e os modelos que a Paula Rego utiliza. Em arte contemporânea, o feio ou bonito não tem importância, são conceitos menores, o que interessa é que pode ser a cara de algum de nós e particularmente sabendo que Cristo nasceu numa terra de gente de pele mais escura, do que a maioria dos europeus. Eu senti Cristo ali, tal como o posso encontrar no olhar de alguém que sorri para mim, em qualquer lugar e como disse Marcel Duchamp, a obra de arte completa-se com o visitante, naquele caso com homens e mulheres de fé na sua maioria e nessa maioria há rostos calejados, cabelos espessos, queimados pelo sol, lábios gretados e olhares tristes. Nem toda a gente é bela neste mundo, bolas e aquele Cristo é mundo e a sua feiura torna-o lindo, pois tem uma força incrível à qual ninguém fica indiferente.

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