segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ao olhar estas fotografias antigas...




Ao olhar esta fotografia antiga, de três gerações, avó, nora e neta, duas já mortas e uma ainda viva e outra (também já falecida) na sua infância com o pai em pensamento, lembrei-me de que muitas vezes nós culpamos os homens de serem tiranos, machistas, controladores, autoritários (que o são na maioria das gerações mais antigas) e esquecemo-nos de que eles foram na sua maioria educados pelas mães, sendo os pais distantes ou ausentes, ora sendo educados por mulheres, eles absorveram os modelos que mais tarde reproduziram. Existe um ditado português que diz «Lá em casa manda ela e nela mando eu», mas nem sempre é assim, por vezes ela é aparentemente submissa mas controla a família toda. Claro que eu não vou aqui argumentar a tese de que os homens coitadinhos, blá, blá, blá, mas cada família é um caso e eu ao dar este exemplo reporto-me a uma família específica.
No outro dia ao entrevistar um trabalhador do melão, tentando perceber as dificéis condições de trabalho dos seus pais e avós no plantio do melão, ele disse-me «o meu pai trabalhava de sol a sol e os filhos nas férias da escola primária também, e eu não me podia enganar porque por cada engano ele dava-me uma tareia com aquilo que tivesse à mão, mas só me batia de vez em quando, mas a minha mãe minha senhora era tão violenta, batia-me todos os dias com colheres de pau e a toda a hora, por isso sofro tanto da coluna, ela apanhava do meu pai que bebia e vingava-se em nós.»
É a tragédia em cadeia, humanamente compreensível, mas dá para pensar. Eu presto homenagem ás mulheres portugueses e sei o sofrimento de muitas delas, são grandes figuras a quem o país tanto deve, mas há muito paternalismo na nossa sociedade.

3 comentários:

Ilidio Soares disse...

Você acaba de me oferecer uma idéia para um conto. Eu adoro manusear fotos antigas...elas tem cheiro,são tácteis e verdadeiras máquinas do tempo. Quanto ao paternalismo, seria o nosso herança de vocês? Ou é coisa de latinidade elevada aos trópicos? abçs

Anónimo disse...

Ai Anad quanta verdade, quanta mentira a desculpar tantas acções.
O meio em que nascemos, propício ou não à nossa formação moral/ética, intelectual ou académica é apenasd a ponta do icebergue.
A inteligência genéica, pessoal, com que nascemos, essa, ditará as bases do teu ser,secundada por uma educação/instrução que ajudará a fazer a diferença.
Agires consoante o respeito pelos outros ou pela diferwença, a resposta está em cada um de nós.
Temos cérebro e alma, indivuduais, para agir e pensar por conta propria, dizer que agimos por tradiçaõ ou por hábito é passar um atestado de idiotice a nós próprios.
Auguro que o futuro propicie aos nossos jovnes uma maior abertura de espírito e de carácter individuais.
Que nunca mais se ouçam frases como esta...
«Qunado tomei posse da minha mulher...?»
Esta frase ficou-me gravada na alma para sempre, ensinou-me que não somos donos de nada nem de ninguém.
Somos apenas donos e senhores de nós mesmos para agirmos com livre e total arbítrio no respeito pelos demis.
Bem haja!

Anónimo disse...

Esqueci referir as fotografias antigas.
Maravilhosos instantâneos daqueles de quem somos carne e sangue ainda vivente.
Quanta ternura, quanta saudade num simples perpassar de mão sobre pedaços de nós que tantas veses nem tivemos a ventura de conhecer.
São omentos feitos de emoção e magia.