quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Cisne Negro = perfeição não é sinónimo de prazer.


Hoje fui tratar do documentário para o museu que vai inaugurar e quando saí era quase uma hora e resolvi ir ao cinema. Gosto de ir sozinha ao cinema e gosto de filmes pesados com conteúdo, por isso irei com alguns amigos e amigas ver os filmes que eles querem e sozinha ou acompanhada por quem gosta dos filmes que eu desejo ver. Está combinado.
Demorou dez anos a sair do papel este Cisne Negro, mas é um filme espetacular. Natalie Portman deu-lhe a projecção necessária e certamente ganhará o oscar de melhor atriz.
Natalie Portman passou um ano a treinar para ser Nina Sayers. Perdeu quase 10 quilos - emagreceu tanto que o realizador chegou a ficar preocupado, mas valeu a pena. A dedicação aos ensaios e treinos ajudaram a actriz a interpretar o papel de Nina Sayers, uma bailarina que ambiciona a perfeição e vive tão obececada com o trabalho que chega à loucura. A pressão e o stress em qualquer profissão e a paranóia da profissão, da perfeição, da competição, dos medos, do ambiente leva à esquizofrenia, tira o prazer e a vontade de viver. O carreirismo, a ambição desmedida, tudo isso aumenta a angústia e desequilibra qualquer pessoa e o filme mostra-o magistralmente.
Em "Cisne Negro" vemos o lado mais belo e negro do ballet. A bulimia, a competição extrema, a pressão familiar da perfeição e o assédio de quem tem o poder. Nina quer ser a solista da companhia e ter o papel principal em "Cisne Negro". O filme acaba por dar vida à metáfora do bailado.
«O filme tem causado alguma polémica e as críticas de bailarinos não têm parado. O "Cisne Negro" estreou em Janeiro no Reino Unido e Tamara Rojo, bailarina principal do Royal Ballet, disse ao "The Guardian" que era um filme preguiçoso e incluia todos os clichés do ballet. O seu colega Edward Watson acrescentou: "O que é triste é que ao mesmo tempo que o filme mostra o que nos leva à perfeição, também nos faz parecer ridículos." Mas todos aplaudem a performance de Portman. "Já vi bailarinas a ficarem paranóicas, como a Nina, quando descobrem outra bailarina no seu lugar a ensaiar, mas não ao ponto de tentarem matar a colega", disse a directora do Ballet Black, em Inglaterra, Cassa Pancho.», mas para mim o exagero faz pensar, refletir e transportar a mensagem para a vida das pessoas inseguras que querem o protagonismo a qualquer custo. A perfeição é sem dúvida inimiga do prazer de viver.
E as mães e pais frustrados por não terem seguido a via profissional que eles queriam, devem ver este filme e devem por a mão na consciência, devem analisar os seus comportamentos, eu vou fazê-lo apesar de não me identificar com aquela mãe. O mais importante é que os nossos filhos e filhas sejam felizes, mesmo que para isso sejam anónimos, porque nos lugares de poder, competição e pretensa perfeição têm que ser vassalos(as), engolir sapos e serem dissimulados(as) com perfeição, porque senão são triturados pela máquina ou então dignamente pedem a demissão dos lugares ou sofrem a ausência de regalias financeiras.

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