Quando estive no Oeste fui a Alcobaça porque o meu filho estava a coreografar uma peça para a CDC, Companhia de Dança Contemporânea que acompanha a minha vida desde os inícios dos anos oitenta. Há imenso tempo que não via o António Rodrigues e a Graça Bessa, dois grandes ex-bailarinos da Gulbenkian que nos finais dos anos setenta foram criar uma escola de profissionais de dança na cidade de Setúbal. Foi a melhor escola do país até eles a deixarem por razões de imcompreensão das autoridades políticas no início do milénio, quando eu também saí, hoje ainda é uma boa escola, mas estão num local periférico e os apoios deveriam ser maiores.
Grandes lutas tivemos com o Ministério da Educação nos anos oitenta e noventa, eu como representante dos encarregados de educação vi tanta incompreensão e estupidez para dois artistas tão grandes que deram tudo o que tinham e trabalharam arduamente, formando a Pequena Companhia e mais tarde comigo em Directora da Cultura da Câmara, a Companhia de Dança Contemporânea de Setúbal, tanta luta, tanto esforço, tanta incompreensão, mas a cultura é a enteada deste país que é má madrasta, muito má madrasta. Tanta chatice eu tive que só quem connosco conviveu é que sabe.
Ver de novo o António e a Graça que não via há um ano foi uma grande alegria, eles têm uma casa linda em Salir do Porto e foram muito bem recebidos pela Câmara Municipal de Alcobaça, onde com o seu génio fizeram renascer a CDC.
Quando os abraçei senti que eram meus amigos de verdade, que sedimentámos uma grande amizade, pois eu tenho sido chamada por eles para realizar vários trabalhos e associam o meu nome à formação da Companhia e referem sempre a minha pessoa, numa perspectiva de que continuamos a ser uma equipa, que fomos sempre uma equipa. Eu não desapareci do mapa da vida deles nem eles do meu. Prometi passar um fim de semana na casa deles e vou sentir este afecto até ao fim das nossas vidas. Eles sempre mostraram o que eram, por isso não me desiludiram. Tivemos zangas, momentos dificéis e muitos e grandes momentos de felicidade. Quando comemoraram os vinte cinco anos, fizeram um filme que passou na TV2 e eu e o meu marido fomos chamados a depor dentro de um grupo seleccionado de pessoas.
Uma amizade assim traz-nos momentos de felicidade e compensa-nos pelas outras que foram ficando pelo caminho. É tão bom abraçar um amigo que não vemos há algum tempo e falarmos com ele como se o tivessemos visto ontem. Aconteceu-me o mesmo com a minha querida amiga Mané, não a via há anos, somos amigas desde a adolescência e quando nos encontrámos nunca mais nos deixámos de falar, quase todas as semanas.
1 comentário:
Não tinha lido ainda este teu artigo e, não posso deixar de
te dizer que tenho exactamente a
mesma sensação.
Encontrámo-nos sempre no dia anterior, junto à montra da Ourivesaria a comentar os "belos"
conjuntos de brincos, "alfinetes"
e anéis das mais variadas cores...
Gr. Bjinho
Mané
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