domingo, 20 de fevereiro de 2011

Voltei e com o coração cheio de emoções.







































































Quando ia a caminho de Mértola na estrada vi Castro Verde ao longe e senti logo que brevemente iria ver as minhas queridas campaniças. Na quarta feira apresentaram-me projectos de maletas pedagógicas feitos a pensar nas diversificadas instituições, achei admirável o esforço dos grupos e o cuidado com que estiveram na aprendizagem. Passámos depois à Missão, à missão que qualquer instituição pública ou privada deve ter. Finalmente começamos a preparar a última acção deste curso, um roteiro lúdico (Peddy - paper) pelas freguesias da Mina de S. Domingos, Santana de Cambas, Pomarão e Formoa, a linda terra onde nasceu o meu avô, no alto de um monte com o Guadiana aos seus pés. Algumas das alunas não conheciam todas as freguesias o que foi uma oportunidade. Elas e ele prometeram-me que iriam experimentar todos os trabalhos que realizaram, com os alunos. Fizeram experiências e agora vão experimentá-las no terreno.
A hetero e a auto-avaliação foi feita e todas tiveram níveis muito bons e a mim também me deram esses níveis. Foi tudo maravilhoso.
A D. Arsénia, aquela senhora que eu entrevistei na aula andou à procura de possíveis parentes meus e eu quando fui ao salão de cabeleireiro da D. Manuela estava lá uma senhora a dar-me informações, depois fui a casa de uma bancária muito querida, chamada Zeza que me mostrou fotos da avó nascida na Formoa, ora é impossível não ser parente do meu avô, eles eram tão poucos naquele lugar. Quando estava no Pomarão e falei com um descendente da Cristina Vargas, madrinha da minha mãe ele disse-me que estava lá um Manuel Patrocínio que tinha sido chefe dos correios, apelido que a minha mãe me dizia serem de primos. Falei com ele e descobri que a 1ª. mulher do pai dele era irmã do meu avô e ela teve seis filhos, meios irmãos dele que é filho de um 2º. casamento, por isso primos direitos da minha mãe e 2ºs. primos meus. O pai dele era cunhado do meu avô. Sei que quase todos morreram, mas os descendentes estão vivos e ainda é viva uma sobrinha do meu avô que mora em Lisboa. Vou conhecer toda a minha família. Muito bom.
Adorei visitar com calma a Mina de S. Domingos, foi maravilhoso o percurso que eles fizeram, a mina a céu aberto, o mercado, a igreja, as cores. É assim que eu gosto de viajar. Depois Santana de Cambas a igreja de traça quinhentista que eu vou estudar, o museu do contrabando, as mercearias, as pessoas, em seguida o Pomarão, comemos com calma o farnel trazido pelas alunas e aluno, comemos na sociedade recreativa de lá, encontrei o primo, conversas e marcação de futuros encontros. Os vestígios do Pomarão antigo, a 1ª. linha de caminho de ferro feita em Portugal para transportar o minério de S. Domingos para o porto de Pomarão, exploração da mina feita pelos ingleses num modelo de gestão parecido com a Comporta, concessões feitas aos ingleses após a 2ª. guerra mundial. Finalmente a Formoa, no alto, linda com o Guadiana a seus pés. Moram lá meia dúzia de pessoas. Vi a casa onde o meu avô nasceu, acompanhada pelo primo Patrocínio e foi comovente, como é que era possível viver ali no final do século XIX e como foi possível ele sair de lá vir para Lisboa, casar e enriquecer. Misteriosa esta vida do meu avô. Vou descobrir. No final as minhas alunas e aluno deram-me uma linda echarpe tecida com lã das campaniças, feitas pelas senhoras da tecelagem , um pano tecido e ainda livros e um saco muito original feito de embalagens de café, um avental e muito carinho por mim. Queridas amigas e amigo vamos emailar sempre, agora que sou praticamente filha da terra.

2 comentários:

Paula Martins disse...

Doutora, a senhora com quem falou na cabeleireira é a Senhora Hilda Gonçalves.
Estava aqui a mostrar o seu blog, e a ler-lhe o texto e ela disse-me que era ela que lá tinha estado consigo.
Fica a informação.
Beijinho.

Lígia Rafael disse...

Pois é Doutora fiquei com muita pena de não participar neste dia memorável. Sabe que já faz parte da família mertolense e tem um lugar muito especial no coração destas meninas, e menino. Espero que fique almariada com tanta ternura e admiração e que sinta sempre vontade de voltar a Mértola. A casa está às ordens. Um beijinho grande.
Lígia