Uma vez mais, iremos assistir ao financiamento da banca pelo Estado. O mesmo Estado que está a despojar os contribuintes de parte dos serviços que lhe compete assegurar - na Saúde, na Segurança Social e na Educação -, aumentando no mesmo passo impostos. Os bancos portugueses, cujos rendimentos vêm em parte do dinheiro que lá depositamos, tiveram prejuízo em 2011, mas rapidamente anunciaram que irão recapitalizar-se recorrendo ao fundo do Estado destinado a esse efeito. O Governo que anda a privatizar empresas lucrativas - no caso da EDP e da REN, não foram privatizações, mas sim transferências de bens do Estado português para o Estado chinês - financia ao mesmo tempo os prejuízos de empresas privadas. O nosso capitalismo continua a ser sui generis: não existe verdadeira concorrência em muitos sectores, as leis da oferta e da procura não funcionam, e, se por acaso há prejuízos, resultado das decisões dos gestores que estão à frente dos bancos, o Estado chega-se à frente e dá uma esmolinha. De milhões. Que, vá lá, sejamos demagógicos, saem do nosso bolso.
Na Irlanda, foi esta receita que levou à crise de financiamento e depois económica. Na Islândia, o contraponto a este tipo de política, foi uma posição de força irmanada do poder do povo que acabou com o regabofe do financiamento da banca pelos impostos dos contribuintes privados. Várias instituições que se tinham envolvido durante anos em jogadas financeiras altamente especulativas foram deixadas falir, os seus responsáveis foram ou estão a ser julgados, e o primeiro-ministro que deixou o país ir à bancarrota também foi incriminado pelas decisões tomadas. Ah, e o pagamento da dívida islandesa aos seus credores está suspenso, até que o país recupere. E está a recuperar, com um crescimento da economia que já chegou aos 3%. Por cá, Passos Coelho promete continuar com a austeridade, "custe o que custar". Aos bancos, claro está, não irá custar assim tanto. Com uma condução destas, alguém achará ainda que o desastre é evitável?
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