Segundo a revista norte-americana, a compra aconteceu em 2011, depois de um longo período de negociações entre a família real e o magnata grego George Embiricos, proprietário do quadro, que morreu no final do ano. O quadro, que foi considerado pelaARTnews uma das obras de arte mais valiosas em mãos privadas, estava na colecção de Embiricos há várias décadas, tendo o coleccionador negado as múltiplas ofertas de compra ao longo dos anos.
O quadro, uma pintura a óleo de 1895, que mostra dois homens a jogarem às cartas, integra a célebre série de Cézanne composta por cinco quadros. Os outros quatro quadros estão no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, no Courtauld Institute of Art Courtauld, em Londres, no Musée d’Orsay, em Paris; e na Barnes Foundation, na Filadélfia.
Os detalhes do negócio ainda não foram revelados, o que se sabe foi através de coleccionadores, curadores e galeristas que estão no Qatar para a inauguração da exposição Takashi Murakami, que esteve até muito recentemente no Palácio de Versalhes, em Paris.
George Embiricos, que nunca gostou de emprestar o quadro para exposições e nunca o quis vender apesar das múltiplas ofertas, aceitou negociar a sua venda tempos antes de morrer. Segundo a Vanity Fair, na corrida à obra de Cézanne estavam ainda mais dois compradores William Acquavella (Acquavella Galleries) e, segundo fontes próximas ouvidas pela revista, Larry Gagosian (Gagosian Gallery). No entanto, nenhum teve poder para bater a oferta do Qatar de mais de 250 milhões de dólares. Não se sabe o valor exacto mas estima-se que possa ter mesmo chegado aos 300 milhões de dólares (cerca de 228 milhões de euros).
O anterior recorde pertencia a Pablo Picasso, quando em 2010, o seu quadro “Desnudo, hojas verdes y busto”, foi vendido num leilão da Christie’s por 106,4 milhões de dólares (81 milhões de euros).
Nos últimos anos a aposta do Qatar na arte tem sido evidente, tendo vindo a construir uma colecção de luxo de arte moderna e contemporânea. É um país pequeno mas grande em riqueza e nos últimos seis anos esteve por trás dos maiores negócios de arte, tendo sido considerado em 2011 pelo The Art Newspaper como o maior comprador mundial de arte contemporânea, na qual já tinha então investido mais de 400 milhões de dólares (cerca de 277 milhões de euro).
Apesar de este ser um negócio histórico, o valor da compra tem sido muito debatido na imprensa especializada, onde se questiona se esta obra de Cézanne, que foi apelidado por Picasso como “o pai de todos nós”, vale mesmo este dinheiro.
Para o historiador e avaliador de arte Victor Wiener, “250 milhões é uma fortuna”. “mas em qualquer curso de arte que se tire, em todos se fala de ‘Os jogadores de cartas’. É um marco”, disse Wiener à Vanity Fair.
Questionada no domingo pela rádio norte-americana NPR, a jornalista Alexandra Peers, autora do artigo da Vanity Fair, explicou que já se esperava, no entanto, que o quadro atingisse um valor alto, depois da morte do magnata grego. “George Embiricos não emprestava o quadro a ninguém. Não se podia mesmo ver [o quadro]. Era uma espécie de lenda pela sua inacessibilidade. E isso tornou-o numa peça ainda mais desejada. Por isso, quando ele [Embiricos] morreu, toda a gente sabia que serua vendido por uma grande soma de dinheiro, mas alguém pensou que chegaria a este ponto? Ninguém”, disse a jornalista, destacando algumas das compras recentes do Qatar, que incluem trabalhos de nomes como Mark Rothko Damien Hirst. “Eles estão a construir uma grande colecção de arte de classe mundial, e o Cézanne é como se fosse a cereja no topo do bolo.”
Para expor esta colecção o Qatar está a preparar a construção de um novo Museu Nacional do Qatar, um projecto do arquitecto francês Jean Nouvel, que deverá ser inaugurado em 2014.
Um blogue intimista mas ao mesmo tempo aberto para os outros. Um blogue de reflexão sobre o mundo que me rodeia. Falar sobre este país e estas pessoas, falar de museus, bibliotecas, cinema, literatura, dança, teatro, política e sociedade. Enfim um blogue que desejo vivido.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Há tanto dinheiro num lado e tão pouco do outro. Pobre Cézanne que nem um milionésimo desta quantia ganhaste com este quadro.
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