Sinto-me forte e desembaraçada.
Procuro fazer tudo, mas também gosto de não fazer nada.
Por vezes estou feliz, outras vezes amuada.
A vida é uma janela com estore ou paliçada.
Se está vento eu fecho-a, se está bom tempo
deixo-a escancarada.
Às vezes estou de alma aberta ao mundo,
vibrante e com um pensamento fecundo,
outras vezes desmoralizada, abandonada.
Esta vida é difícil de percorrer,
gostava de não ter encargos, nem fardos,
gostava de ser livre como uma andorinha,
mesmo fanadinha e velhinha.
Mas é esta vida que me calhou e que eu escolhi,
tenho sessenta e quatro e muito já fiz,
agora queria acordar e passear, deitar-me na praia
de papo para o ar.
Não me importar se havia comida em casa,
se a relva está aparada, a roupa engomada e
as contas todas pagas.
Queria que alguém pegasse num carro e me levasse mundo fora,
e parasse aqui e ali, sem demora,
com todo o tempo do mundo,
sem horas, sem minutos, sem segundos,
só parar e quando me quisesse levantar,
para sentir o vento no rosto ou a maresia
não teria saudades do passado,
mas sim do futuro.
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