terça-feira, 2 de março de 2010

Acabei de ler o Cerro Maior


É sem dúvida um romance gráfico, um romance que cria a atmosfera, a paisagem e as relações sociais da região alentejana no tempo do fascismo. As classes sociais detentoras de todo o poder e a miséria de quem pedia por esmola, trabalho no latifundio. Como sou fã dos cantares alentejanos e dos poetas repentistas, adorei as décimas do poeta José da Graça Cabrita, analfabeto e já falecido. Estas décimas, segundo Manuel da Fonseca, também já desaparecido (nasceu no mesmo dia que eu e faria 100 anos em 2011), foram recolhidas por ele, quando tinha doze anos de idade. Elas aparecem intercaladas nas páginas 257, 258 e 259 e são lindas. Aqui vai um bocadinho daquelas que eu gostei mais

(...)Pra tudo quanto é nascido

dizem que o Sol alumeia

mas uns têm a casa cheia

e outros o chão varrido!

Está isto mal dividido

o mundo está mal composto.

Uns vivendo com desgosto

outros com muita alegria

pra estes é sempre dia

pra mim é sempre sol-posto!...



Infelizmente no mundo e no nosso país, ainda hoje é verdade.

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