É sem dúvida um romance gráfico, um romance que cria a atmosfera, a paisagem e as relações sociais da região alentejana no tempo do fascismo. As classes sociais detentoras de todo o poder e a miséria de quem pedia por esmola, trabalho no latifundio. Como sou fã dos cantares alentejanos e dos poetas repentistas, adorei as décimas do poeta José da Graça Cabrita, analfabeto e já falecido. Estas décimas, segundo Manuel da Fonseca, também já desaparecido (nasceu no mesmo dia que eu e faria 100 anos em 2011), foram recolhidas por ele, quando tinha doze anos de idade. Elas aparecem intercaladas nas páginas 257, 258 e 259 e são lindas. Aqui vai um bocadinho daquelas que eu gostei mais
(...)Pra tudo quanto é nascido
dizem que o Sol alumeia
mas uns têm a casa cheia
e outros o chão varrido!
Está isto mal dividido
o mundo está mal composto.
Uns vivendo com desgosto
outros com muita alegria
pra estes é sempre dia
pra mim é sempre sol-posto!...
Infelizmente no mundo e no nosso país, ainda hoje é verdade.
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