segunda-feira, 8 de março de 2010

Évora, minha princesa - 1ª. Parte










































































































Não há dúvida nenhuma que Évora é uma princesa do Alentejo. Estes dois dias que passei em Évora com a minha querida associação cultural Emmanuel Correia foi mesmo muito bom. Começamos no primeiro dia pelos cromeleques dos Almendres, um monumento megalitico a caminho de Évora. A manhã está com névoa e nós sentimo-nos bem naquele ambiente de remotissimos antepassados com uma força muscular incrível. Interessantes estes rituais do final do Neolítico. Recomendo porque é dos mais bem conservados em Portugal. A seguir fomos ao antigo Colégio do Espírito Santo depois Universidade de Évora, fundada pelo Cardeal D. Henrique, que no século XVI, foi entregue aos jesuítas, aliás até ao Marquês de Pombal, os jesuitas praticamente tomaram conta da educação da «mocidade». Vimos a sala dos actos, uma sala de aula com a sua cátedra, os claustros, enfim uma beleza. Que bom ter aulas numa Universidade assim, com belos painéis azulejares à volta. Eu dei aulas lá durante dois períodos de dois anos lectivos e gostei muito dos alunos.




A seguir fomos visitar São Francisco e a sua capela dos ossos «Nós os ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos», assim está escrito nessa capela, com as obras entrámos pelo claustro antigo, que já não está inteiro e vimos a lindissima igreja, para a qual Francisco Henriques fez um belo retábulo. Continuámos caminho e fomos até à linda Praça do Giraldo e vimos a igreja de Santo Antão, santo que agora já não é tão venerado como antigamente porque estes santos como S. Brás, Santo Antão e outros estavam mais ligados à vida rural e à protecção dos animais na doença. Santo Antão é sempre representado ao lado de um porco, lembram-se das Tentações de Santo Antão do Bosch?




Chegou a hora de almoço e recomendoooooooo o pequeno mas fabuloso restaurante o Burgo Velho, na Rua dos Burgos ao pé da 5 de Outubro, a rua das lojas de Artesanato, digo-vos que muito bom, variado e interessante com cunho da região, tanto a comida do restaurante, como as peças que estavam à venda.




De tarde parámos na igreja da Graça, que é um fabuloso templo renascentista e que infelizmente está muito mal tratado, é um crime se ele ruir, há tão poucos monumentos em Portugal desta época e demos uma espreitadela na Igreja da Misericórdia, esplendorosa. Fomos à Fundação Eugénio de Almeida ver o conjunto de edificações antiquissimas, do tempo da ocupação romana e árabe que mais tarde foi Alcáçova e os Condes de Basto compraram-na e fizeram dela um palácio. No século XX, os descendentes de Eugénio de Almeida compraram o conjunto, a capela de S. Miguel, as casas pintadas com frescos antiquissimos e lindos e os tectos do palácio pintados por Francisco Campos do melhor que há. Esta é a Évora histórica, escondida e misteriosa. A descer para o hotel passámos pelo centro de Artes Decorativas onde admirámos peças de artesanato da região. Fiquei com os olhos pregadaos numa cabeceira de cama alentejana do século XIX e os recortes de papel que parecem renda.




À noite a comunidade de leitores que tem vindo a crescer discutiu animadamente Manuel da Fonseca, falámos de latifúndios, de machismo, de fome, de domínio sobre os que não tinham trabalho e a poética deste escritor que mesmo em prosa soam as palavras a poema «Ah, Bia Rosa», disse Tóino Revel qundo viu que tinha um filho moço. Depois foi brincadeira, nós rimo-nos muito e somos muitos amigos e amigas uns dos outros. O Carlinhos e a Zé foram o alvo da nossa brincadeira, foram apresentados como noivos e houve troca de alianças. Fomo-nos deitar bem dispostos e desejosos da 2ª.parte da visita, no domingo seguinte, eu continuei sempre a dieta, juro. Nem uma só vez me tentei pela extraordinária cozinha alentejana. Acreditem que estou a emagrecer. Numa semana quase dois Kg.














Por hoje termino, amanhã será a 2ª. parte.










































1 comentário:

Anónimo disse...

A névoa confere ao Cromeleque dos Almendres um cenário digno da obra de Sir Arthur Conan Doyle.

Estas janelas que tu abres com os teus relatos são de facto deliciosas.

Gr. bjinho
Mané