Por Patrícia Padrão, nutricionista*
Os padrões alimentares dos vegetarianos podem variar consideravelmente. Vão desde a exclusão de todos os alimentos de origem animal (padrão vegan), à inclusão de alguns destes alimentos, nomeadamente os produtos lácteos (padrão lacto-vegetariano) ou ainda os ovos (padrão ovo-lacto-vegetariano).
Para algumas pessoas, ser vegetariano pode associar-se a outras especificidades do padrão alimentar incluindo, por exemplo, a restrição de bebidas alcoólicas ou com cafeína ou produtos alimentares processados, por exemplo. Para além destas restrições alimentares, outras características relacionadas com o estilo de vida parecem associar-se ao vegetarianismo como, por exemplo, não fumar, praticar exercício físico regularmente, evitar usar medicamentos, rejeitar produtos testados em animais ou optar por terapias alternativas à medicina moderna. Este estilo de vida, frequentemente mais saudável, dificulta por vezes a identificação de eventuais diferenças no padrão de doenças entre vegetarianos e não vegetarianos, devidas especificamente ao estilo alimentar.
Não obstante, os padrões alimentares vegetarianos parecem oferecer vantagens para a saúde por tenderem a incluir pequenas quantidades de gordura saturada, colesterol, proteína animal e elevados teores de fibra, magnésio, folato, vitaminas C e E, carotenóides e fitoquímicos. Alguns vegans podem apresentar contudo, ingestão inferior à recomendada de vitamina B12, vitamina D, cálcio, ferro, zinco, iodo e, eventualmente riboflavina.
A alimentação vegetariana tem sido associada a uma redução de alguns factores de risco para doença cardiovascular, como perfil lipídico mais favorável, índice de massa corporal mais baixo e pressão arterial inferior. No entanto, alguns estudos sugerem que alguns vegetarianos (sobretudo os vegans) podem apresentar níveis plasmáticos aumentados de homocisteína, um factor de risco emergente para doença cardiovascular, provavelmente associado à menor ingestão de vitamina B12.
Uma ingestão elevada de alimentos vegetais tem sido relacionado com uma redução do risco de determinados cancros, embora não haja diferenças significativas na incidência de cancro e mortalidade, entre vegetarianos e não vegetarianos. Vários estudos apontam para um aumento de risco de cancro colo-rectal nos indivíduos com elevada ingestão de carne e baixa ingestão de fibra, não havendo contudo evidência consistente que mostre que o vegetarianismo, por si só, proteja contra o cancro colo-rectal.
Não devemos esquecer que, independentemente do grau de exclusão de alimentos animais da alimentação, os planos alimentares vegetarianos, para serem nutricionalmente adequados e saudáveis, devem ser devidamente estruturados.
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