Pensei nisto depois de ter visto o filme «A Duquesa», um extraordinário filme:
Aos 17 anos, Georgiana Spencer (Keira Knightley) casou-se com um dos homens mais ricos e poderosos da Inglaterra, William Cavendish (Ralph Fiennes), o Duque de Devonshire, união negociada pelos seus pais. Na relação, a Duquesa tinha apenas uma única missão: dar ao marido um filho homem para que este pudesse herdar a sua fortuna e o seu título de nobreza. Mas além da filha que herdou inesperadamente do marido, de uma antiga relação com uma criada, Georgiana foi tendo filhas, duas filhas, recebendo o desprezo do seu frio e amargurado marido, que não sabia que o sexo de uma criança é da responsabilidade masculina.
Apesar de muito infeliz, a duquesa vai conquistando todo o povo inglês com sua simpatia. Georgiana era imitada por todos e procurada por aqueles que desejavam ascender socialmente. Assim, enquanto ela é adorada pelos ingleses, tem que enfrentar o marido que prefere as suas conquistas de momento ou mesmo os seus cachorros a ela, obrigando-a a viver na mesma casa com uma amante. Finalmente Georgiana encontra o amor e lealmente pede ao marido que a deixe seguir a sua vida, ficando ele com a sua amante. O Duque faz-lhe as maiores das chantagens com os filhos (ela finalmente tinha tido um rapaz), tal como ameaça destruir a vida do homem que ela amava. Ela fica grávida desse homem e é obrigada a ir para o campo para ter essa filha e a bébé é entregue aos pais do homem que ela teve de renunciar, depois de um acordo entre o Duque e a família do jovem amante, este trata a filha como sobrinha, casa com outra mulher como mandava os códigos da época e a duquesa visitou esta filha durante toda a vida em segredo.
A jovem duquesa matou a hipótese de felicidade por amor aos filhos e ao homem por quem se apaixonou, tudo porque não tinha vida nem vontade própria, porque não tinha direitos como mulher.
Baseado no best-seller de Amanda Foreman, o filme A Duquesa conta a história real de Georgina, que viveu entre os anos de 1757 e 1806.
Tantas mulheres sofreram e sofrem nos dias de hoje a dominação do homem e das convenções sociais, tão dificil é ainda em alguns países ser-se mulher. Não há dúvida que quando uma mulher casa ou vai viver com alguém e tem filhos, a vida que viveu até aí acaba para viver uma outra vida, que dependendo das circunstâncias pode ser de grande felicidade ou de tremenda tristeza para ela e para as crianças.
Hoje estava a pensar nisso quando estava no cabeleireiro, fui fazer um corte muito bonito. O Paulo Vieira é para mim um dos melhores cabeleireiros portugueses: Rua Manuel de Jesus Coelho, nº 4 - 2º andar, perpendicular à Avenida da Liberdade, ao pé do Tivoli. Recomendo. Quando vou lá demoro sempre três a quatro horas, mas como já sei que isso acontece, levo sempre um livro, hoje escolhi a biografia de Fontes Pereira de Melo escrita pela Filomena Mónica e estou a gostar muito. Persistente este Fontes, o homem das estradas e dos caminhos de ferro, sempre muito contestado pelos seus opositores: como a História se repete, tanto no percurso do Fontes, como na vida de algumas «duquesas» e plebeias que sofrem violência doméstica de toda a ordem.
1 comentário:
Sonho desfeito, vida em desalinho
Grito, choro, ausência de viver
Partir agora, buscar outro caminho
E mais que tudo, esquecer, esquecer
(Senão me engano na sorte
Esse corte está de morte )
Bjinhos
Mané
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