Ainda estou com muita gripe e estou-me a resguardar para a mudança de domingo, a última para Alpiarça. Estou a escolher todos os objectos, livros, móveis e estantes que vão partir. Depois é só Lisboa. Estou tão cansada e tão deprimida amigos e amigas. Uma mudança destas é um empreendimento, é uma mudança pessoal com o lado positivo e claro com o lado negativo, mas o grande objectivo atingi; ficar em Lisboa só com aquilo que quero. Ontem uma carrinha de Mértola veio cá buscar dezasseis caixas de livros que eu doei. Ainda faltam ir os slides para Setúbal e muitos dos livros que estão em Alpiarça são para doar quando formos lá.
Sinto-me aliviada por aquilo que estou a desenvolver, pela decisão que tomei, mas o cansaço e a gripe tiram-me o prazer.
Hoje identifico-me com Cecília Meireles, amanhã certamente com outro poeta, em Lisboa verei mais sol.
«Aqui está minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.»
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.»
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