quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Uma poesia de Sofia de Mello Breyner para M.


Poesia

Se todo o ser ao vento abandonamos

E sem medo nem dó nos destruímos,

Se morremos em tudo o que sentimos

E podemos cantar, é porque estamos

Nus em sangue, embalando a própria dor

Em frente às madrugadas do amor.

Quando a manhã brilhar refloriremos

E a alma possuirá esse esplendor

Prometido nas formas que perdemos.

1 comentário:

Alyne disse...

O 'saber largar' como arte da sobrevivência... em grande, com a humildade da morte sofrida no novo berço. No entanto, chora-se, por - também - já não haver esperanças na nudez.

Sdds, bjnh