Filha, o que é que tu fizeste, Jorge, oh Jorge vem cá depressa ver o que a Gabi fez ao cabelo. Ai meu Deus, um cabelo tão lindo, negro de azeviche. E com reflexos azuis disse tristonho o pai olhando a loira cabeça. Por favor não me aborreçam, já sabiam há muito que eu não gostava do meu cabelo, aquela cor já não se usa. Vais viver sozinha e fazes logo uma coisa destas, se a tua madrinha fosse viva. Quero lá saber das opiniões dos outros, eu gosto e pronto.
O almoço correu em silêncio e Gabriela sentiu pena dos pais, mas ao mesmo tempo irritava-se com aquelas ideias tão antiquadas. Olhem tenho outra novidade, vou concorrer a um programa da televisão. Vais o quê? Disseram os dois em conjunto alarmados. Não se assustem, não é nada de mal, é um programa que nos dá informações e dinheiro para nós remodelarmos a nossa imagem e eu sou relações públicas, não se esqueçam. Mas o que é que eles te fazem? Ora, dão-me conselhos para a maquilhagem, para o penteado, vestuário, calçado, enfim fico toda janota e ainda por cima de graça. Sabem, são pessoas que percebem o que é moderno. Oh filha, vê lá no que te metes, disse a mãe com voz chorosa. Não vai acontecer nada, eu depois digo-vos alguma coisa se for escolhida.
Boa sorte filha e que Deus te acompanhe, disseram os pais da janela do rés-do-chão de um prédio de Alcântara. Gabriela voltou-se e acenou-lhes com a mão enquanto se metia no carro murmurando baixinho, isto é demais para eles, tenho que ir com calma senão ainda lhes dá alguma coisa má.
Sem comentários:
Enviar um comentário