Gabriela!!!!, gritaram as colegas de trabalho quando viram entrar aquela mulher que elas quase não reconheciam. Estás tão loira! Gabriela simplesmente respondeu - sim, decidi mudar, agora quando perguntarem por mim, vai ser assim «por favor eu queria falar com a Srª. D. Gabriela, uma senhora loira». As amigas gargalharam, umas com alegria, outras nem tanto, mas a partir daquele momento a Gabriela era a loira, do negro de azeviche, nem uma ponta se via.
Faltava agora mostrar aos pais a sua nova imagem e isso é que ia ser mais difícil. Os pais tinham tanto orgulho na sua descendência alentejana e morena. Tinha que se preparar para tal. Pensou convidá-los para um chá numa pastelaria, mas os pais não eram de beber chás em tal sítio, talvez um jantar em sua casa, mas o resto da família estranharia pois não era habitual ela fazer isso, não era muito dada a actividades gastronómicas, a mãe sempre lhe tinha feito tudo.
Gabriela telefonava todos os dias aos pais e ia visitá-los ao domingo para o almoço em família, mas estaria lá o irmão e a cunhada e ela não estava para muitas explicações. Não sabia o que havia de fazer, iria dormir pois a noite era boa conselheira. Quando estava a retirar a maquilhagem do rosto e dos olhos, penteou a cabeleira loira e sentiu-se realizada, agora só faltava concorrer a um dos programas da televisão para mudar a maneira de vestir e ficar mais fashion. Começaria amanhã a enviar postais. Ai Gabriela, suspirou ela enquanto fechava os olhos, já deitada na cama, o sonho tinha-se tornado realidade.
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