Hoje uma amiga de longa data com quem mantenho relações amistosas enviou-me um poema feito por ela sobre a doença que sofre: cancro, essa terrível maldição. O poema é uma forma de deitar cá para fora o que sente, o que sofre, o que a doença vai arrancando do seu corpo. Foi lindo e triste ao mesmo tempo a leitura dessas palavras tão sentidas. Minha querida F. coragem. Depois apeteceu-me ler António Nobre e retirei parte de um poema que aqui vos deixo. Vou partir para Alcobaça daqui a momentos, só venho amanhã e depois vos digo o que vou fazer.
Quando ella passa á minha porta,
Magra, livida, quazi morta,
E vae até á beira-mar,
Labios brancos, olhos pizados:
Meu coração dobra a finados,
Meu coração poe-se a chorar...
Perpassa leve como a folha,
E suspirando, ás vezes, olha
Para as gaivotas, para o Ar:
E, assim, as suas pupillas negras
Parecem duas toutinegras,
Tentando as azas para voar! (...)
Magra, livida, quazi morta,
E vae até á beira-mar,
Labios brancos, olhos pizados:
Meu coração dobra a finados,
Meu coração poe-se a chorar...
Perpassa leve como a folha,
E suspirando, ás vezes, olha
Para as gaivotas, para o Ar:
E, assim, as suas pupillas negras
Parecem duas toutinegras,
Tentando as azas para voar! (...)
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