sexta-feira, 30 de abril de 2010

Adormecer com Fernando Pessoa

A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.

29 de Maio - dia Mundial da Dança - Fui ver a Gala da Companhia Nacional de Bailado


Ontem foi uma noite em cheio no Teatro Camões. Grupos estrangeiros e portugueses alternaram no meio de uma esfuziante alegria. O meu querido filho dançou um pas de deux com a Ana Lacerda, do lago dos cisnes e depois apresentou uma coreografia sua para a Companhia, com figurinos da minha nora e música de Carlos Seixas, autor português do século XVIII. Foi lindo. Foi uma coreografia clássica refrescada, Foi uma revisitação do clássico, como Balanchine fez no seu tempo. O clássico é sempre um clássico e é necessário refrescá-lo, torná-lo apetecível com a sua técnica e neste caso com uma atmosfera barroca. Estão de parabéns. Foi uma noite de muita alegria. Sinto-me tão feliz por ter passado três dias a ver dança, em Alcobaça e no Teatro Camões, a rever amigos que nunca esquecem o trabalho que eu realizei e querem sempre o meu testemunho e a ver o meu filho e nora a dançarem e ainda por cima a criarem, a desenvolver o hemisfério direito que durante tantos séculos foi considerado supérfluo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ontem em Alcobaça ao deitar-me via o mosteiro da minha janela, ao acordar tornei a vê-lo mas com outra luz e ao passear pelas ruas vi o Coa e o Baça..



Ontem fui a Alcobaça.


Ontem fui a Alcobaça convidada pelos meus queridos amigos Graça Bessa e António Rodrigues, fundadores há 18 anos da CêDêCê, Companhia de Dança Contemporânea, uma das melhores do país e há 28 anos formaram uma Academia de Dança Contemporânea com plano de estudos próprio idêntico a um conservatório em Setúbal. Por toda a Europa e por todo o país estão espalhados bailarinos formados pela Academia que ainda hoje está em Setúbal, apesar de eles terem saído, eles deram a cana e ensinaram a pescar, como diz o provérbio chinês. Apresentaram ontem uma colectânea de obras escolhidas, das 157 obras em estreia absoluta realizadas por 55 coreógrafos ao longo destes anos de trabalho árduo. O meu filho foi formado na escola destes dois antigos bailarinos do Ballet Gulbenkian - 1ª. geração do Walter Gore, o escocês que trouxe uma lufada de ar fresco a Portugal tal como a Graça e o António a Setúbal e ao país. Saídos de forma injusta de Setúbal, terra madrasta para quem lhes faz bem, não o povo, mas infelizmente os políticos que têm governado o concelho, sediaram-se em Alcobaça e na comemoração destes 18 anos, não se esqueceram de mim e convidaram-me para eu fazer uma palestra no Cine-Teatro no intervalo do espectáculo, para eu falar da minha experiência com eles em Setúbal. Foi muito emocionante. Fiquei lá de um dia para o outro e foram conversas longas e profundas e espectáculos lindos, para adultos e crianças. Dormi num hotel que dava para o mosteiro, amanhã porei fotos, porque hoje tenho que ir a correr para o Teatro Camões ver o meu filho dançar e apresentar uma coreografia sua. Hoje é o dia mundial da dança.

Eu, o António e a Graça chegámos à conclusão que os amigos acomodados são aqueles que nos fazem mais mal a nós e ao mundo, porque os não amigos ou inimigos, numa expressão mais forte, temos sempre oportunidade de os combater.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Hoje...

Hoje uma amiga de longa data com quem mantenho relações amistosas enviou-me um poema feito por ela sobre a doença que sofre: cancro, essa terrível maldição. O poema é uma forma de deitar cá para fora o que sente, o que sofre, o que a doença vai arrancando do seu corpo. Foi lindo e triste ao mesmo tempo a leitura dessas palavras tão sentidas. Minha querida F. coragem. Depois apeteceu-me ler António Nobre e retirei parte de um poema que aqui vos deixo. Vou partir para Alcobaça daqui a momentos, só venho amanhã e depois vos digo o que vou fazer.

Quando ella passa á minha porta,
Magra, livida, quazi morta,
E vae até á beira-mar,
Labios brancos, olhos pizados:
Meu coração dobra a finados,
Meu coração poe-se a chorar...

Perpassa leve como a folha,
E suspirando, ás vezes, olha
Para as gaivotas, para o Ar:
E, assim, as suas pupillas negras
Parecem duas toutinegras,
Tentando as azas para voar! (...)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Adormecer com o mais belo poema de Garcia de Lorca


Romance sonâmbulo

Federico Garcia Lorca

(A Gloria Giner e a
Fernando de los Rios)


Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho da alva.
A figueira raspa o vento
a lixá-lo com as ramas,
e o monte, gato selvagem,
eriça as piteiras ásperas.

Mas quem virá? E por onde?...
Ela fica na varanda,
verde carne, tranças verdes,
ela sonha na água amarga.
— Compadre, dou meu cavalo
em troca de sua casa,
o arreio por seu espelho,
a faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde as passagens de Cabra.
— Se pudesse, meu mocinho,
esse negócio eu fechava.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.
As balaustradas da lua
por onde retumba a água.

Já sobem os dois compadres
até às altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremiam pelos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

Verde que te quero verde,
verde vento, verdes ramas.
Os dois compadres subiram.
O vasto vento deixava
na boca um gosto esquisito
de menta, fel e alfavaca.
— Que é dela, compadre, dize-me
que é de tua filha amarga?
— Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
rosto fresco, negras tranças,
aqui na verde varanda!

Sobre a face da cisterna
balançava-se a gitana.
Verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Ponta gelada de lua
sustenta-a por cima da água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Lá fora, à porta, golpeando,
guardas-civis na cachaça.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar.
E o cavalo na montanha.

GABRIELA - Romance curto em capítulos - 5ª parte

Meninas, ganhei o concurso para ir à televisão, não me digas disseram as colegas incrédulas. Sim, sim, eles vão a minha casa ver o meu guarda roupa, vou fazer compras com eles, vou ao cabeleireiro e à maquilhagem. Ai meu Deus, vou ser completamente fashion, vou telefonar aos meus pais. Mãe, sou eu a Gabi, fui escolhida para mudar o visual, vou a um programa de televisão. Oh mãe, não me vou meter em alhadas, claro que não. Fica descansada. Hoje estou feliz, feliz. Diz ao pai. Beijocas, adeus.
Os colegas naquele dia já não suportavam tanta extroversão, ela falava, falava até que ficou com a alcunha da picareta falante, o que muito lhe desagradou, mas como estava feliz não ligou, esperava sim que o dia chegasse para que finalmente ficasse a mais gira, a mais sexy, da firma Pneus Arlequim e Irmãos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Hoje fui ver a Laura


Hoje fui ver a Laura Cesana, uma amiga italiana que eu tenho há muitos anos. Ela é pintora, uma pintora que eu gosto muito. Nas casas dela, tem uma em Alvalade e outra na linha, são verdadeiros ateliês, cheios de pinturas, tintas, panos trazidos de outros lugares, enfim uma casa de uma grande artista. Nestas duas casas há por vezes reuniões de intelectuais da nossa praça e as conversas fluem. Ela vai partir para Nova Iorque e convidou-me para almoçar na casa dela, para despedida. Vai por três semanas e volta e depois vai outra vez. Vai fazer duas exposições. Fiquei muito contente com os projectos e adorei o almoço de dieta que ela me fez. Comi com muito agrado couve flor crua, é muito bom e deu-me um chá purificador do sangue. Tudo muito natural como eu gosto, mas cheio de requinte e bom gosto.
Depois tive com a minha neta mais nova que já começa o ensaio para gatinhar, enquanto que o meu neto rapaz que vi ontem já comunica tudo o que quer e não tarda está a andar, muito rápido. A Quica, a mais velha está cada vez mais espertalhona. São fantásticos.
Terminei o dia jantando com o meu filho mais velho no Pato Lacado de Pequim ali a Alvalade, um restaurante chinês onde eu vou muitas vezes com os filhos porque tem cozidos a vapor que é das comidas que eu mais gosto. Enfim um dia muito bem passado.

Acordar com Confúcio

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.


domingo, 25 de abril de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

25 DE ABRIL SEMPRE - PARABÉNS FERNANDINHO


Às quatro da manhã as águas rebentaram de repente e lá fui eu a pé juntamente com o meu marido, à procura de um táxi, pois nem eu nem ele temos carta, por várias razões, a principal é que não gostamos de guiar, o que faz com que usemos habitualmente transportes públicos e boleias dos amigos e dos filhos e filhas. Entrei na Maternidade Alfredo da Costa, mas como já tinha feito duas cesarianas e um parto com expulsão anestesiada, tive de fazer outra cesariana. As crianças ficaram sozinhas com a minha filha mais velha que era pequena, tinha nove anos e a minha sogra foi lá ter depois. Na rua soavam gritos pela tarde, de manifestações constantes ao 25 de Abril que tinha sido há cinco anos atrás e estava tudo muito fresco e revolucionário. O F.A. nasceu ao fim da tarde, muito comprido e lindo, lindo como hoje o meu neto o é. Hoje faz 31 anos, sim porque já estamos na madrugada desse dia que mudou Portugal. Os primeiros bolos de anos dele traziam sempre escrito 25 de Abril sempre. E hoje eu repito também 25 DE ABRIL SEMPRE para todos nós e principalmente para ti e a tua família.
Acho que neste momento no nosso país o poema mais adequado é este, mas o teu dia 25 é sempre para a tua família um dia de festa.

Abril de sim, Abril de Não
Manuel Alegre

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.

Hoje fui ver a exposição da Gulbenkian


Hoje dei aulas no mestrado, almocei no Oriente na Rua Ivens. Adoro e recomendo para quem gosta de comida vegetariana e macrobiótica. Em seguida fui à Gulbenkian ver a exposição «A Perspectiva das Coisas - A natureza morta na Europa - 1ª. Parte, séculos XVII e XVIII». É uma bela exposição, há peças muito boas dos vários períodos: com conchas, com brocados, com flores, com animais, com doçarias, enfim um regalo para os olhos. Nem todas as peças que lá estavam eram do melhor que se fez na Europa, já vi coisas lindíssimas na Holanda, Londres, Paris etc. que ali não se encontram, no entanto foi um esforço muito grande trazer tão valiosas obras de arte a Lisboa. Adorei a nossa Josefa de Óbidos, são lindos os quadros que lá estão dela, feitos dois anos depois do pai morrer. Olhando à volta, pela primeira vez senti que aquela mulher estava à frente do que se fazia naquela altura, os seus dois belos quadros são uma síntese que mais tarde se encontra em pinturas de meados do século XVIII. Vale a pena ver.
Encontrei-me com a minha querida Associação que organizou esta visita com o nosso guia de sempre e agora a 8 de Maio lá vamos nós para Viseu e Mangualde. A leitura para esta visita é o Volfrâmio de Aquilino Ribeiro. Isto todos os meses é uma festa.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

GABRIELA - Romance curto em capítulos - 4ª. partec

Filha, o que é que tu fizeste, Jorge, oh Jorge vem cá depressa ver o que a Gabi fez ao cabelo. Ai meu Deus, um cabelo tão lindo, negro de azeviche. E com reflexos azuis disse tristonho o pai olhando a loira cabeça. Por favor não me aborreçam, já sabiam há muito que eu não gostava do meu cabelo, aquela cor já não se usa. Vais viver sozinha e fazes logo uma coisa destas, se a tua madrinha fosse viva. Quero lá saber das opiniões dos outros, eu gosto e pronto.
O almoço correu em silêncio e Gabriela sentiu pena dos pais, mas ao mesmo tempo irritava-se com aquelas ideias tão antiquadas. Olhem tenho outra novidade, vou concorrer a um programa da televisão. Vais o quê? Disseram os dois em conjunto alarmados. Não se assustem, não é nada de mal, é um programa que nos dá informações e dinheiro para nós remodelarmos a nossa imagem e eu sou relações públicas, não se esqueçam. Mas o que é que eles te fazem? Ora, dão-me conselhos para a maquilhagem, para o penteado, vestuário, calçado, enfim fico toda janota e ainda por cima de graça. Sabem, são pessoas que percebem o que é moderno. Oh filha, vê lá no que te metes, disse a mãe com voz chorosa. Não vai acontecer nada, eu depois digo-vos alguma coisa se for escolhida.
Boa sorte filha e que Deus te acompanhe, disseram os pais da janela do rés-do-chão de um prédio de Alcântara. Gabriela voltou-se e acenou-lhes com a mão enquanto se metia no carro murmurando baixinho, isto é demais para eles, tenho que ir com calma senão ainda lhes dá alguma coisa má.

Ontem fui à Versailles e fiquei triste com o aspecto das ruas e avenidas de Lisboa






Ontem encontrei-me com a minha querida amiga Mané, na Versailles. Como vinha da Pinheiro Chagas a pé tive oportunidade de olhar para os prédios bonitos que aquelas avenidas e ruas tinham em quantidade, com fachadas decoradas, janelas principescas, azulejos coloridos e fiquei triste, porque ao lado deles nasceram alguns monstros de betão, com a autorização dos anteriores Presidentes da Câmara de Lisboa, como aquele que autorizou a queda do Monumental para ser substituído por um monte de espelhos, betão e ferros.
Quando vou ao estrangeiro o que gosto mais de ver são as avenidas e ruas com história e ao lado belas obras de arquitectura de arte contemporânea, como vejo em Paris, Praga, Londres ou Viena, mas aqui não, a Avenida da república e a Avenida da Liberdade estão feias de tanto betão encarapuçado. Agora reparei que a Câmara não permite que as fachadas vão abaixo, vá lá, apesar de ser um pouco tarde. Tenho tanta pena de nós portugueses não nos batermos em massa por estas destruições. Eu quero causas justas para o nosso país e apelos vibrantes contra a destruição do património. Mostro aqui algumas das jóias que ainda estão em pé, caminhando da Pinheiro Chagas à Versailles.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

GABRIELA - Romance curto em capítulos - 3ª. parte

No dia seguinte, Gabriela levantou-se jovial, tomou um banho demorado, maquilhou-se com cuidado e penteou a cabeleira loira, que com os caracóis ficava com um volume considerável. No comboio mirou-se no vidro da janela e gostou do que viu. Percebeu que à sua volta alguns olhares masculinos recaíam sobre ela. Ouro sobre azul. Nunca se tinha sentido assim. Agora era necessário ter o cabelo sempre em ordem e tratar das roupas. Tinha de estar na moda. Mais casual em certas ocasiões como agora se dizia e mais sofisticada noutras. Precisava de um aconselhamento. Logo que saiu no Cais do Sodré colocou uma carta no marco do correio para tentar a sua sorte no programa televisivo, Charme e Estilo. Ela ainda iria longe, talvez enveredasse pelo mundo da moda, quem sabe, estava farta de ser relações públicas apesar de ter êxito no trabalho e um bom ordenado, mas aquelas colegas não lhe agradavam, ela queria outra coisa mais chic. Ser relações públicas de uma empresa de pneus mesmo a nível internacional era diferente do que ser relações públicas de uma firma de alta costura. Dos Manéis, por exemplo, ai como era bom estar no meio do glamour e do bom gosto. E ela que tinha tirado um curso de línguas ainda por cima, tinha todas as condições.
Parou no café do costume e pediu uma meia torrada em vez de uma e adoçante para o galão. Também tinha de ter em conta a elegância. Queria chegar ao nº 38. Tinha que ter força de vontade. O 42 que vestia era demais. «Está muito bonita menina Gabriela, parece uma artista de cinema», disseram com ar trocista as pequenas que serviam ao balcão. Obrigada, respondeu secamente, parvas, ainda vão ficar mais espantadas quando me virem daqui a uns tempos, pensou baixinho enquanto acabava de beber o galão escuro. Gostava do galão escuro para arrebitar de manhã.
Ao entrar encontrou o chefe, o Dr. Alberto Martins, desculpe mas você é a Gabriela, não é verdade? Sou sim Sr. Dr., não me diga que estou assim tão diferente? Claro que está, nem parece a mesma, você está uma Marilyn Monroe, Gabriela, sim senhor, que grande mudança. Tenho até medo que as pessoas olhem mais para si do que para o catálogo dos pneus, disse sorrindo. -Ora Sr. Dr. está a fazer pouco de mim. «olhe que não, Gabriela, olhe que não» disse ainda sorridente o seu chefe, fechando a porta.
Gabriela sentou-se na secretária e o telefone tocou, era a mãe a queixar-se de que ela nunca mais lá tinha aparecido em casa e pressionou-a para ir lá almoçar nesse dia , os pais faziam anos de casados e ela nem se tinha lembrado. «Tenho cozido à portuguesa, tu gostas muito desta comida, filha» - Nem pense mãe, eu comecei a fazer dieta, - então eu faço um peixe grelhado, mas vem filha, o pai ia ficar contente.
Ia, ia, assim que me vir loira dá-lhe um baque e a minha mãe, idem. Necessito coragem para esta visita, hoje não devia ter saído de casa, já me estragaram o dia.
E a loira Gabriela ficou nostálgica.

GABRIELA - Romance curto em capítulos - 2ª. parte

Gabriela!!!!, gritaram as colegas de trabalho quando viram entrar aquela mulher que elas quase não reconheciam. Estás tão loira! Gabriela simplesmente respondeu - sim, decidi mudar, agora quando perguntarem por mim, vai ser assim «por favor eu queria falar com a Srª. D. Gabriela, uma senhora loira». As amigas gargalharam, umas com alegria, outras nem tanto, mas a partir daquele momento a Gabriela era a loira, do negro de azeviche, nem uma ponta se via.
Faltava agora mostrar aos pais a sua nova imagem e isso é que ia ser mais difícil. Os pais tinham tanto orgulho na sua descendência alentejana e morena. Tinha que se preparar para tal. Pensou convidá-los para um chá numa pastelaria, mas os pais não eram de beber chás em tal sítio, talvez um jantar em sua casa, mas o resto da família estranharia pois não era habitual ela fazer isso, não era muito dada a actividades gastronómicas, a mãe sempre lhe tinha feito tudo.
Gabriela telefonava todos os dias aos pais e ia visitá-los ao domingo para o almoço em família, mas estaria lá o irmão e a cunhada e ela não estava para muitas explicações. Não sabia o que havia de fazer, iria dormir pois a noite era boa conselheira. Quando estava a retirar a maquilhagem do rosto e dos olhos, penteou a cabeleira loira e sentiu-se realizada, agora só faltava concorrer a um dos programas da televisão para mudar a maneira de vestir e ficar mais fashion. Começaria amanhã a enviar postais. Ai Gabriela, suspirou ela enquanto fechava os olhos, já deitada na cama, o sonho tinha-se tornado realidade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

GABRIELA - Romance curto em capítulos - 1ª. parte

Gabriela não era loira, mas era loira. De nascença o seu cabelo era negro de azeviche e farto muito farto. Como tinha nascido muito franzina e com uma grande cabeleira, as tias solteironas, irmãs do pai cochichavam uma com a outra: parece uma macaquinha, não acha mana?
Talvez o seu cabelo negro e farto a tivesse traumatizado, as histórias que a mãe amorosamente lhe contava todas as noites eram de princesas, loiras, muito loiras de olhos azuis e quando aparecia uma morena ela era sempre escrava ou pagã. Gabriela sonhava ser loira, mas só conseguiu que o seu desejo se concretizasse quando se tornou independente e foi morar sozinha, para os lados da Alta de Lisboa, devido ao êxito que estava a ter como relações públicas de uma empresa internacional. Nessa empresa todas as funcionárias eram loiras e Gabriela meteu as mãos à obra. Um dia à hora do almoço foi a um salão na Avenida da Liberdade e disse ao cabeleireiro, também ele loiro de cara afiada - olhe Maurice, eu quero ser loira muito loira e com caracóis para durar mais. Quando saiu de lá passadas quatro horas, era uma mulher diferente, igual ás colegas da firma e este pensamento fê-la sorrir entusiasmada enquanto bebia um café numa das pastelarias da Alexandre Herculano.

Acordar com Clarice Lispector

A Lucidez Perigosa

Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade
- essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Adormecer com Graciete Salmon

A VIDA É UMA VITRINA...

Graciette Salmon (Poetisa Paranaense)

A Vida é uma vitrina de tecidos.
A gente, por instantes,
fica de olhos perdidos
na beleza das telas deslumbrantes.
Depois, entra na loja e vai comprar.
Caixeirinha gentil, a Ilusão
vem vender ao balcão
e não se cansa de mostrar,
não se cansa
de exibir delicados,
rendilhados,
leves panos de Sonho e de Esperança.
As mãos tocam de leve
na leveza das telas.
Não vá o gesto, por mais breve,
esgarçar uma delas!
Todas tão lindas! Mas a que fascina
não está ali na grande confusão
das peças espalhadas no balcão.
E a gente diz,
num ar feliz:
"Levo daquela rósea, muito fina,
exposta na vitrina."
Logo o Destino vem (da loja é o dono)
e fala sobranceiro, com entono:
"É artigo raro.
Marca, padrão e cor: - Felicidade.
É um artigo de alta qualidade
o mais caro
de todos os tecidos.
São cortes especiais...e estão vendidos!"
...................................................................
E a gente vai comprar do áspero pano
que se encontra na seção do Desengano.

Gosto de coleccionar tinteiros














Conheço muitas pessoas que gostam de coleccionar objectos: galinhas, porcos, elefantes, patos, pintura, caixas de fósforos, escultura, ourivesaria, pedras, etc., etc., etc., eu estaria aqui uma boa meia hora a falar da vida de um coleccionador. Eu e o meu marido coleccionamos muita coisa, de forma avulsa, mas há uma colecção que levamos a sério: a dos tinteiros. Adoramos tinteiros e é uma colecção que não aumenta muito, porque os tinteiros acabaram já há muitos anos e hoje é a esferográfica que impera. Gosto de coleccionar tinteiros e objectos ligados a ele, canetas de aparo, suportes para essas canetas e todos os tinteiros que têm a ver com as mais variadas escritas.
Um tinteiro é para nele ser colocada a tinta, óbvio, mas a tinta e o aparo transformaram muita coisa na humanidade, passaram-se com eles salvo-condutos, declaram-se guerras, fizeram-se tratados de amizade e cooperação importantes na história da humanidade. No campo afectivo escreveram-se cartas de amor, cartas com notícias tristes ou alegres. escreveram-se também maravilhosos romances e poesias e partituras de grandes áreas de ópera ou sinfonias de autores famosos.
Enfim lembrei-me disto porque a Mina que é uma querida pediu a uma amiga dela, a Luísa que me oferecesse um tinteiro que ela tinha lá em casa dos anos setenta, castanho, com o respectivo mata borrão, fiquei radiante, já são mais de vinte as peças que eu tenho coleccionadas e vou colocá-las aqui para os meus amigos e amigas online verem.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Adormecer com Ferreira Gullar

TRADUZIR-SE

Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

Lince Ancho Minde (muito obrigada Minde, em minderico)

,





Ontem fui a Minde e adorei o novo Museu de Aguarela de Roque Gameiro. Numa casa de estilo português de Raul Lino, apesar de o projecto não estar assinado, mas é certamente deste arquitecto, existe uma maravilhosa colecção de aguarelas de Roque Gameiro, ilustrações para as Pupilas do Sr. reitor e outras. O museu está impecavelmente recuperado pela traça do seu neto o arquitecto Martins Barata que tive o prazer de conhecer. A Directora é uma querida e fez um trabalho notável, nesta pequena freguesia de Alcanena, abrindo o Museu com grande esforço e apoio da comunidade, criando um ateliê de tapeçaria de Minde, a nós foi-nos oferecida uma e um banco de colocar os pés para descansar. O Museu tem um pequeno centro de restauro, um centro de documentação, reservas impecavelmente arrumadas, com todos os requisitos e também uma sala de ateliê de pintura. A Associação que gere o Museu tem também mais valências: um conservatório de música, ateliê de dança, a tapeçaria, os coros etc. O projecto de recuperação do jardim foi do arquitecto Fernando Pessoa, que também lá estava ontem. Foi uma tarde muito bem passada
Esta obra feita com a comunidade é notável. Lince Ancho Maria Alzira

sábado, 17 de abril de 2010

Hoje foi um dia de grande alegria.




Hoje foi um dia de grande alegria, de manhã fui dar aulas no mestrado de museologia e os meus alunos estavam lá todos. Acho que vão fazer bons trabalhos, estavam entusiasmados e ficaram até ao fim.
De tarde fui ao aniversário da Associação Cultural Dr. Emmanuel Correia. Fez 11 anos e subsiste devido à grande calorice do João António. Além de que tem uma direcção fantástica. Hoje foi um dia muito feliz para mim. O João António em nome da direcção disse-me umas palavras muito bonitas e ofereceu-me um colar que eu adorei, escolhido pelo bom gosto da Celeste. Fiquei comovida e disse-lhes umas quantas palavras sentidas, que eles faziam parte do grupo onde eu gostei mais de estar na minha vida, porque eles são bons, sãos, calorosos, solidários, cívicos a viajar e sobretudo a ambição desmedida não habita nos seus corações e é muitas vezes a ambição que estraga a amizade e os grupos. Eu sinto que faço parte desse grupo por inteiro e sinto-me feliz em poder hoje, apesar de aposentada, trabalhar: dar aulas, formação, investigação e escrever, sem esperar nada de especial em troca, umas vezes voluntária, outras vezes a ganhar mas sempre com o mesmo entusiasmo de sempre e isso alegra-me.
No final cortámos o bolo de aniversário que eu não comi por causa da dieta e li a pedido dos sócios os versos que o Luís Gomes escreveu.
Hoje infelizmente não posso colocar aqui a imagem do colar porque a máquina não tem pilha, mas amanhã já o farei (afinal já tem pilha e vou fotografar já o colar, é que isto é tudo escrito em directo). E já agora, amigos e amigas online não querem ir em Junho aos Açores, com esta maravilhosa Associação? Serão tratados com toda a consideração e requinte: a qualidade é boa e os preços são baixos. Nós somos mais de 100 e hoje lá estavam.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Hoje disse...

Hoje disse aos meus alunos do mestrado de museologia que a criatividade é que nos salva e eles concordaram. Gosto imenso deles. Parece a 1ª. turma que tive nesta faculdade e da qual gostei muito. Acho que vão fazer bons trabalhos. Eu falarei deles quando mos entregarem. Acho que vão valer a pena.

Acordar com más notícias, não é bom


Cinzas vulcânicas obrigam a cancelar 17.000 voos na Europa. As cinzas parecem que já chegam ao Gofo da Biscaia e vários aeroportos estão encerrados, estamos numa sociedade que fica completamente desesperada quando faltam os meios de transporte, electricidade, água e alimentos e no entanto se isto acontece, uma percentagem muito significativa pertence à responsabilidade das pessoas, da maneira como destroem o ecosistema. Veremos o que vai acontecer mais. Tivemos tudo desde o ano passado, esperemos que o mês de Maio seja radioso,

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Deitei tantos foguetes com o aparecimento do sol e !!!!!


Fiquei tão contente com o aparecimento do sol e afinal chuva e mais chuva. Eu sei que em Abril águas mil, mas está demais: sismos, trombas de água, tornados, cheias. A mãe terra está a avisar. Hoje ia apanhando uma grande chuvada se não tivesse tido a sorte de ter uma boleia da minha filha M.

Quero avisar as minhas amigas e amigos online que vou começar a escrever um romance em capítulos no meu blogue, não de seguida, mas por capítulos que vão ter de permeio outras notícias.

E hoje também voltou o meu marido de Marrocos onde tinha ido leccionar umas aulas. Trouxe fotos de museus e outros monumentos que vou partilhar.

Até amanhã.

Acordar com boas notícias


«João Garcia parte rumo ao cume do Annapurna, no Nepal. É a última das 14 montanhas com mais de 8000m que lhe falta para alcançar a proeza de ser o primeiro alpinista português a conquistar os cumes mais altos de mundo. Siga aqui a aventura, diariamente.» Acompanhe diariamente http://sic.sapo.pt/online/homepage

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Adormecer com Pablo Neruda

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


terça-feira, 13 de abril de 2010

Acordar com a Primavera


O tempo tem estado bom, já vejo sol e principalmente as árvores e as flores estão a começar a despontar. No meu jardim a ameixieira está toda florida e a relva verde. Este tempo dá-me alento.
Hoje vou entrevistar antigas bombeiras de Carcavelos e também um dos mais idosos habitantes da mesma vila, que está quase perto dos cem anos. O livro está a caminhar. O centenário da associação de Bombeiros Voluntários é já para 2011.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mais duas lojas do comércio tradicional que eu recomendo

Na minha senda do comércio tradicional encontrei duas lojas maravilhosas que já existem há muito tempo em Lisboa, mas eu descobri-as agora. Foi a Pi que mas indicou. Uma é a Vitrine na Rua Augusta. Uma loja de moda, com marcas e com confecção própria. Eu comprei uma t-shirt linda, Gant. Depois fui comprar lingerie, mais à frente na mesma Rua Augusta na Langiarte, comprei o que há muito necessitava com qualidade, é do melhor e o atendimento é de 10 estrelas. Concluí as minhas compras esta semana no Corte Inglês, na secção da Helena Miró. Adoro as saias e coletes desta marca.
Uma sugestão de qualidade ajuda sempre amigas.

Acordar com Carlos Drummond de Andrade


No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra


Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida das minhas retinas, tão fatigadas,
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 11 de abril de 2010

Adormecer com Ana Luísa Amaral


RITMOS

E descascar ervilhas ao ritmo de um verso:

a prosódia da mão, a ervilha dançando

em redondilha.

Misturar ritmos em teia apertada: um vira

bem marcado pelo jazz, pas

de deux: eu, ervilha e mais ninguém

De vez em quando o salto: disco sound

o vazio pós-moderno e sem sentido

Ah! hedónica ervilha tão sozinha

debaixo do fogão!

As irmãs recuperadas ainda em anos 20

o prazer da partilha: cebola, azeite

blues desconcertantes, metamorfose em

refogados rítmicos

(Debaixo do fogão

só o silêncio frio)

ANA LUÍSA AMARAL, Minha Senhora de Quê, Quetzal Editores, Lisboa, 1999: 58

Um novo almoço e mais um filme


Hoje fui ao Magnólia no cinema Londres. Dos restaurantes com cozinha inovadora este é um dos que eu gosto mais. Bons produtos, bom serviço e óptimas ementas.. Fui com a Mina e a Zé mais a minha filha mais novas e netas. Foi um óptimo almoço.
Depois fomos ao cinema, mais um filme de guerra sobre a guerra EUA/Iraque. A verdade que todos nós sabíamos, não havia armas químicas. Não concordo nada com o que foi feito, porque a determinada altura nas guerras existem competições entre organismos do mesmo país, ordens e contra ordens e morrem os desgraçados dos populares no meio da anarquia que se instala. Anarquia e terror. O melhor daquilo tudo ainda foi os tiranos terem morrido, Saddam e Cª. O filme chama-se Green Zone - Combate pela verdade.
«2003, O sargento Roy Miller (Matt Damon) e a sua equipa de inspectores são destacados para localizar armas de destruição maciça no deserto do Iraque, onde supostamente estariam escondidas. Mas, ao chegarem ao local, ao invés de encontrarem as provas que legitimariam a entrada dos EUA em guerra, são confrontados com uma conspiração que envolve as mais altas figuras de Estado. A falta de provas e esta nova descoberta invalida toda a missão e, por esse motivo, o Pentágono tem todo o interesse em ocultar a verdade. Miller torna-se então um alvo a abater.»
Recomendo o filme e o Magnólia

Almoços, filmes, amigas e aulas


Conheci mais uns restaurantes que aconselho em Lisboa: A Castiça na Rua da Castiça ao Lumiar, um peixe grelhado óptimo. Adoro pequenos restaurantes sem pretensões onde se come bem e com comida fresca. Quem mo indicou foi a Maria José, querida amiga, que me convidou para lá almoçar.
Também aconselho o Churrasco nas portas de Santo Antão. Tem um frango muito elogiado por todos, para quem gosta e o peixe grelhado é óptimo. Fui lá almoçar com a Pi que tinha boas referências dele.
Fui ver o filme «Um sonho possível» baseado numa história verídica:
«Michael Oher (Quinton Aaron), um adolescente traumatizado e abandonado à sua sorte, tem três capacidades que o tornam muito especial: resistência, uma aptidão inata para o desporto e um instinto de protecção particularmente apurado. Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock) é uma mulher da classe alta, decidida e autoritária, mas cujo enorme coração tem sempre espaço para mais um. A força do acaso junta-os e, o que poderia ser unicamente um gesto de generosidade, torna-se no grande momento de viragem nas suas vidas...
Realizado por John Lee Hancock, o filme é baseado no livro "The Blind Side: Evolution of a Game" de Michael Lewis, sobre a história verídica do jogador de futebol americano Michael Oher que viria a tornar-se numa estrela.
Como Leigh Anne, Sandra Bullock arrebatou o Óscar de melhor actriz e o Globo de Ouro de melhor actriz dramática; o filme, entre outras distinções, foi nomeado para melhor produção pela Academia de Hollywood»
O filme é óptimo e é uma grande lição de generosidade. A não perder para quem gosta de boas causas.
Fui dar as minhas aulas no mestrado e adorei os alunos, penso que eles também gostaram de mim. Falei-lhe de museus, de objectos, de causas, mas principalmente de pessoas. Os museus são para as pessoas é preciso não nos esquecermos disto.
A semana tem-me corrido muito bem.

sábado, 10 de abril de 2010