terça-feira, 26 de maio de 2009

E acordei ainda com Borges


E acordei ainda com Borges


Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeca levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.


Copyright ©Jorge Luis Borges
Trad. para Português de Luís Eusébio


4 comentários:

história e arte disse...

Bons dias!!! obrigado pelo Borges logo d manhã, q bem m soube :))

o 18 d maio aqui foi (como quase tudo o q acontece na minha terra) fragmentado, desconexo entre as diferentes instituições q destacaram o dia.... enfim, ainda vai demorar tempo até q o conceito d trabalhar em rede seja uma realidade q não assuste :))

beij

gaivota disse...

e aqui nos deixas um poema bem bonito!
pois é, sou muito avó!!!
estas duas meninas de 4 e 2 anos, na holanda e dois meninos de 6 e 2 anos, aqui pertinho, e mais um a caminho, fins de agosto, príncipios de setembro!
bejinhos

Ilidio Soares disse...

Ana, saiba então que eu durmo com ele todas as noites...Um pequeno livro de poemas dele sobre o criado-mudo(não sei como se chama esse móvel em Portugal)me embala todas as noites. Que maravilha!bjos

teresamaremar disse...

Borges... o eternamente injustiçado do Novel.


Há três anos estive em Buenos Aires, fui a correr ao café do Borges [lindo, um espaço tirado do tempo]
Já sentada, quando o empregado se aproxima, pergunto... qual era a mesa de Borges?
Olha-me fixamente, calado um pedaço, responde "Borges era grande demais para ter uma só mesa". Seguiram-se uns segundos em que me senti completamente imbecil. Breves, porque logo ele sorriu [estou a vê-lo] e disse... Antes de cegar era esta - apontou-a -, depois aquela ali, atrás de um separador em vidro, como que fazendo uma espécie de gabinete.

Deu-me vontade de fazer um post sobre este episódio. Em memória.


Outro beijo