quinta-feira, 11 de junho de 2009

96 milhões de euros dava certamente para resolver uma boa parte do desemprego em Espanha


Que me perdoe o Cristiano Ronaldo. É português e um bom jogador sem sombra de dúvidas (apesar de eu achar que não está no seu melhor momento na selecção nacional) mas 96 milhões de euros é uma cifra escandalosa para um país como a Espanha que tem uma das taxas de desemprego mais alta da Europa. Como é que o Real Madrid tem dinheiro a este nível para comprar não só o Cristiano Ronaldo, mas também o Káká e outro na mesma época???. Como é que a Federação Internacional do Futebol consente isto, num momento de crise mundial na qual os países africanos e da América Latina sofrem com problemas de fome? Eu acho isto incrível e não sei até que ponto o dinheiro é destruidor do esforço feito pelo jogador até aqui? Na época passada estoirou um carro no valor de 300 mil euros. Será motivadora tanta facilidade? O que é que virá a seguir. As transferências de jogadores vão subir em flecha e se o Real Madrid tinha 5oo milhões de dívidas na época anterior como é que vai saldar os compromissos? O mundo não avança desta maneira, por isso é que em África, na Ásia e no leste os filhos são vendidos para serem explorados da pior maneira, por isso é que há tanto tráfico humano.
Quem está nos postos dirigentes tem que ter decência tem que tomar posições contra estes escândalos.
No caso português por exemplo porque é que temos tantos estádios e tão gigantes? Onde está o dinheiro para ser empregue no desporto desde a mais tenra idade, nas várias modalidades em termos gerais e de acesso gratuito para todo o país. Onde está a igualdade de oportunidades. Quando os meus filhos eram pequenos e mais tarde jovens adolescentes se quiseram fazer desporto eu tive de pagar. Onde está o despiste de potenciais atletas nas escolas do nosso país? Onde estão as bolsas de estudo para os nossos jovens se tiverem potencialidade para serem futuros atletas? E já não falo na música, na dança e nas artes performativas no geral. Já se passaram trinta e cinco anos após o 25 de Abril e vejam a representatividade do nosso país nos jogos olímpicos.
Penso que o governo tem que por em prática o excelente discurso de António Barreto, na cerimónia solene das comemorações do dia 10 de Junho “A sociedade e o estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. O favor ainda vence vezes demais o mérito. O endividamento de todos […] é excessivo e hipoteca a próxima geração portuguesa (...) os portugueses precisam do "exemplo" dos seus heróis — como o que hoje se comemora, Luís de Camões — "mas também dos seus dirigentes". Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista”, ao exemplo pela justiça e pela tolerância, pela “honestidade e contra a corrupção”, pela eficácia, pontualidade, atendimento público e civilidade de costumes, contra a decadência moral e cívica, pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo.»
Espero que o assombro deste discurso não caia em saco roto, porque a carapuça serviu a muita gente.

2 comentários:

gaivota disse...

olha, minha querida, neste assunto, nem comento!!!
apenas digo,como tu, que ele é fantástico, bom rapaz e bom jogador!
agora negócios destes,comprar e vender jogadores e tudo o que isto implica...
por isso não digo mais nada, concordo contigo!
beijinhos

divagarde disse...

Pois... daria para muitas vacinas em África, para matar muita fome, para...


um beijo