É necessário trabalhar muito o nosso eu ao longo da vida para se conseguir ser uma melhor pessoa e esse trabalho começa pelas pequenas coisas do quotidiano. Controlar os nossos impulsos negativos e as pequenas irritações diárias é sem sombra de dúvida um bom caminho, mas não há dúvida que existem três palavras fundamentais para tal: tolerância, compaixão, solidariedade.
Tenho estes pensamentos positivos nos dias em que me dou conta da irritação que eu sinto com certas situações: a noção de tempo dos idosos, nos bancos, nos correios, nos supermercados, nos centros de saúde, etc. e tal.
Os idosos gostam de comunicar para não se sentirem sós e enquanto actualizam a caderneta ao balcão de uma agência bancária aproveitam e falam um bocado das várias doenças que têm , no correio idem, idem aspas, aspas, compram um envelope branco na papelaria e vão comprar um selo ao balcão dos CTT, neste equipamento geralmente falam da família longínqua e estão perto de uma hora na fila de espera, nos centros de saúde o barulho é infernal e aí falam essencialmente dos medicamentos que têm em casa e daqueles que vão pedir ao médico, uns com os outros e como são na generalidade surdos gritam imenso, nos supermercados compram duas a três coisas por dia e enchem de novo as filas dos caixas, aí estão por vezes mal dispostos com a vida e protestam contra o mundo. Eu irrito-me, confesso que me irrito mas controlo os meus impulsos e ainda não me vejo nesta situação mas ela daqui a alguns anos estará igual, por isso reflito e exerço o controle sobre a minha personalidade viciada em pressão, em impaciência, fruto de uma longa vida profissional cheia de dificuldades.
No outro dia aconteceu-me a mim o que me irrita nos outros; tinha uma série de senhoras idosas e barulhentas atrás de mim na caixa do Pingo Doce e por pouca sorte o meu telefone tocou, atendi e enquanto falava paguei as compras mas não fui apressada a arrumar dentro dos sacos os produtos adquiridos. De repente tocaram-me num braço e vi uma cara com uns olhos furiosos de pescada e cabelos descolorados a dizer-me numa voz arranhada e agressiva: faz favor de arrumar as compras. O tom era tão desagradável que o meu primeiro impulso era mandar a senhora às urtigas, mas de imediato controlei os meus impulsos e arrumando rápidamente os produtos de limpeza e yogurtes acabados de comprar, ergui dois dedos em V, fiz o meu melhor sorriso e disse com uma voz cálida: paz e amor para o seu dia minha senhora.
4 comentários:
Boa tarde.
Pois realmente é preciso ter calma. Nem sempre é fácil, mas reconheço a necessidade que todos temos de comunicar e caminhando para mais idade os nossos amigos são cada vez menos e por isso a vontade de falar com o desconhecido da mercearia, café, ctt... mais tarde esses tornam-se os amigos de todos os dias, com conversas de circunstancia, mas que sabemos estão sempre lá.
Respirar fundo, sorrir e desejar um bom dia!!
Percebo-te miúda: isto não é nada fácil.
Ainda ontem, numa determinada rua de sentido único desta cidade, estou parada nos semáforos. Eu e mais 2 filas paralelas, sendo eu a primeira da minha fila. Eis que vem em minha na minha direcção, de frente para mim e a escasso metro e meio do meu utilitário um veículo
conduzido por um idoso ladeado pelo sua provecta patroa.
O meu queixo caíu e desatei a falar sozinha. Saíu-me um ou outro vernáculo despenteado... Os outros automobilistas enxotaram-no com a mão para que retrocedesse. Filmado era giro de ver.
A dona sentada ao seu lado nem se apercebeu de nada. Continuou de crista no ar, impávida e serena. Devia julgar que ia num andor...
Ele há coisas do catano. Para não dizer pior.
Beijos apressados.
Dri
hehe
outro beijo
Anad, assim que acabei de enviar o sorriso anterior, lembrei de uma coisa a que costumo responder entre o protesto e o humorado. Quando alguém atravessa, em ar de passeio, nas passadeiras de peões, costumo dizer janela fora... "minha senhora, vá lá... é uma passadeira, não uma passeadeira"
Não resisto a dizê-lo :)
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