terça-feira, 16 de junho de 2009

Paz e amor para o seu dia minha senhora.


É necessário trabalhar muito o nosso eu ao longo da vida para se conseguir ser uma melhor pessoa e esse trabalho começa pelas pequenas coisas do quotidiano. Controlar os nossos impulsos negativos e as pequenas irritações diárias é sem sombra de dúvida um bom caminho, mas não há dúvida que existem três palavras fundamentais para tal: tolerância, compaixão, solidariedade.

Tenho estes pensamentos positivos nos dias em que me dou conta da irritação que eu sinto com certas situações: a noção de tempo dos idosos, nos bancos, nos correios, nos supermercados, nos centros de saúde, etc. e tal.

Os idosos gostam de comunicar para não se sentirem sós e enquanto actualizam a caderneta ao balcão de uma agência bancária aproveitam e falam um bocado das várias doenças que têm , no correio idem, idem aspas, aspas, compram um envelope branco na papelaria e vão comprar um selo ao balcão dos CTT, neste equipamento geralmente falam da família longínqua e estão perto de uma hora na fila de espera, nos centros de saúde o barulho é infernal e aí falam essencialmente dos medicamentos que têm em casa e daqueles que vão pedir ao médico, uns com os outros e como são na generalidade surdos gritam imenso, nos supermercados compram duas a três coisas por dia e enchem de novo as filas dos caixas, aí estão por vezes mal dispostos com a vida e protestam contra o mundo. Eu irrito-me, confesso que me irrito mas controlo os meus impulsos e ainda não me vejo nesta situação mas ela daqui a alguns anos estará igual, por isso reflito e exerço o controle sobre a minha personalidade viciada em pressão, em impaciência, fruto de uma longa vida profissional cheia de dificuldades.

No outro dia aconteceu-me a mim o que me irrita nos outros; tinha uma série de senhoras idosas e barulhentas atrás de mim na caixa do Pingo Doce e por pouca sorte o meu telefone tocou, atendi e enquanto falava paguei as compras mas não fui apressada a arrumar dentro dos sacos os produtos adquiridos. De repente tocaram-me num braço e vi uma cara com uns olhos furiosos de pescada e cabelos descolorados a dizer-me numa voz arranhada e agressiva: faz favor de arrumar as compras. O tom era tão desagradável que o meu primeiro impulso era mandar a senhora às urtigas, mas de imediato controlei os meus impulsos e arrumando rápidamente os produtos de limpeza e yogurtes acabados de comprar, ergui dois dedos em V, fiz o meu melhor sorriso e disse com uma voz cálida: paz e amor para o seu dia minha senhora.

4 comentários:

Pé na estrada disse...

Boa tarde.
Pois realmente é preciso ter calma. Nem sempre é fácil, mas reconheço a necessidade que todos temos de comunicar e caminhando para mais idade os nossos amigos são cada vez menos e por isso a vontade de falar com o desconhecido da mercearia, café, ctt... mais tarde esses tornam-se os amigos de todos os dias, com conversas de circunstancia, mas que sabemos estão sempre lá.
Respirar fundo, sorrir e desejar um bom dia!!

Anónimo disse...

Percebo-te miúda: isto não é nada fácil.
Ainda ontem, numa determinada rua de sentido único desta cidade, estou parada nos semáforos. Eu e mais 2 filas paralelas, sendo eu a primeira da minha fila. Eis que vem em minha na minha direcção, de frente para mim e a escasso metro e meio do meu utilitário um veículo
conduzido por um idoso ladeado pelo sua provecta patroa.
O meu queixo caíu e desatei a falar sozinha. Saíu-me um ou outro vernáculo despenteado... Os outros automobilistas enxotaram-no com a mão para que retrocedesse. Filmado era giro de ver.
A dona sentada ao seu lado nem se apercebeu de nada. Continuou de crista no ar, impávida e serena. Devia julgar que ia num andor...
Ele há coisas do catano. Para não dizer pior.
Beijos apressados.
Dri

teresa maremar disse...

hehe

outro beijo

teresa maremar disse...

Anad, assim que acabei de enviar o sorriso anterior, lembrei de uma coisa a que costumo responder entre o protesto e o humorado. Quando alguém atravessa, em ar de passeio, nas passadeiras de peões, costumo dizer janela fora... "minha senhora, vá lá... é uma passadeira, não uma passeadeira"
Não resisto a dizê-lo :)