Há um monólogo interior em mim, já falei disso aqui uma vez, agora como estou a ler o «Barranco de Cegos», imagino as cenas, e como a descrição das mesmas pelo Alves Redol é tão realista, é fácil compreender um pouco esta identidade ribatejana e particularmente os senhores da terra, sim porque o Ribatejo tinha latifúndios, não era só no Alentejo que os havia e tal como na Comporta para a monda e ceifa do arroz vinham sanzonalmente grupos do Algarve, no Ribatejo vinham da Beira «os chamados ratinhos». No nosso país por vezes há uma análise deturpada do sofrimento do povo no Estado Novo, nas notícias, filmes, romances e análises históricas. Parece que só no Alentejo é que houve sofrimento e servidão, com todo o respeito que eu tenho pelas gentes alentejanas, pois até tenho uma costela oriunda do meu avô materno, mas não, houve sofrimento em todo o país, desde o Norte ao Sul, em termos iguais, as atitudes é que foram diferentes perante esse sofrimento, por isso se percebe que a imigração foi maior no Norte e Centro do que no Sul, uns escolheram-na, outros preferiram ficar, aqui não há juízos de valor, há simplesmente uma constatação. Aconselho vivamente a relerem os neorealistas.
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