O dia 18 de Maio - Dia internacional dos museus foi muito divertido e muito cansativo. A Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça comemorou pela primeira vez com o serviço educativo implementado, o dia 18 de Maio - dia internacional dos museus. Durante ano e meio dei formação e estruturei um serviço fazendo várias experiências educativas. Estando com a investigação em bom caminho resolvemos apresentar um programa à Câmara que engloba os mais variados projectos.
O museu vai entrar em obras apoiado e sustentado 50% pelo CREN, vai ser um lindo museu e nós estamos a partilhar o museu com os alpiarcenses. Já fiz trabalho de terreno a nível antropológico com homens e mulheres da agricultura e criação de gado nos Açores, na indústria conserveira e com pescadores em Setúbal, com pescadores e varinas de Cascais, com utentes do Centro de Saúde de Cascais, com mulheres do arroz da Comporta, com os homens do vinho de Cacavelos, com moradores da vila de Carcavelos e presentemente com bombeiros da vila de Carcavelos e com homens e mulheres, produtores do célebre melão de Almeirim que afinal é de Alpiarça . Foram os camponeses e camponesas de Alpiarça que maioritariamente cultivaram nas terras de Vila Franca esse saboroso melão.
Um projecto educativo pressupõe sempre uma grande investigação. A segunda feira passada no museu de Alpiarça foi um dia de grande satisfação, as barreiras da timidez, o entusiasmo do grupo, o prazer de estar «ali» foram evidentes. Passaram por lá desde as 9h30 às 18h30 perto de quinhentas pessoas, jovens do 2º ciclo (pois o dia da árvore foi com o pré-escolar e todo o 1º ciclo e assim negociámos com a direcção do Agrupamento Escolar a vinda do 2º ciclo ) alguns do pré-escolar, seniores e público adulto. Preparámos uma pequena sessão de história ao vivo de 45m nas salas do museu e repetimo-la oito vezes. No dia seguinte com alunos de uma turma do 10º ano realizámos uma visita interactiva acerca das características do romantismo e do naturalismo na pintura portuguesa e espanhola existente na Casa dos Patudos.
Senti-me feliz mas cansada, pois fui eu que desenvolvi o diálogo interactivo oito vezes enquanto eles caminhavam pelas salas e paravam diante das cenas históricas desenvolvidas pelos monitores do museu, serviço de educação da câmara e monitores da biblioteca. Um trabalho em rede a favor de um objectivo comum: o serviço público.
Estou realizada comigo mesma porque continuo a pegar nos projectos com paixão sem esperar como objectivo máximo, teses para apresentar, lugares para ocupar, conferências para andar a saltitar por todo o lado. Hoje estou convicta de que sempre dei muito de mim própria ao trabalho educativo e sempre estive motivada para trabalhar fossem quais fossem as situações mais incómodas para mim. A Mercearia Liberdade no Museu do Trabalho foi levada por mim e pelo meu marido para o museu e cordenei a sua montagem no meio das maiores dificuldades.
Hoje estou a trabalhar de uma forma livre e respondo às solicitações com humildade e bravura, humildade porque ninguém ensina nada a ninguém «aprendemos uns com os outros mediatizados pelo mundo», uma célebre frase do saudoso pedagogo Paulo Freire e bravura porque «as árvores morrem de pé», frase da conhecida peça «As árvores morrem de pé» de Alejandro Casona, dita por aquela grande actriz que era a Palmira Bastos. Tive oportunidade de a ver representar no Teatro Avenida que ardeu.
As acções de formação que tenho feito por esse país sempre que solicitada e os serviços educativos implementados, têm-me dado vários «filhos e filhas museológicos» que eu encontro de tempos a tempos, juntando-se a eles os mestres orientados por mim e os antigos alunos, só posso então afirmar que me sinto realizada. E só agora consigo realizar-me completamente nesta área, fazer o que quero e me apetece, sair se não me agrada, fazer investigação como deve ser, publicar livros e artigos como deve ser, fazer conferências como deve ser, realizar projectos como deve ser, porque sou livre. Com muita dificuldade e com muito sacrificio o fiz durante a minha vida profissional, pois não tinha tempo e coloquei o trabalho sempre em primeiro lugar. Disso eu tenho a mais profunda certeza.
Nesta mesma semana fiz uma conferência no âmbito da educação museal nas instituições culturais, uma peça teórica com alguns exemplos práticos, na Escola Superior de Educação onde eu dei algumas aulas de História de Arte, durante três anos. É estranho mas não senti saudades de nada, nem da cidade, nem das aulas, nem dos museus aos quais eu dei parte da minha vida, voltei a Setúbal esta semana uma outra vez por questões relacionadas com a venda da minha casa nesta cidade e estava desejosa de me ir embora. A minha amiga setubalense Maria Amália rodeia-me de tantos carinhos que por algumas horas faz-me esquecer tudo aquilo que vivi aqui.
Esta cidade é passado, realizei projectos pioneiros, dei trabalho a muita gente e ajudei outros tantos, agora já não me pertence, cada vez me desligo mais, o que aqui ficou já não pertence ao meu presente nem ao meu futuro e muitas das pessoas que cá ficaram eu quase que não as reconheço.
«Nada se olvida más despacio que una ofensa; y nada más rápido que un favor.» Martin Luther King
O museu vai entrar em obras apoiado e sustentado 50% pelo CREN, vai ser um lindo museu e nós estamos a partilhar o museu com os alpiarcenses. Já fiz trabalho de terreno a nível antropológico com homens e mulheres da agricultura e criação de gado nos Açores, na indústria conserveira e com pescadores em Setúbal, com pescadores e varinas de Cascais, com utentes do Centro de Saúde de Cascais, com mulheres do arroz da Comporta, com os homens do vinho de Cacavelos, com moradores da vila de Carcavelos e presentemente com bombeiros da vila de Carcavelos e com homens e mulheres, produtores do célebre melão de Almeirim que afinal é de Alpiarça . Foram os camponeses e camponesas de Alpiarça que maioritariamente cultivaram nas terras de Vila Franca esse saboroso melão.
Um projecto educativo pressupõe sempre uma grande investigação. A segunda feira passada no museu de Alpiarça foi um dia de grande satisfação, as barreiras da timidez, o entusiasmo do grupo, o prazer de estar «ali» foram evidentes. Passaram por lá desde as 9h30 às 18h30 perto de quinhentas pessoas, jovens do 2º ciclo (pois o dia da árvore foi com o pré-escolar e todo o 1º ciclo e assim negociámos com a direcção do Agrupamento Escolar a vinda do 2º ciclo ) alguns do pré-escolar, seniores e público adulto. Preparámos uma pequena sessão de história ao vivo de 45m nas salas do museu e repetimo-la oito vezes. No dia seguinte com alunos de uma turma do 10º ano realizámos uma visita interactiva acerca das características do romantismo e do naturalismo na pintura portuguesa e espanhola existente na Casa dos Patudos.
Senti-me feliz mas cansada, pois fui eu que desenvolvi o diálogo interactivo oito vezes enquanto eles caminhavam pelas salas e paravam diante das cenas históricas desenvolvidas pelos monitores do museu, serviço de educação da câmara e monitores da biblioteca. Um trabalho em rede a favor de um objectivo comum: o serviço público.
Estou realizada comigo mesma porque continuo a pegar nos projectos com paixão sem esperar como objectivo máximo, teses para apresentar, lugares para ocupar, conferências para andar a saltitar por todo o lado. Hoje estou convicta de que sempre dei muito de mim própria ao trabalho educativo e sempre estive motivada para trabalhar fossem quais fossem as situações mais incómodas para mim. A Mercearia Liberdade no Museu do Trabalho foi levada por mim e pelo meu marido para o museu e cordenei a sua montagem no meio das maiores dificuldades.
Hoje estou a trabalhar de uma forma livre e respondo às solicitações com humildade e bravura, humildade porque ninguém ensina nada a ninguém «aprendemos uns com os outros mediatizados pelo mundo», uma célebre frase do saudoso pedagogo Paulo Freire e bravura porque «as árvores morrem de pé», frase da conhecida peça «As árvores morrem de pé» de Alejandro Casona, dita por aquela grande actriz que era a Palmira Bastos. Tive oportunidade de a ver representar no Teatro Avenida que ardeu.
As acções de formação que tenho feito por esse país sempre que solicitada e os serviços educativos implementados, têm-me dado vários «filhos e filhas museológicos» que eu encontro de tempos a tempos, juntando-se a eles os mestres orientados por mim e os antigos alunos, só posso então afirmar que me sinto realizada. E só agora consigo realizar-me completamente nesta área, fazer o que quero e me apetece, sair se não me agrada, fazer investigação como deve ser, publicar livros e artigos como deve ser, fazer conferências como deve ser, realizar projectos como deve ser, porque sou livre. Com muita dificuldade e com muito sacrificio o fiz durante a minha vida profissional, pois não tinha tempo e coloquei o trabalho sempre em primeiro lugar. Disso eu tenho a mais profunda certeza.
Nesta mesma semana fiz uma conferência no âmbito da educação museal nas instituições culturais, uma peça teórica com alguns exemplos práticos, na Escola Superior de Educação onde eu dei algumas aulas de História de Arte, durante três anos. É estranho mas não senti saudades de nada, nem da cidade, nem das aulas, nem dos museus aos quais eu dei parte da minha vida, voltei a Setúbal esta semana uma outra vez por questões relacionadas com a venda da minha casa nesta cidade e estava desejosa de me ir embora. A minha amiga setubalense Maria Amália rodeia-me de tantos carinhos que por algumas horas faz-me esquecer tudo aquilo que vivi aqui.
Esta cidade é passado, realizei projectos pioneiros, dei trabalho a muita gente e ajudei outros tantos, agora já não me pertence, cada vez me desligo mais, o que aqui ficou já não pertence ao meu presente nem ao meu futuro e muitas das pessoas que cá ficaram eu quase que não as reconheço.
«Nada se olvida más despacio que una ofensa; y nada más rápido que un favor.» Martin Luther King
2 comentários:
um dia enormeeeeeeee, de facto, com algumas memórias de passado, outros dias, ourtos tempos
penso que é interessante celebrar o dia dos musus e ir visitá-los, há sempre algum mistério a desvendar, pena não haver muita afluência nestas situações...
bom fimde semana
beijinhos
Querida Anad
Isso não foi um dia «em cheio». Tu tens é uma vida cheia!
Futuramente, quando me reformar e me der irresistíveis ganas de afundar o meu rico traseiro num sítio fooooofo, matando pensamentos funéreos ou embebedando puerilidades no meu colo pré-senil, espero, que então, ainda mantenhas este blogue activo e a sua memória devidamente arquivada com carinho museológico... mas acessível.
É que, para me inspirar, virei cá reler o relato das tuas deambulações cívicas pós-aposentação.
Parbéns para ti miúda! Podes inchar de orgulho. Tens por onde...
Beijos temperamentais por que bem temperados.
Dri
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